Ela também destacou a intenção de expandir a plataforma Saúde com Ciência para o contexto internacional, propondo ao G20 que desenvolva estratégias coordenadas para proteger a saúde pública e assegurar a implementação de políticas baseadas em evidências.
A disseminação deliberada de notícias falsas não apenas contamina nossas vidas e o ambiente digital, mas também afeta diretamente a saúde das populações. A desinformação pode causar mortes, e o combate a ela salva vidas e melhora nosso entendimento. É por isso que propomos debater com o G20 para atuar no combate à desinformação”, avaliou a ministra.
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Iniciativas globais de combate à desinformação na saúde
A programação teve início com o debate ‘Combatendo a Desinformação em Saúde: Desafios e Soluções’. A reunião contou com a participação de diversos representantes e especialistas de saúde de países do G20 e organizações como a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
Jarbas Barbosa da Silva, diretor da Opas, reforçou que a desinformação ameaça diretamente a confiança nas vacinas e destacou a importância de concentrar esforços em fontes confiáveis, como profissionais de saúde e autoridades públicas.
É fundamental direcionar as principais fontes de informação que as pessoas utilizam e em que confiam para tomar decisões sobre vacinação. Também precisamos preparar nossos profissionais de saúde”, afirmou Jarbas.
Em nome de Portugal, Cristina Rodrigues da Cruz Vaz Tomé, secretária de Estado da Gestão da Saúde, compartilhou as experiências do seu território, onde 75% da população está vacinada contra a gripe e o país tem investido em campanhas de conscientização. “Enfrentamos o desafio cultural de promover a confiança na ciência, e com um plano baseado na ciência do comportamento, temos conseguido avanços importantes”, destacou.
Parcerias, inovação e uso de inteligência artificial
Garth Graham, diretor de saúde do YouTube, detalhou ações concretas da plataforma no combate à desinformação, incluindo a marcação de conteúdos verificados e o uso de inteligência artificial para aumentar a precisão da informação. Segundo ele, campanhas de prevenção à dengue e parcerias para ampliar o alcance das informações corretas durante a pandemia de Covid-19 são exemplos de ações já em prática.
Transformamos a plataforma de saúde, rotulando informações como provenientes de fontes confiáveis, especialmente aquelas que vêm de órgãos governamentais com acreditação. Etiquetamos as informações mais confiáveis. Em relação à dengue, por exemplo, focamos em campanhas de prevenção e vacinação, incluindo exemplos do Brasil. Estamos também utilizando inteligência artificial para aumentar a qualidade da informação”, detalhou Garth.
Jagmeet, do Wellcome Trust, destacou que a confiança é um elemento chave. Ela explicou que a instituição trabalha com uma rede de pesquisadores e vozes confiáveis e que é essencial apoiar as comunidades cientificamente para alcançar a população em maior escala.
Com base em estudos recentes, ela apontou que, embora os cientistas ainda sejam amplamente confiáveis, a desinformação pode minar essa confiança. “Nossa missão é apoiar a ciência para resolver os problemas de saúde, e precisamos investir em longo prazo para promover uma relação de confiança”, afirmou.
Papel dos influenciadores e das big techs
O secretário de Políticas Digitais da Presidência da República do Brasil, João Brant, também enfatizou o papel dos influenciadores e da comunicação voltada para diferentes demografias. Segundo ele, o governo brasileiro planeja capacitar 400 mil profissionais de saúde até 2027 para atuarem como agentes de combate à desinformação.
Nossa estratégia envolve parcerias com influenciadores de ciência, como Dráuzio Varella, e o uso de plataformas para fortalecer a imunização e combater a desinformação diretamente junto à população,” explicou.
Outro ponto relevante levantado no encontro foi o papel das plataformas digitais e das big techs. Ana Estela Haddad, secretária de Saúde Digital do Brasil, defendeu a importância de dados confiáveis para fortalecer o combate às fake news, destacando o papel do DataSUS. Ela ressaltou a responsabilidade social das grandes plataformas digitais e o impacto que sua atuação tem na contenção ou disseminação de notícias falsas.
Temos um departamento DataSUS, com 30 anos que produz uma herança no conjunto de dados. Cuidar de tratar os dados esta informação seja confiável. É preciso que as bigs techs assumam suas responsabilidades sociais e tenha consciência do estrago que estão ocorrendo mundo afora”, destacou Estela.
Ao final do encontro, ficou clara a intenção dos representantes em criar uma frente unificada no G20 para o enfrentamento à desinformação. A ministra Nísia Trindade reforçou a importância de apoiar a ciência e os profissionais de saúde, propondo que o G20 fortaleça estratégias de cooperação para que, em 2025, a população mundial tenha acesso a informações precisas e confiáveis sobre vacinas e saúde pública.
Coalizão para produção regional de insumos estratégicos de saúde
- prevenção, preparação e resposta a pandemias, com foco na produção local e regional de medicamentos, vacinas e insumos estratégicos de saúde;
- saúde digital, para expansão da telessaúde, integração e análise de dados dos sistemas nacionais de saúde;
- equidade em saúde; e
- mudança do clima e saúde.
Segundo a ministra da Saúde Nísia Trindade, a criação da coalizão para produção regional de insumos estratégicos de saúde é uma das principais propostas à frente do G20. A medida é mais um esforço da saúde para implementar a Aliança contra a Fome e a Pobreza.
A coalizão será fundamental para garantir que todos os países tenham acesso equitativo a vacinas e medicamentos, promovendo inovação justa e acessível”, destaca.
A expectativa é que, ao final das discussões, seja firmado uma declaração ministerial sobre mudanças climáticas e saúde, abordando formas de adaptar políticas a esta nova realidade.
A ideia é definir um compromisso que considere as especificidades de cada país, apoiando a produção industrial de saúde com menos emissões e promovendo a reconstrução de sistemas de saúde em áreas de maior vulnerabilidade social.
Na quarta-feira (30), a ministra Nísia Trindade conversa com jornalistas sobre mudanças climáticas, saúde e perspectivas para a COP30. A programação da Reunião de Ministros de Saúde do G20 inclui, ainda, temas como resistência antimicrobiana, telessaúde e integração dos dados de sistemas nacionais.
Mais sobre o Saúde com Ciência
O Saúde com Ciência completou um ano de atuação no último dia 24 de outubro como uma plataforma interministerial brasileira focada no enfrentamento à desinformação, especialmente sobre vacinas, e busca garantir que a população tenha acesso a informações confiáveis, provenientes de fontes acreditadas e órgãos governamentais.
A iniciativa surgiu em resposta ao crescimento de conteúdos falsos e prejudiciais nas redes sociais, especialmente no contexto das campanhas de vacinação. O programa é coordenado pelo Ministério da Saúde em parceria com a Secretaria de Comunicação (Secom), a Advocacia-Geral da União (AGU), o Ministério da Justiça e outros órgãos federais.
Com informações do Ministério da Saúde
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