Parece “brincadeira” de primeiro de abril, mas a pandemia da Covid-19 vem impulsionando o crescimento de ataques virtuais e a proliferação de fake news. A manipulação psicológica é a arma para que as pessoas façam o que os cibercriminosos querem, ou então para os usuários divulgarem informações de interesse destes criminosos.

De acordo com Thiago Souza, responsável pela operação brasileira da Allot, fornecedora líder de soluções inovadoras de inteligência e segurança de rede para provedores de serviços em todo o mundo, o número de ataques e de vítimas deve crescer muito nos próximos dias.

Os cibercriminosos aproveitam momentos de grande fragilidade da população que, com medo, buscam informações sobre medidas de prevenção, como o caso da falsa doação de álcool gel ou pagamento de benefícios à população”, explica o executivo.

Um exemplo é o ataque do programa de “Auxílio Cidadão 2020”, que afirma que autônomos e a população de baixa renda têm direito a uma espécie de “auxílio coronavírus” de R$ 200 mensais, direcionando as vítimas a realizar cadastro em um site que é, na verdade, um link malicioso.

Além de aplicativos maliciosos, há também registros de domínios falsos e notícias manipuladas que podem ser em texto, vídeo ou áudio, sem contar a necessidade de milhares de brasileiros trabalharem em home office, e muitos deles sem tomar as devidas precauções relacionadas à segurança, expondo assim, informações confidenciais das empresas.

Em outro golpe, hackers enviam e-mails para possíveis vítimas se passando por um hospital e afirmando que o usuário esteve em contato com contaminados com coronavírus. Neste caso, pede-se que uma planilha em Excel anexa ao e-mail, seja preenchida e levada à instituição de saúde. Quando aberto, o arquivo executa macros e um malware é baixado e rodado na máquina da vítima, abrindo aporta para a realização de ações maliciosas.

Boatos já atingiram 2 milhões de pessoas em 10 dias

A PSafe calcula que boatos que circulam há 10 dias no Whatsapp já atingiram 2 milhões de pessoas. A empresa detectou 19 golpes e seis aplicativos maliciosos que pegam carona na pandemia e no assunto da quarentena para atrair vítimas, sempre com características semelhantes: a promessa de um suposto benefício, direcionando o usuário ao link malicioso. Alguns textos chegam a mencionar testes para saber se o usuário está com o coronavírus.

A Apura Intelligence verificou a ocorrência de 63.463 eventos potencialmente fraudulentos mencionando a palavra “coronavírus” no Brasil. Contabilizou também 2.236 sites com a mesma palavra no domínio, sem o certificado SSL (Secure Socket Layer), que confirma um ambiente seguro para navegação e compartilhamento de dados.

Milhares de mensagens que circulam nas redes sociais trazem notícias falsas sobre a situação da pandemia. Ainda segundo pesquisa da PSafe, cerca de 42,5 milhões de brasileiros já receberam ou acessaram notícias falsas sobre a Covid-19. Para quase metade dos entrevistados, o WhatsApp é o principal vetor para os boatos.

E se a ferramenta pode ser prejudicial, pode também ser a “cura”. Por meio do próprio WhatsApp (61) 99289-4640 do Ministério da Saúde, é possível verificar fake news. A OMS (Organização Mundial da Saúde) também conta com serviço via WhatsApp, para esclarecer dúvidas como métodos de prevenção, mitos e verdades, e sintomas do novo coronavírus.

Como se proteger

  • Fique atento ao incluir senhas para participação em sorteios, prêmios, bonificação de valores financeiros, vagas de emprego e temas relacionados ao coronavírus.
  • Sempre baixe aplicativos por meio das lojas oficiais. Avalie o conteúdo, os comentários dos usuários e quem o desenvolveu. Durante a instalação é necessário analisar os dados solicitados, armazenamento, localização, lista de contatos, câmera, microfone e pondere se o aplicativo realmente precisa dessa permissão.
  • É necessário estar atento a origem do link e da informação que recebemos. Recomenda-se a pesquisa em sites oficiais ou sites de busca. Ao identificar uma notícia falsa, é importante comunicar a pessoa que a encaminhou e evitar que a fake news se propague.
  • Não aceitar convite de pessoas desconhecidas nas redes sociais, que terão acesso a sua vida, seus amigos, locais que frequenta e às fotos. É importante evitar que essas informações possam ser usadas em futuros em golpes.
  • Ainda nas redes sociais, utilizar dois fatores de autenticação para o login.
  • Os criminosos têm usado ligações para realizar fraudes por chamadas, solicitando envio de pagamentos fraudulentos.
  • É preciso ser criterioso também nos e-mails e mensagens recebidas pelo WhatsApp. Não clique em links de remetentes desconhecidos.
  • Invista em plataformas de segurança, como antivírus, no computador, notebook celular.
  • Com Assessorias
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