O brasileiro está perdendo qualidade na hora de dormir. Pesquisa Datafolha mostra que, em 2008, 68% dos idosos atribuíram bom ou ótimo ao sono. Esse número caiu 14% nos últimos dez anos, e no ano passado, apenas 54% dos idosos avaliaram o sono como bom ou ótimo. A falta de sono está atrelada à nova rotina do brasileiro, que trabalha e acumula cada vez demandas, ao aumento da violência, do desemprego e até mesmo de catástrofes, além do uso do aparelho celular antes de dormir.
Nesta terceira matériaa da série sobre Sono que Vida & Ação traz esta semana, especialistas alertam: os distúrbios relacionados ao sono podem atingir todas as áreas do nosso corpo e provocar até doenças cardiovasculares, que já são consideradas a principal causa de morte no país atualmente. A médica Aliciane Mota, especialista em sono do Instituto Brasiliense de Otorrinolaringologia (Iborl), explica que a perda da qualidade na hora de dormir pode afetar a memória, o coração, o cérebro e causa até impotência. “Um estudo recente provou que 33% dos pacientes apneicos tem disfunção erétil, então, é muito comum essa correlação”, afirma.
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Dormir mal pode gerar arritmia, AVC e até infarto
O cardiologista Fausto Stauffer complementa. “Dormir pouco ou mal ocasiona a liberação de substâncias adrenérgicas com aumento da frequência cardíaca, pressão arterial e até espasmos das artérias do coração. Quando dormimos mal em decorrência da apneia do sono, podemos ter arritmias, AVC e até infarto pela queda do oxigênio no sangue”.
“A curto prazo, a pessoa perde a concentração, fica ansiosa, cansada e irritada. A longo prazo, todos os sintomas a curto prazo, além de arritmias e pressão elevada. No caso de SAOS (síndrome apneia obstrutiva do sono), existem estudos que demonstram aumento da mortalidade cardiovascular”, destaca Stauffer.
Tratamento – Atualmente existem inúmeros procedimentos para resolver os problemas com o sono. O paciente pode operar o nariz, a garganta, a base da língua e até o esqueleto facial. Há ainda os aparelhos intraorais e aqueles geradores de fluxo aéreo. “Tudo isso estará sempre associado às medidas comportamentais, de perda de peso, de um modo geral, de reorganização de outras partes da saúde do paciente, que não só aquele ponto que vamos cuidar. O paciente é visto como um todo, porque os distúrbios do sono são multifatoriais”, finaliza Aliciane.
Fonte: Instituto Brasiliense de Otorrinolaringologia (Iborl)