Médicos questionam redução do isolamento para 5 dias

Para infectologista, mudança pelo Ministério da Saúde é mais econômica do que científica, para diminuir o impacto de absenteísmo em empresas

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Apesar da vacinação, das instruções de isolamento, dos cuidados que devem ser tomados já serem de conhecimento da maioria da população, a chegada de uma nova cepa, a ômicron, pode gerar dúvidas até para quem está seguindo à risca as orientações divulgadas pela OMS (Organização Mundial da Saúde).

Uma delas diz respeito ao tempo mais adequado para isolamento em quadros sintomáticos e assintomáticos. Recentemente, o Ministério da Saúde reduziu para 5 dias o isolamento de casos por Covid-19. A medida vale para casos leves e moderados da doença que evoluem com melhora de sintomas e testagem negativa ao final do período.

Para o infectologista e diretor médico da Target Medicina de Precisão, Adelino de Melo Freire Júnior, há questionamentos técnicos de segurança em relação a mudança de 10 para 5 dias de isolamento.

“O embasamento científico para essa decisão é questionável e a motivação para essa mudança é mais econômica do que científica, já que a medida visa, principalmente, diminuir o impacto de absenteísmo em empresas. De acordo com os estudos mais relevantes, uma parcela dos doentes ainda pode transmitir a doença no quinto dia de sintomas”, afirma.

O infectologista ressalta que nos Estados Unidos, primeiro país a adotar essa medida, já há uma dificuldade em testagens, como falta de suprimentos e que isso poderá acontecer no Brasil.

O que preocupa é o Ministério da Saúde vincular a redução do tempo de isolamento a realização de testes. Anteriormente, a pessoa cumpria 10 dias de isolamento e, sem testagem, era liberada do isolamento – sendo essa orientação seguida há mais de um ano”, afirma.

O que muda, segundo ele, é justamente condicionar a liberação precoce do isolamento a uma testagem e isso pode ocasionar uma falta de testes para quem está doente. “Nosso cenário atual é de falta de insumos, falta de teste rápido e laboratórios pedindo mais prazo para entregar os resultados – o que compromete a assistência hospitalar. A cadeia de suprimentos não tem conseguido suportar e poderá comprometer a testagem de quem está doente”, afirma.

Infectologista alerta sobre uso de máscaras

Já para a infectologista Flavia Cohen, como a vacinação fez com que muitos casos sejam assintomáticos, o isolamento pode ser variado. “Os pacientes que positivaram e tiveram sintomas devem realizar a quarentena de 7 dias, no mínimo, já no quadro assintomático, é permitido que o tempo de isolamento seja reduzido a 5 dias, no mínimo”, informa.

“Mas essa orientação deve ser seguida a partir de um constante uso de máscara, que ainda é um fator extremamente protetivo. A máscara é um dos principais escudos, caso tenha tido contato com algum infectado, se isole imediatamente e faça o teste, é preciso que os cuidados continuem sendo seguidos”, adverte a especialista.

Para a infectologista o cuidado para quem já teve covid antes e contraiu novamente deve ser redobrado. “É importante estar de olho nas sequelas mais comuns, como a fadiga intensa, a perda do olfato e/ou do paladar. Apesar de não serem os sintomas oficiais da ômicron, eles ainda podem aparecer”, destaca.

Ela lembra que os sintomas são variados: uns podem sentir somente um incômodo na garganta, outros podem ficar com febre, dificultando o processo da autodetecção. “Os sintomas principais da ômicron são cansaço, dores musculares, coceira ou sensação de garganta “arranhando”, febre baixa, tosse seca”, afirma.

Isolamento: o que diz o Ministério da Saúde

De acordo com o Ministério da Saúde, desde 10 de janeiro o isolamento de casos leves e moderados de Covid-19 deverá ser feito por 7 dias, desde que não apresente sintomas respiratórios e febre, há pelo menos 24 horas e sem o uso de antitérmicos.

Aqueles que realizarem testagem (RT-PCR ou teste rápido de antígeno) para Covid-19 com resultado negativo no quinto dia, poderão sair do isolamento, antes do prazo de 7 dias, desde que não apresente sintomas respiratórios e febre, há pelo menos 24 horas, e sem o uso de antitérmicos. Se o resultado for positivo, é necessário permanecer em isolamento por 10 dias a contar do início dos sintomas.

Para aqueles que no sétimo dia ainda apresentem sintomas, é obrigatória a realização da testagem. Caso o resultado seja negativo, a pessoa deverá aguardar 24 horas sem sintomas respiratórios e febre, e sem o uso de antitérmico, para sair do isolamento.

Com o diagnóstico positivo, deverá ser mantido o isolamento por pelo menos 10 dias contados a partir do início dos sintomas, sendo liberado do isolamento desde que não apresente sintomas respiratórios e febre, e sem o uso de antitérmico, há pelo menos 24h.

Para aqueles que não realizaram a testagem até o 10º dia, mas estiverem sem sintomas respiratórios e febre, e sem o uso de antitérmico, há pelo menos 24 horas, poderá sair do isolamento ao fim do 10º dia. O entendimento de isolamento é a separação de indivíduos infectados dos não infectados durante o período de transmissibilidade da doença. É nesse prazo que é possível transmitir o vírus em condições de infectar outra pessoa.

Fonte: Ministério da Saúde e Assessorias

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