A menos de um mês do Setembro Amarelo – campanha dedicado à prevenção ao suicídio -, a saúde mental de crianças e adolescentes na pós-pandemia é mais preocupante do que se imagina. Somente na rede estadual de ensino do Rio de Janeiro foram registrados neste ano 83 casos de lesões autoprovocadas e 19 casos envolvendo transtornos mentais ou uso abusivo de álcool e outras drogas.
Mas para dar conta deste cenário, nem sempre há profissionais. A Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) informa que mantém 1.140 assistentes sociais trabalhando em toda a rede de ensino estadual, que tem cerca de 700 mil alunos, mas não há psicólogos. Os números foram passados pela coordenadora de Gestão Intersetorial e Frequência Escolar da Seeduc, Bruna Gomes, que elencou ações da secretaria para a promoção da saúde mental.
“Estamos fomentando ações de caráter preventivo e de assessoramento a equipes gestoras e técnico-pedagógicas sobre como intervir. Criamos um guia para enfrentar o bullying e o cyberbullying. Precisamos instrumentalizar as escolas para que saibam lidar com estas situações”, comentou, durante audiência pública nesta quinta-feira (11/08) pela Comissão de Educação da de Janeiro (
Já nas escolas da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), que são vinculadas à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação, há somente três assistentes sociais e uma psicóloga, que está de licença-maternidade. A assistente Social Ana Paula de Oliveira, responsável pela Divisão de Inclusão da Faetec, relatou dificuldades estruturais no atendimento aos alunos da rede.
“Hoje, existem 13 alunos na Divisão de Inclusão em acompanhamento de saúde mental. Há uma dificuldade de acesso à rede de saúde mental e as famílias relatam filas de espera e problemas no atendimento. Por isso, monitoramos e encaminhamos também para o terceiro setor, por meio de ONGs ou atendimentos a preços populares”, declarou.
Escolas estaduais do Rio devem ter psicólogos
A Comissão de Educação da
“A escola não é só um repositório de conteúdo, é um espaço de convivência. Não temos a expectativa de que as escolas resolvam todos os problemas da sociedade, mas sendo um local onde se permanece por bastante tempo, é o lugar para trabalhar outras políticas públicas de forma interssetorial. Temos que garantir ações próprias que ajudem no enfrentamento de questões que dificultam que a escola realize sua função precípua”, disse.
Setores da sociedade civil participaram do debate, como o estudante Guilherme Jordão, que representava o Fórum dos Grêmios Escolares do
“Como encaminhar ao CAPSi (Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil) sem psicólogos para acompanhar? Precisamos de concurso público com urgência. Nos sentimos abandonados por não termos uma figura de escuta. Estamos fomentando ações de caráter preventivo e de assessoramento a equipes gestoras e técnico pedagógicas sobre como intervir. Precisamos instrumentalizar as escolas para que saibam lidar com estas situações”, afirmou.
Guia para enfrentar o bullying e o cyberbullying
Em abril, a Secretaria de Educação lançou o guia “A Seeduc enfrentando o Bullying e Cyberbullying”. A cartilha orienta sobre o que é bullying e o cyberbullying e quais as suas características e formas de expressão – a verbal, psicológica e moral, sexual, física e moral e a virtual –, e como a escola pode intervir preventivamente.
“Não existe uma única receita para combater o bullying, porque cada escola tem uma realidade diferente. O que a campanha pretende é apontar os caminhos para que os educadores tenham condições de intervir preventivamente no enfrentamento dessa prática que impacta diretamente na evasão, no rendimento escolar e no aumento da violência”, disse o secretário de Estado de Educação, Alexandre Valle.
O trabalho destaca, ainda, a importância da articulação intersetorial com outras políticas públicas e atores sociais priorizando a participação das comunidades escolares no processo de construção coletiva nas ações de prevenção e intervenção, o fluxo de comunicação em situação de bullying que deve ser seguido pelos gestores escolares, e onde encontrar informações sobre unidades de saúde que possam atender cada escola.
O documento também disponibiliza uma ficha de comunicação de situações de bullying, garantindo o registro das informações necessárias para a comunicação aos órgãos competentes e devidas providências. Baixe e confira o guia lançado pela Secretaria de Estado de Educação:
CARTILHA BULLYING E CYBERBULLYING
Educadores são capacitados para lidar com o problema
Na ocasião, um workshop orientou os educadores da rede estadual de ensino quanto aos novos instrumentos de trabalho disponíveis nessa área. O evento teve a participação de representantes do Ministério Público e da Defensoria Pública do Estado.
O workshop reuniu, durante dois dias, pelo canal da secretaria no Youtube, as equipes técnico-pedagógicas das unidades escolares da rede estadual de ensino, com o objetivo de orientar as escolas a trabalharem, na prática, a aplicação e o uso do Guia e também das “Diretrizes Gerais referentes à Prevenção e Protocolo de Enfrentamento Escolar da Intimidação Sistemática (Bullying e Cyberbullying)”, novos instrumentos disponíveis para os educadores.
O objetivo principal da iniciativa é desenvolver um trabalho visando propiciar um ambiente de ensino saudável e livre de abusos, junto a diferentes atores sociais, por meio de palestras, encontros, debates e outras atividades educativas elaboradas de acordo com as necessidades específicas de cada unidade escolar.
A transmissão do lançamento ocorreu pelo canal da Seeduc, no Youtube.
- Fonte: Alerj e Seeduc, com Redação
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