O apresentador Fausto Silva, de 73 anos, recebeu alta neste domingo (10) do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, apenas duas semanas após passar por um transplante de coração, depois de ficar 7 dias na fila de espera do Sistema Único de Saúde (SUS). Já em casa, Faustão gravou um vídeo para o Instagram @faustaodomeucoracao – perfil criado pela mulher, que já conta com mais de 164 mil seguidores – onde reafirmou seu compromisso com uma ampla campanha nacional para ampliar a doação de órgãos no país.
“A missão agora é conscientizar cada um a colaborar, para que todo mundo transforme o Brasil em campeão de doadores. E que as autoridades espalhem centros [de doação de órgãos] pelo país, para não ficar um cara do Norte ou Nordeste, ter que vir para o Sudeste [em busca de um órgão]”.
Ele também incentivou as pessoas que estão na fila para transplante e citou a enteada de seu filho, que também passou por um transplante neste ano, como inspiração.
“Quero dizer que a inspiração deste transplante para mim foi de uma garota de 12 anos, Anne Garneiro, que ela ficou seis meses esperando. Eu tive mais sorte com a questão do meu tipo de sangue, e ela ficou durante seis meses na espera, já foi transplantada em janeiro do ano passado, e hoje está muito bem, uma vitalidade incrível. (..). e Não desista. Vale a pena o sonho. É impressionante como você pode esperar o tempo que for”.
Faustão aproveitou para demonstrar novamente sua gratidão aos profissionais de saúde envolvidos e o apoio dos fãs que rezaram por sua saúde. “Alô, galera. Já saí do hospital, estou em casa, agora iniciando uma nova fase. Mas antes, de novo, agradecimento eterno a cada um de vocês que rezaram, fizeram mensagens de solidariedade e de apoio. Tudo isso me ajudou muito nessa luta pela vida.Eterna gratidão a todos vocês e vamos à luta”, disse.
Faustão também deixou uma mensagem para os médicos que o acompanharam, numa postagem à parte. “Foi lindo ver a emoção de vocês na alta. Relação de amizade e de muita admiração. Gratidão eterna”, disse em publicação no Instagram, direcionando agradecimentos também ao Sistema Único de Saúde. “Continuem adiante e parabéns pelo lindo trabalho que fazem no Incor [Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP] pelo SUS, assim como no Hospital Albert Einstein”.
Segundo o boletim médico, ele “continuará sob as orientações médicas e nutricionais necessárias” para concluir a reabilitação do transplante de coração. De acordo com a equipe médica, Faustão não apresenta sinais de rejeição ao órgão e está com a função cardíaca normal. Na sexta-feira (8), ele foi transferido da unidade de tratamento intensiva para o quarto. A próxima fase do tratamento inclui mais dois ou três meses de fisioterapia para a recuperação total.
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Agradecimentos à família do doador
Faustão também voltou a agradecer à família do doador que salvou a sua vida, o jogador de futebol de várzea, Fábio Cordeiro da Silva, que faleceu em 26 de agosto devido a um Acidente Vascular Cerebral (AVC). : “Agradecer à família do doador, a quem não tenho palavras. Vou rezar por eles pelo resto da minha vida”.
O apresentador foi incluído na fila de transplantes administrada pela Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo após o agravamento de um quadro de insuficiência cardíaca, que ele apresentava desde 2020. Ele estava internado desde 5 de agosto em razão da doença, sendo obrigado a tomar medicações e fazer hemodiálise. Faustão recebeu a doação apenas uma semana depois de ter seu nome incluído na lista, o que surpreendeu muita gente e causou polêmica.
A complexa cirurgia cardíaca não somente devolveu a Faustão a oportunidade de continuar com seus projetos de vida e carreira, mas também jogou luz sobre o funcionamento dos transplantes no país. Os médicos responsáveis, Fábio Gaiotto e Fernando Bacal, ressaltaram a importância do caso para o esclarecimento da população, principalmente em face de informações falsas que circulavam sobre Faustão ter “furado a fila” do SUS. “Nunca se falou tanto de transplante”, afirmaram.
Compatibilidade é essencial nos transplantes
Em doações de órgãos e transplantes como do de coração realizado pelo apresentador Fausto Silva, são feitos vários exames antes e depois da cirurgia sobre a compatibilidade entre o órgão do doador e a pessoa que vai receber o órgão. Entre eles, é de rotina antes do transplante a análise do tecido extraído do órgão, que é feita por um médico patologista, como uma das formas de avaliar o se o órgão é viável para ser transplantado
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“O papel do médico patologista é fundamental para definir, em muitos casos de transplante, se o órgão está viável para ser transplantado”, diz o presidente da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), Dr. Clóvis Klock.
Diversos critérios entram para saber quem receberá o órgão e terá o transplante. A gravidade é o principal, mas não é o único, já que não adianta para quem precisa de um órgão, receber um de doador incompatível. Um exemplo mais conhecido de compatibilidade é o do grupo sanguíneo, mas também existes outras formas para avaliar a compatibilidade entre o doador e o receptor.
“Mesmo após o transplante, é comum haver biópsias, que são extração de tecido do órgão transplantado, para que o médico patologista possa avaliar se há rejeição no nível do tecido do órgão e como está a adaptação”.
Não é um processo simples. Os transplantados devem tomar imunossupressores para combater a rejeição por toda a vida após o transplante. Mas o transplante é um método muito bem-sucedido de salvar vidas ou melhorar a qualidade dela para quem está com um órgão que já não funciona bem, e para vários deles, não só o coração, mas uma longa lista que inclui fígado, rins, córneas e outros.
Campanha Setembro Verde
Em todos os casos, o transplante depende da doação. Há mais gente precisando de doadores para terem os seus transplantes. Assim, a Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) participa da campanha Setembro Verde, de conscientização e incentivo à doação de órgãos. A campanha é originada no Dia Nacional de Doação de Órgãos, 27/9.
“Pedimos que as pessoas pensem com carinho sobre o tema. Um doador é alguém que salva vidas, como no caso do coração, ou, no mínimo, alguém que melhora muito a vida de alguém, como a de quem não pode enxergar, mas volta a ver pela doação de córneas”, diz o Dr. Klock.
Fonte: Agência Brasil, Portal Terra e SBP
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