Ainda de acordo com o comunicado, Fausto Silva deu entrada no hospital no dia 25 de fevereiro para preparação para um transplante de rim, “em função do agravamento de uma doença renal crônica”. Isso ocorreu “após o Einstein ter sido acionado pela Central de Transplantes do Estado de São Paulo e realizado a avaliação sobre a compatibilidade do órgão doado”.
O boletim é assinado pelos médicos Marcelino Durão, nefrologista e coordenador médico de transplante renal do Albert Einstein; Sérgio Ximenes, urologista e membro da equipe de transplante renal; o cardiologista Fernando Bacal e Miguel Cendoroglo Neto, diretor médico de serviços hospitalares e prática médica do hospital.
Faustão – que é diabético – fazia diálises desde o fim de 2023 por estar com as funções renais comprometidas. O comunicador desenvolveu problemas renais devido à insuficiência cardíaca, o que levou à necessidade de um novo transplante. Em agosto de 2023, ele passou por uma cirurgia para transplante de coração, na mesma unidade de saúde.
Durante o Carnaval na Sapucaí, o filho de Faustão, João Silva, falou sobre a recuperação do pai à revista ‘Quem’. Ele disse que, apesar da lenta recuperação, Faustão estava bem.
“Tem que ter paciência, mas a evolução é muito boa. É um processo longo, mas ele está feliz e motivado. Está tudo certo com o coração”, disse o também apresentador.
Fila única de transplante do rim tem mais de 35 mil pessoas
De acordo com o Censo de 2021 da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), a hemodiálise já é uma realidade para mais de 148 mil brasileiros, enquanto a fila de espera por transplante renal ultrapassa 35 mil pessoas.
Desta vez, Faustão teria esperado cerca de dois meses na fila do transplante. Mas em nota a Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo informou que ele era o paciente de número 13 na fila e entrou em 6 de fevereiro – ou seja, esperou na fila apenas 20 dias.
Conforme dados do Ministério da Saúde, o transplante de rim é um dos mais requisitados no Brasil, representando cerca de 70% do total de transplantes de órgãos. Em números absolutos, o País ocupa a terceira posição mundial entre os maiores transplantadores de rim.
Especialistas afirmam que as maiores causas de falência renal no Brasil e no mundo são a hipertensão arterial e o diabetes mellitus. Assim, quando os rins não funcionam, é necessária uma terapia de substituição renal para manter a pessoa viva. As mais conhecidas são a diálise e, quando esta já não funciona mais, o transplante renal.
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Transplante renal é complexo, mas é melhor do que hemodiálise, diz especialista
“O transplante renal é um tratamento complexo, multidisciplinar, realizado em pacientes graves, ou seja, tem tudo pra dar errado. Mas ainda assim é melhor do que a hemodiálise. Os pacientes transplantados têm maior sobrevida, melhor qualidade de vida e geram um menor custo de tratamento”, compara o médico urologista Heleno Diegues Paes.
Segundo ele, a sobrevida de um rim de doador falecido é em média de uns 10 anos, enquanto o de um doador vivo pode chegar até 20 anos”. Mas quem pode doar rim e quem pode receber?
“Toda pessoa que entra em um programa de diálise, pode ser candidata a transplante renal. A condição essencial é ter uma condição de saúde mínima para sobreviver à cirurgia. A pessoa não pode ter infecções ativas e precisa de vasos sanguíneos e bexiga em boas condições para receber o novo órgão”, afirma Paes.
O processo de seleção de um doador compatível passa por várias etapas. O doador vivo precisa ter boa saúde, ter dois rins bons, não apresentar doenças que poderiam futuramente danificar os rins e ter imuno-compatibilidade com o receptor. Para isto, o receptor apresenta os candidatos à doação ao seu médico que fará a avaliação e os exames necessários nestas pessoas.
“Já o doador falecido, precisa estar comprovadamente em morte encefálica. A família autorizando a doação, o paciente é levado ao centro cirúrgico para a extração dos órgãos e seu condicionamento em solução de preservação. São realizados testes de compatibilidade com os candidatos da fila de espera para verificar quem é o próximo da fila que seja compatível com aquele doador”, esclarece o médico.
Confirmado que o transplante será feito, é realizada a avaliação médica inicial e exames pré-operatórios quando houver um doador no radar. No caso de doadores vivos o processo é calmo, pois será uma cirurgia eletiva com horário agendado. Já no caso do doador falecido, será uma cirurgia de urgência, não programada, onde o receptor é pego de surpresa. Isso é sempre avaliado pela equipe e preparado em poucas horas para a cirurgia.
Complicações que podem ser causadas pelo transplante renal
Após a operação, o paciente ficará internado por cerca de sete dias ou mais, onde é iniciada a imunossupressão que será mantida por toda vida útil do novo órgão.
”A pessoa deverá evitar esforços por pelo menos três meses para evitar complicações da ferida operatória. Manter higiene e bons hábitos de cuidados pessoais ajudarão a minimizar o risco de infecções oportunistas”, orienta Paes.
O médico alerte que o transplante de rim requer muitos cuidados. As complicações podem ser precoces, inerentes a cirurgia que acabara de ser realizada, ou mais tardias. A rejeição do órgão é algo que pode ocorrer em qualquer fase do tratamento.
Dentre as complicações precoces, o Dr. Heleno Paes cita as fístulas ou vazamentos urinários, sangramentos, hérnias incisionais, problemas vasculares. Dentre as tardias, temos aquelas mais ligadas a imunossupressão como as infecções, surgimento de tumores e a rejeição crônica.
E mesmo com toda monitoração da função renal que é feita após a cirurgia, com exames de sangue, controle de efeitos indesejados dos remédios usados na imunossupressão, tratamento de infecções e controle de doenças crônicas, é importante que o paciente tenha cuidados redobrados com a saúde, mantendo o peso corporal, uma rotina de exercícios, dieta equilibrada e uma boa hidratação.
Relembre o transplante de Faustão
Gravidade dos casos determina prioridade na fila do transplante
Faustão passou por um transplante de coração em tempo recorde, no final de agosto de 2023, após permanecer 20 dias internado no mesmo hospital para tratar a insuficiência cardíaca. Devido à gravidade do seu quadro, teve prioridade na fila única de transplante do Sistema Único de Saúde (SUS).
Na ocasião, o Ministério da Saúde informou que a gravidade do caso é um dos principais critérios para a prioridade de um paciente na fila do transplante. Segundo boletins médicos divulgados na ocasião, Faustão estava fazendo diálise para ajudar no funcionamento dos rins e usando medicamentos para ajudar o coração a bombear sangue.
A Central de Transplantes do Estado de São Paulo contatou o Hospital Albert Einstein para informar sobre o novo coração. Conforme a Central, o sistema localizou 12 pacientes que atendiam aos requisitos para o transplante. Faustão, no entanto, ocupava o segundo lugar entre os casos prioritários.
Após o procedimento, o apresentador tornou-se um defensor da campanha por mais doações de órgãos no Brasil. Nos meses seguintes ao transplante, Faustão passou por várias análises clínicas para avaliar a adaptação do novo órgão pelo organismo e verificar a possibilidade de rejeição, que pode acontecer em alguns casos.
Após a realização da cirurgia e a alta, ele gravou um vídeo de casa e disse que estava uma segunda fase, no tratamento, que inclui mais dois ou três meses de fisioterapia para a recuperação completa.
Quem foi o doador do coração que bate no peito de Fausto Silva
Faustão recebeu o coração de Fábio Cordeiro da Silva, morador da cidade de Santos, em São Paulo, que morreu vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) isquêmico, enquanto trabalhava como azulejista. Além do coração, a família do atleta autorizou a doação de outros órgãos.
Fábio era jogador de futebol de várzea e muito conhecido no litoral paulista, por suas passagens por clubes de diversas cidades, como Praia Grande, Itanhaém e São Vicente. Sonhava em ser atleta profissional e chegou a fazer testes em grandes times, como o Palmeiras. Além do futebol, Fábio praticava surf e capoeira.
“Sinto como se o meu coração batesse ainda mais forte, é uma sensação única. Tiveram que tirar um monte de entulho de dentro de mim, e colocaram um coração novo, de um garotão de 35 anos. É algo que me faz sentir muito vivo”, disse Faustão em entrevista, na época.
Com informações de Agências e Assessorias (atualizada em 27/2/24, às 18h)