“Eu tinha sido diagnosticado com doença de Crohn, mas esse ano descobri que não tenho. Fui mal diagnosticado”. O desabafo é do empresário e youtuber Felipe Neto, que passou três anos acreditando ter a doença. Em 2023, durante sua primeira participação no PodPah, ele surpreendeu seus fãs ao revelar que na verdade não tem a enfermidade, como chegou a suspeitar.

“Erros de diagnóstico podem ocorrer em diversas situações, especialmente em doenças com sintomas variados e que podem se sobrepor a outras condições. Por isso, é fundamental que os profissionais de saúde realizem uma avaliação minuciosa, levando em consideração não apenas os sintomas, mas também exames clínicos e resultados de testes laboratoriais para garantir um diagnóstico preciso”, afirma o gastroenterologista Alexandre Carlos, coordenador do Núcleo de Doença Inflamatória Intestinal da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (Sobed).

Já o jornalista Evaristo Costa, diagnosticado com a doença há quatro anos, chegou a ser internado na UTI em janeiro deste ano devido a complicações. Mesmo diante das adversidades, Evaristo mantém um otimismo visível, e compartilha diariamente sua jornada no Instagram, sempre destacando seu compromisso em aprender a conviver e controlar a doença de Crohn.

O jornalista Evaristo Costa chegou a ficar internado na UTI em 2024 (Foto/Reprodução | Instagram @evaristocostaoficial)

Diagnóstico pode levar mais de 5 anos

O recente testemunho de Evaristo ajudou a elucidar e desmistificar o enfrentamento dessa enfermidade que vem crescendo ano a ano no Brasil. Para se ter uma ideia, entre 2012 e 2020 as doenças inflamatórias intestinais (DIIs) deram um salto de 30,01 para 100,13 casos por 100 mil habitantes, deixando de ser classificadas como raras. Mas a falta de compreensão sobre essa doença específica ainda é um desafio, tanto para pacientes quanto para médicos.

“Às vezes o doente confunde a questão com viroses comuns, dando tempo para o quadro evoluir. A regra é: apresentou sintomas? Tem histórico familiar? Come mal? Procure um coloproctologista ou gastroenteroligista e realize exames”, pontua Lucas Boarini, coloproctologista e coordenador do Núcleo de Doença Inflamatória Intestinal do São Luiz São Caetano.

O diagnóstico de Crohn e outras DIIs geralmente envolve uma combinação de histórico médico, exame físico, exames de sangue e fezes, exames endoscópicos, entre outros. De acordo com estudo produzido em 2020, o brasileiro demora em média 62 meses, ou mais de cinco anos, para ser diagnosticado com algum dos males, fazendo com que muitas pessoas não saibam como se tratar e percam dias de trabalho ou escola.

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Doença pode levar ao uso de bolsa coletora de fezes

A doença de Crohn, que leva o nome de seu descobridor, o estadunidense Burril B. Crohn, pode causar inflamação em todo o intestino. É a mais comum entre as doenças inflamatórias intestinais (DIIS), que acometem cerca de 5 milhões de pessoas no mundo.

Por ser um conjunto de condições que afetam adultos de 15 a 40 anos e, num pico tardio, idosos de 60 a 70 anos, têm sintomas crônicos como diarreia, pus, muco e sangramento anal, bem como cólicas, gases, fraqueza, inapetência e febre.

Outra DII muito frequente é a retocolite ulcerativa, que atinge a mucosa do intestino grosso, gerando diarreia e anemia.  Ambas são multifatoriais. Os pacientes nascem com uma predisposição genética mas, de acordo com os fatores ambientais que são expostos, podem ou não desenvolvê-las. Esses fatores alteram a microbiota intestinal (bactérias, vírus e fungos naturais do corpo) promovendo agressão ao sistema imunológico.

As terapias incluem, em alguns casos, a utilização de estomas (bolsas coletoras de fezes). Durante a convalescença estão aprovados o uso dos corticoides sulfasalazina e mesalazina, além de drogas iminomoduladoras, que controlam agravos.

“Por ser incurável mas altamente tratável, esse grupo de enfermidades demanda um pronto tratamento, preponderante para impedir picos e situações extremas tais quais perfuração intestinal e estenose (fechamento do intestino), que levam à urgência cirúrgica com possibilidade de utilizar ostomia (bolsinha de intestino que é colocado externamente na barriga)”, reforça Boarini.

Mudança de hábitos de vida evita doenças

Autoimunes, as doenças inflamatórias intestinais (DIIS) exigem descoberta precoce, impedindo crises traumáticas. Para diagnosticá-las, o paciente é submetido a colonoscopia, biópsia, tomografia, ressonância e análises laboratoriais. A boa notícia é que é possível evitar essas doenças com mudança de hábitos de vida.

Algumas medidas importantes na imunização prévia à DII e à manutenção saudável do revestimento do cólon são evitar comidas ultraprocessadas, transgênicas e com conservantes químicos e consumir alimentos anti-inflamatórios e antioxidantes, como carnes brancas, frutas vermelhas, folhas verde-escuras, legumes e sementes ricas em ômega-3.

Cultivar uma dieta saudável, rica, regrada e variada junto a acompanhamentos psicológicos que controlem ansiedade e depressão, são chaves para aliviar o estresse cotidiano, principal vilão intestinal”, analisa o médico Lucas Boarini. Ele ainda recomenda manter uma rotina ativa, sem tabagismo e controlando o peso.

5 passos para não agravar as DII

Caso já tenha sofrido com alguma das DII:

  1. Evite alimentos que estão associados ao aparecimento delas;
  2. Faça exercícios físicos;
  3. Não fume;
  4. Adote uma dieta com baixo teor de gordura e com muitas fibras;
  5. Evite alimentos picantes e vegetais que aumentam a produção de gases.

Conheça personalidades que vivem com a doença de Crohn

No Maio Roxo, cresce a responsabilidade de aumentar a visibilidade e a atenção para as Doenças Inflamatórias Intestinais.  Dentro e fora do Brasil algumas celebridades que foram acometidas pela doença têm revelado suas experiências, ajudando a aumentar a conscientização sobre a condição.

Para conscientizar sobre essa condição, destacamos três personalidades que vivem com a doença de Crohn, oferecendo apoio e inspiração para aqueles que enfrentam desafios semelhantes:

O comediante Pete Davidson vive com a doença de Crohn desde os 17 anos (Foto/Reprodução: Janet Mayer – Splash News)

Pete Davidson: é um comediante e ator americano que convive com a doença de Crohn desde os 17 anos. Durante uma entrevista no The Howard Stern Show em 2018, ele mencionou que o uso de maconha medicinal tem sido útil para lidar com os sintomas da doença. Mesmo não mantendo perfis em redes sociais, Pete é conhecido por falar abertamente sobre sua condição, visando alertar outras pessoas que enfrentam a doença.

O ator Tyler James Williams (Foto/Reprodução | Instagram @willtylerjames)

Tyler James Williams: ator conhecido por seu papel em “Todo Mundo Odeia o Chris”,descobriu a doença em 2017. Em entrevista à edição americana da Men’s Health ele conta que chegou a pesar apenas 47 kg, tendo passado por uma cirurgia para reduzir o tamanho de seu órgão digestivo devido à condição.

Atualmente, o ator conseguiu recuperar seu peso e está focado em cuidar da saúde. Em uma postagem recente no Instagram, ele compartilhou: “Precisamos aprender a ouvir nossos corpos e cuidar deles melhor”.

Lorena Eltz nasceu com a doença de Crohn (Foto/Reprodução | Instagram: @lorenaeltzz)

Lorena Eltz: influenciadora brasileira de 22 anos que tem sintomas da doença desde o nascimento. Aos cinco anos, a família descobriu o motivo de seu mal-estar. Com mais de 600 mil seguidores no Instagram, Lorena compartilha sua jornada com a doença de Crohn e criou o movimento #felizcomcrohn para se fortalecer e inspirar outras pessoas. Saiba mais sobre a vida de Lorena com a doença aqui.

Com Assessorias

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