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Neste Setembro Amarelo, dedicado a ações de prevenção ao suicídio, é preciso esclarecer ainda mais sobre esse problema. Afinal, como identificar se uma pessoa está entrando em um processo de depressão, que poderia levar a esse triste quadro? Algumas frases são sinais claros de que isso está acontecendo e exige atenção especial de quem está ao redor. “Expressões como ‘sou chato’, ‘sou incompetente’, ‘serei infeliz até o final da minha vida’, nas quais a pessoa exterioriza uma visão negativa de si mesma, de sua experiência de vida e do futuro podem significar o início de um quadro de depressão”, explica Tatiane Paula Souza, psicóloga cadastrada na Doctoralia.

Segundo levantamento da Organização Mundial de Saúde (OMS), a depressão atinge cerca de 5,8% da população do Brasil, campeão da doença na América Latina. Cerca de 11,5 milhões de brasileiros sofrem do problema. A OMS estima que o número total de pessoas vivendo no mundo com depressão aumentou 18,4 % entre 2005 e 2015, atingindo em média 4,4% da população mundial.

Esta é a principal causa de incapacidade em todo o mundo e contribui de forma muito importante para a carga global de doenças. É a terceira principal causa de anos de vida perdidos por doença. No mundo, 322 milhões de pessoas apresentam o quadro. A queda da produtividade e doenças vinculadas à depressão têm um alto custo global, que a OMS calcula em um trilhão de dólares por ano.

Os números alarmantes ampliaram o debate sobre o transtorno, mas muito ainda precisa ser feito. Segundo especialistas, falar sobre o problema é um passo importante, já que muitos confundem a tristeza patológica da transitória, provocada por acontecimentos ruins, que podem acometer qualquer pessoa durante sua trajetória de vida. Para eles, é importante destacar que a tristeza por si só não caracteriza um quadro de depressão.

A tristeza é um sentimento que pode acontecer com qualquer pessoa saudável sem significar doença. A depressão tem caráter mais duradouro (pelo menos duas semanas), compromete a vida do indivíduo, varia pouco ao longo dos dias e está associada a outros sintomas. Entre eles, estão redução da energia, fatigabilidade, humor deprimido, perda de interesse em atividades antes prazerosas, diminuição da capacidade de concentração, redução da libido, alterações do sono e do apetite, redução da autoestima, pensamentos de culpa e desesperança, podendo apresentar ideação suicida.

Segundo Renata Vargens, psiquiatra da Casa de Saúde Saint Roman, no Rio de Janeiro, muitas vezes o quadro não é adequadamente identificado. “Ainda é comum acreditar que o paciente “está assim porque quer”, “é um folgado”, ou que “precisa arranjar o que fazer para sair dessa”. Falas como essas retardam a busca por ajuda especializada e o correto manejo da situação”, informa.

“A depressão pode ser um episódio único, recorrente ou mesmo ser uma fase do transtorno bipolar. De acordo com o número e a gravidade dos sintomas associados, podemos classificar a depressão em leve, moderada ou grave. O comprometimento das atividades da vida diária varia com o grau de depressão. Em situações mais graves, há risco de suicídio“, esclarece.

Tratamento com remédios e terapia

Renata informa que o tratamento pode ser psicoterápico para a as formas mais leves, porém para os quadros mais graves há indicação de tratamento medicamentoso associado a abordagens psicoterápicas. ‘Em situações mais graves, por exemplo quando há risco de suicídio ou recusa alimentar, a internação está indicada. A depressão é um quadro tratável e o diagnóstico precoce feito por profissional capacitado pode reduzir o sofrimento do indivíduo e evitar recorrências” informa.

É importante que pessoas com sintomas característicos da depressão procurem ajuda para avaliação e adequada indicação de tratamento. Trata-se de uma doença grave que pode comprometer a vida social, profissional e emocional do indivíduo. Segundo ela, o apoio da família é fundamental. “A compreensão de que se trata de uma doença auxilia na recuperação. Sem esse apoio a depressão tende a piorar.  Todos estão sujeitos a ter um quadro de depressão, considerada por alguns como o mal do século. Por isso, deve ficar atento aos sintomas, pois muitos sofrem sem saber que estão doentes”, conclui.

Tire suas dúvidas

A psicóloga Tatiane Paula Souza traz algumas orientações e recomendações sobre esta que é uma das mais devastadoras doenças da modernidade.

1 – O que diferencia a doença depressão de condições emocionais, como a tristeza?

A depressão normalmente se caracteriza por um sentimento de tristeza persistente que se reflete em sintomas físicos como alterações no sono, dificuldades na execução das tarefas cotidianas, falta de apetite ou compulsão alimentar, cansaço e falta de energia. Quando os sintomas se tornam crônicos, podem ocorrer também pensamentos suicidas e uso de substâncias psicoativas. Deprimidos também apresentam perda de interesse; atenção e concentração prejudicadas, auto-estima reduzida e sentimento de culpa e inutilidade.

2 – Uma pessoa com depressão pode se tratar apenas com o uso de medicamentos? Há tratamentos alternativos eficazes?

O diagnóstico correto da depressão deve ser realizado pelo médico psiquiatra que fará a prescrição do tratamento medicamentoso, ferramenta essencial para debelar os sintomas mais acentuados. Para tratar a doença é fundamental contar com um psicólogo especialista em saúde mental. As técnicas terapêuticas ajudam na modificação dos comportamentos prejudiciais permitindo que a pessoa consiga compreender o seu estado e, juntamente com seu psicólogo, busque estratégias de enfrentamento das situações de crise.

3 – Quais os fatores mais comuns que podem fazer a pessoa ter depressão?

Existem alguns padrões que podem desencadear a acentuação dos sintomas e, consequentemente, a evolução da doença. Entre eles estão as perdas (emprego, ente querido, status social), ambiente de trabalho hostil, bullying, estresse além de traumas físicos ou psíquicos.

4 – Como a família e pessoas próximas podem ajudar alguém com depressão?

A família deve buscar compreender a situação, conhecer a doença e não fazer julgamentos. É importante incentivar o parente deprimido a procurar ajuda médica, acompanhá-lo à consulta e colocar-se à disposição para colaborar com o tratamento prescrito. Potencialize ao máximo o afeto em torno da pessoa, evitando deixá-la sozinha e envolvendo outros membros da família. Se há evidências de pensamentos e comportamentos de suicídio, o indicado é informar imediatamente o médico psiquiatra responsável pelo paciente.

5 – A depressão ainda é tratada com preconceito por muitas pessoas. Quais atitudes de pessoas próximas podem prejudicar a recuperação de uma pessoa com depressão?

Depressão não é frescura. O fato da pessoa estar prostrada e sem energia não significa preguiça. A postura de julgamento e crítica constantes prejudica muito o paciente, não só no entendimento dos sintomas, mas também o afasta da ideia de buscar um tratamento efetivo. Infelizmente, é muito comum que a família só descubra que o parente deprimido estava precisando de ajuda quando acontecem tentativas de suicídios não concretas ou quando ocorre suicídio de fato. Depressão não se encaixa em uma classe social específica, todos nós estamos sujeitos. Ao suspeitar de qualquer padrão de comportamento que possa apresentar sinais de suicídio é preciso procurar imediatamente ajuda.

Fonte: Doctoralia eCasa de Saúde Saint Roman, com redação

 

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