O tabagismo é um importante fator de risco para doenças crônicas não transmissíveis, como problemas cardiovasculares, doenças respiratórias, diabetes e, o mais grave, câncer de pulmão. A semana dedicada ao Dia Mundial sem Tabaco (31 de maio) traz a preocupação de que o cigarro industrial é o principal risco evitável para o câncer, principalmente o de pulmão.

Estudos revelam que a ocorrência de câncer seria 30% menor se não existisse o hábito do fumo e as taxas podem chegar a 40% caso o paciente não seja tabagista.  A preocupação mais conhecida é com o câncer de pulmão porque o cigarro industrial proporciona o contato da fumaça do tabaco em todo o órgão.

Segundo o oncologista torácico Carlos Gil Ferreira, presidente do Instituto Oncoclínicas, a maioria dos pacientes diagnosticados com a doença é ou já foi fumante. “Quem fuma também é mais vulnerável a desenvolver um quadro grave da Covid-19, uma vez que têm o pulmão mais comprometido”, diz o médico.

Os dados refletem uma realidade impressionante. Antes de o cigarro ser tão difundido na sociedade, os casos de câncer no pulmão não eram frequentes e representavam entre 3% e 4% dos tumores malignos. A partir da década de 20, no entanto, tudo mudou.  “Esse câncer se tornou frequente entre os homens e, depois, nas mulheres, a partir dos anos 70”, afirma o pneumologista Sérgio Cortez, do CEONC Hospital do Câncer de Cascavel (PR).

Porém, de acordo com o especialista, o cigarro é um fator de risco para câncer nos órgãos que têm contato com os carcinógenos presentes na fumaça do cigarro, que tem cerca de 66 substâncias tóxicas. Sendo assim, para quem fuma, os cânceres de boca, orofaringe, traqueia e de brônquios são os principais, além do pâncreas.  

Não podemos esquecer que esta fumaça terá acesso a todos os nossos órgãos e será captada pelo sangue em nível pulmonar e distribuída para todo o nosso corpo. Por exemplo: o sangue é filtrado pelos rins e é produzida a urina que fica armazenada na bexiga. Então, a bexiga também recebe esse contato, mesmo que indireto”, explica. 

 

Portanto, parar de fumar é uma batalha que pode e deve ser vencida – mas não sem ajuda. A nicotina é considerada droga e pode levar à dependência química. “Quando a pessoa resolve parar, sofre desconfortos físicos e psicológicos que podem trazer sofrimento. Por isso, é importante procurar ajuda profissional e não julgar ou desencorajar quem está passando pelo problema”, afirma o oncologista.

Prevenção e acompanhamento

A prevenção desses tipos de câncer se dá, principalmente, com o abandono do tabagismo. Mas mesmo nos casos em que o paciente tem grande dificuldade de se livrar do vício, o médico indica que há uma espécie de monitoramento que pode indicar doenças antes mesmo de elas se tornarem graves.  

As campanhas para parar de fumar são o mais importante. Porém, recentemente, há cerca de 10 a 15 anos, começamos a fazer a tomografia computadorizada de baixa dose, que nos proporcionou um diagnóstico precoce e uma queda de aproximadamente 20% nos índices de mortalidade”, conclui o pneumologista Sérgio Cortez. 

O exame de monitoramento tem como principal objetivo estabelecer um parâmetro para possíveis tratamentos precoces, ajudando o paciente a compreender o seu estágio de saúde. Para o tratamento, existem várias técnicas que vão desde a conscientização dos malefícios do cigarro, consultas, tratamentos com terapia nicotínica e não nicotínica, vareniclina, terapia comportamental, entre outras.

Novas diretrizes de rastreamento

A Força-Tarefa de Serviços Preventivos dos Estados Unidos (USPSTF) atualizou as recomendações para detecção precoce do câncer de pulmão. No documento publicado no Journal of the American Medical Association (JAMA) em 2021, a orientação é de ampliar o grupo de pessoas que deve fazer exames anuais para a doença. O foco ainda está em fumantes, mas agora ainda mais jovens e que consomem menos cigarro, o que pode ajudar no diagnóstico precoce.

Fumantes, ou pessoas que pararam a menos de 15 anos, entre 50 – 80 anos que consumiram um maço de cigarro por dia durante um ano ou o equivalente a isso, devem fazer anualmente uma tomografia computadorizada de tórax com baixa dose de radiação. (Antes eram fumantes com 30 “anos-maço” e com idade entre 55 e 80 anos).

O câncer de pulmão é uma doença com alto índice de letalidade por causa da rápida evolução, se comparada com outros tipos de câncer e pelo diagnóstico que, na maioria dos casos, só acontece quando a doença já está em estágio avançado. A pandemia causada pelo novo coronavírus pode agravar ainda mais essa situação ao provocar um atraso em consultas e realização de exames que, para o câncer de pulmão, pode significar chances bem menores de cura”, alerta Dr. Carlos Gil Ferreira.

Riscos também para os fumantes passivos

O problema, aponta o médico, vai além de prejudicar a saúde do fumante. “Temos que lembrar que hoje fumantes ativos e passivos dividem, em grande parte do dia, ambientes fechados e os passivos acabam ficando expostos aos componentes tóxicos contidos emitidos pelo cigarro”, explica.

Por isso, é preciso reforçar não somente as ações antifumo, mas também sensibilizar sobre os danos causados pelo consumo de tabaco. “Todos os anos, são registradas mais de 1,2 milhão de não fumantes que perdem a vida por estarem expostos ao fumo passivo, de acordo com a OMS. Por isso, é importante alertar toda a sociedade e não apenas os dependentes”, explica o médico.

Tabagismo: os índices no Brasil

Apontado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), como a principal causa de mortes em todo o mundo, o tabagismo é considerado pelas autoridades de saúde o grande vilão da qualidade de vida das populações. Causador de doenças pulmonares como bronquite, enfisema, câncer de pulmão, doença coronariana (infarto e angina) e doenças cerebrovasculares (acidente vascular cerebral), ele provoca anualmente mais de 7 milhões de óbitos ao redor do mundo.

No Brasil, são registradas todos os dias cerca de 420 mortes todos os dias por causa da dependência. Em todo o ano, são mais de e 156.216 mortes que poderiam ter sido evitadas. Segundo dados do Inca, o maior peso é atribuído ao câncer, doença cardíaca e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).

Das mortes anuais causadas pelo uso do tabaco: 34.999 mortes correspondem a doenças cardíacas; 31.120 mortes por DPOC; 26.651 por outros cânceres; 23.762 por câncer de pulmão; 17.972 mortes por tabagismo passivo; 10.900 por pneumonia; 10.812 por AVC (acidente vascular cerebral).

A culpa é do cigarro: as doenças que o tabagismo causa

O cigarro possui mais de 7 mil substâncias tóxicas. Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) mostram que, no Brasil, 428 pessoas morrem por dia por causa da dependência à nicotina. São R$ 56,9 bilhões perdidos a cada ano devido a despesas médicas e perda de produtividade. São 156.216 mortes anuais que poderiam ser evitadas, se não houvesse o uso do tabaco.

Das mortes anuais causadas pelo uso do cigarro, mais de 34 mil correspondem a doenças cardíacas; mais de 31 mil mortes causadas por DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica); mais de 26 mil por outros cânceres; e outras 23.762 por câncer de pulmão. O tabagismo também é responsável por 10 mil mortes por AVC (Acidente Vascular Cerebral). 

Fator de risco para o desenvolvimento dos tipos de câncer: leucemia mieloide aguda; câncer de bexiga; câncer de pâncreas; câncer de fígado; câncer do colo do útero; câncer de esôfago; câncer de rim e ureter; câncer de laringe (cordas vocais); câncer na cavidade oral (boca); câncer de faringe (pescoço); câncer de estômago; câncer de cólon e reto; câncer de traqueia, brônquios e pulmão.

O tabagismo também está associado às doenças crônicas não transmissíveis e é um fator importante de risco para o desenvolvimento de outras doenças como tuberculose, infecções respiratórias, úlcera gastrintestinal, impotência sexual, infertilidade em mulheres e homens, osteoporose, catarata, entre outras.

Com Assessorias

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3 Comments
  • Silvana
    Silvana
    13 de agosto de 2021 at 23:36

    Minha sogra parou de fumar a 25 anos … agora aos 80 anos apareceu um pequeno tumor que aparentemente está crescendo … gostaria de saber o pôr que…

    Reply

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