Ao mesmo tempo em que o casamento é uma união, ele também é o início de uma nova etapa na vida. Os benefícios são muitos e vão desde o fato de contar com um apoio emocional, bem como poder recorrer nos momentos mais difíceis. Mas não é só isso. Cientistas apontam que homens solteiros têm duas vezes mais chances de morrer por insuficiência cardíaca dentro de cinco anos após o diagnóstico do que os casados.

Um estudo realizado com mais de 8 mil participantes da Dinamarca, comparou as taxas de mortalidade de homens solteiros e casados e os resultados mostraram que os homens solteiros, incluindo os divorciados, tinham o dobro do risco de morrer do que aqueles que eram casados.

As razões podem sim ser variadas, mas há algumas explicações plausíveis de acordo com os especialistas. Pesquisas têm mostrado que pessoas com menos laços sociais podem levar a taxas de mortalidade mais elevadas devido à falta de apoio emocional, que pode ser inevitavelmente importante em momentos de estresse ou doença.

Além disso, ter um parceiro pode significar um aumento de recursos financeiros que também poderiam ajudar no acesso a melhores serviços de saúde, bem como fornecer assistência para manter hábitos de vida saudáveis como dieta e exercícios.

Outra possível explicação, segundo Martin Tovée, da Universidade de Newcastle, na Inglaterra, sugere que o casamento pode nos tornar mais resistentes quando confrontados com situações difíceis na vida, devido ter alguém que confiamos e valorizamos, prontamente acessível em todos os momentos.

Ter alguém que você conhece muito bem e que o ama, seu parceiro, significa que há alguém que sempre o ouvirá quando a vida fica difícil. Este tipo de apoio emocional é incrivelmente importante para nossa saúde a longo prazo”, diz ele.

70% dos homens brasileiros vão ao médico por insistência da mulher

Os resultados do estudo, divulgado em 2023, batem com os dados de um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a falta de acompanhamento médico por parte dos homens 30% deles não têm o hábito de se consultarem regularmente. O Ministério da Saúde estima que três em cada dez homens não tenham o hábito de ir ao médico.

Uma pesquisa, realizada pelo Centro de Referência em Saúde do Homem, mostra que mais da metade dos pacientes do sexo masculino só procura atendimento médico em casos de problemas de saúde avançados, o que resulta num tratamento mais longo e com menores chances de cura, como no caso do câncer. Nao à toa, os números revelam historicamente que os homens vivem cerca de sete anos a menos que as mulheres.

O mais curioso é que 70% dos homens só vão ao médico regularmente acompanhados pelas mulheres e por insistência delas. Essa estatística está mais do que comprovada no dia a dia dos consultórios médicos – e não apenas dos cardiologistas.

Os próprios pacientes confirmam que quem agenda as consultas para eles são as mulheres. Além de acompanham as consultas, elas sabem exatamente o passo a passo do tratamento. Eu diria que isso acontece com 90% dos pacientes”, conta o oncologista André Sasse, presidente do Grupo SOnHe.

A saúde masculina ainda é considerada tabu e é justamente por esse motivo que as mulheres têm um papel tão importante nesse cuidado, como explica o médico. “Todos nós conhecemos um pai, um tio, um avô, um irmão ou até um marido que não se permitem ficar doentes e quando ficam, ignoram os sintomas. É histórico e não podemos fechar os olhos para essa realidade. Precisamos educar os homens a cuidarem da própria saúde”, destaca.

Benefícios do casamento para a saúde do coração

Pesquisadores da Michigan State University descobriram que o casamento está diretamente relacionado a um coração mais saudável.  Para chegar a esse valor, foram descartados outros fatores como o consumo de álcool ou remédios. Entre os motivos que poderiam explicar essa diferença, os pesquisadores elencaram a melhor saúde financeira dos casais e a maior atividade física de pais e mães nas brincadeiras com seus filhos.

Os pesquisadores hipotetizaram que a razão está no estilo de vida diverso. Pessoas casadas têm horários de sono mais regulares e atividades menos nocivas à saúde, além de um convívio social mais intenso – algo importante para manter uma boa saúde mental.

No estudo, publicado em 2018 no Journal of Marriage and Family e conduzido nas últimas duas décadas com mais de dois milhões de pessoas entre 42 e 77 anos, mostrou, ainda, que na outra ponta, os divorciados, viúvos ou os nunca casados são 42% mais propensos a sofrer de males cardiovasculares e 16% mais chances de ter doenças coronárias, como obstrução das artérias. O risco de morrer também é elevado para os não casados em 42% de doença cardíaca coronária e em 55% de acidente vascular cerebral.

De acordo com o cardiologista e coordenador do Programa de Infarto Agudo do Miocárdio do HCor (Hospital do Coração), o casamento garante suporte social, emocional e financeiro, fundamentais à saúde.

O estudo reforça o que a gente já sabia: o ser humano é uma figura altamente social e viver com outra pessoa protege contra ocorrência de doenças como as cardiovasculares. É aquele parceiro que recomenda procurar um médico ou ajuda a identificar os sintomas de alguns males”, diz o médico.

Porém independentemente de ser casado ou solteiro, para garantir um coração saudável, o fundamental é evitar os principais fatores que causam as doenças cardiovasculares, como estresse, má alimentação e sedentarismo. “A única relação da vida conjugal com a saúde do coração, é que pelo menos na teoria as pessoas casadas levariam uma vida mais regrada”, explica Dr. Piegas.

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Diga sim e proteja o seu coração!

A pesquisa da Michigan State University descobriu que pessoas casadas são capazes de viver por mais tempo e as pessoas comprometidas produziram menores índices de cortisol, o hormônio que as deixa estressadas. De acordo com os cientistas, as pessoas que são casadas ou moram com namorados são mais felizes, e experimentam menos sintomas de pressão do que pessoas solteiras.

Os pesquisadores analisaram registros de um banco de dados de mais de 2 milhões de pessoas avaliadas para doenças cardiovasculares nos EUA, com o objetivo de obter informação demográfica de pacientes e fatores cardiovasculares de risco. Depois, eles estimaram a probabilidade de doença por estado civil e analisaram a presença de doença vascular em locais diferentes dos vasos sanguíneos, como as artérias coronárias, artérias carótidas e pernas, a aorta abdominal.

Fatores de risco cardiovasculares tradicionais, como hipertensão, diabetes, tabagismo e obesidade foram semelhantes aos da população geral dos EUA, de acordo com os autores. Após o ajuste para idade, sexo, raça e outros fatores de risco cardiovasculares, os pesquisadores descobriram que o estado civil foi independentemente associado à doença cardiovascular. Estes resultados foram consistentes, tanto para homens e mulheres em todas as quatro condições”, analisa o cardiologista do HCor.

As pessoas casadas apresentaram 5% menos probabilidade de ter uma doença vascular em comparação aos solteiros. Eles também tiveram 8%, 9% e 19% menos chance de aneurisma da aorta abdominal, doença cerebrovascular e doença arterial periférica, respectivamente. As chances de doença coronariana foram menores em indivíduos casados em comparação com os viúvos e divorciados.

Por outro lado, ser divorciado ou viúvo foi associado a uma maior probabilidade de doença vascular em comparação com solteiros ou casados. Viúvos tiveram 3% mais risco de qualquer doença vascular e 7% mais de doenças nas artérias coronárias.

O divórcio foi relacionado a uma maior probabilidade de qualquer doença vascular, aneurismas abdominais aórticos, doenças nas artérias coronárias e doença cerebrovascular. Para pessoas de 50 anos ou menos, o casamento está associado a 12% menos risco de doenças vasculares em geral, índice que cai para 7% em pessoas de 51 a 60 anos e apenas 4% para as de 61 anos ou mais.

Criar conexões significativas aumentam bem-estar físico e mental

Embora sejam necessárias mais pesquisas para confirmar os resultados da pesquisa sobre a saúde de homens solteiros e casados, elas nos mostram como é importante para os indivíduos, especialmente aqueles sem família ou amigos próximos, encontrar maneiras de criar conexões significativas com outros, a fim de aumentar o bem-estar tanto mental quanto físico.

Tomar medidas para construir relacionamentos fortes, seja através da amizade ou de outra forma, poderia fazer uma diferença no mundo em termos de longevidade na vida. Caio Bittencourt, especialista em relacionamentos, acredita que o isolamento social pode sim ser a causa principal e e isso pode se dar pela falta de tempo de procurar por uma parceira.

O ser humano é uma espécie social por sua essência, tem uma grande necessidade de ter uma companhia, mas devido à correria do dia a dia e da ocupação no trabalho, muitas vezes o entretenimento e a atenção ao emocional acabam ficando de lado, levando a distúrbios mentais e consequentemente a doenças, visto que a maioria dos casos de morte é causada por estresse, excesso de cansaço, etc.”, afirma.

Não é à toa que a procura por relacionamentos na internet tem aumento cada vez mais. “Acredito que essa pode sim ser uma solução para evitar todos os transtornos causados pelo dia a dia. Um relacionamento leve e transparente pode alongar sua expectativa de vida, além de ter alguém para te dar suporte, apoiar e envelhecer ao seu lado. A felicidade emocional é necessária para vida mais tranquila!”, finaliza o especialista.

Com assessorias

 

 

 

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