Carnaval acende alerta vermelho para coronavirus

Médicos temem disseminação do vírus pelo país durante período de Carnaval, por conta da chegada de turistas estrangeiros

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Os primeiros casos de coronavirus foram registados na década de 60. No início de 2020, a infecção voltou aos holofotes por conta de uma mutação que causou a infecção de diversas pessoas em Wuhan, na China, colocando o mundo em alerta. Segundo as autoridades chinesas, a doença já foi registrada em 19 países e fez mais de nove mil vítimas, sendo 213 delas fatais. Com esse cenário, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou emergência de saúde pública de interesse internacional e deve coordenar ações de combate à doença entre diferentes autoridades e governos.

Até o momento, nenhum caso foi confirmado no Brasil. Na terça-feira, 28, o Ministério da Saúde aumentou o nível de alerta no País, subindo do 1 para o 2, em uma escala que vai até três. De acordo com o Governo Federal, o Brasil é classificado como tendo perigo iminente de entrada do vírus.
De acordo com o último boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde em 29 de janeiro, já foram notificados 43 casos suspeitos de coronavírus no País, mas apenas nove seguem em investigação nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Santa Catarina , São Paulo , Paraná e Ceará. Os demais foram descartados ou excluídos, por não se enquadrarem nos pré-requisitos definidos pela OMS.

 

Preocupação com o Carnaval no Rio de Janeiro

Para a infectologista Catarina Pallares de Almeida, membro da Doctoralia, ainda há um alto risco de o vírus chegar ao Brasil. “Neste mês, teremos o Carnaval. Nesta época do ano, muitas pessoas vêm de outros lugares do mundo para aproveitar a folia e acabam se aglomerando em blocos e festas. Como o coronavírus é transmitido, principalmente, pelo contato próximo, é possível que ocorra a disseminação no País”.

No Rio de Janeiro, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) emitiu uma nota oficial na sexta-feira (31) reafirmando que, até o momento, não registrou casos de coronavírus. Todos os registros suspeitos foram descartados pela equipe técnica da Vigilância em Saúde da SES por não apresentarem os critérios clínicos preconizados pelo Ministério da Saúde.

“O mais importante nesse momento é tranquilizar a população do nosso estado. Não há nenhum caso de coronavírus confirmado no Brasil. Importante dizer que o laboratório de referência é o nosso, do Estado, que é o Lacen, e todos os casos têm sido acompanhados em conjunto por um grupo de trabalho formado pela Secretaria Estadual de Saúde e a Fiocruz. Assim que tivermos novas notícias, informaremos. A população pode ficar tranquila, pois não nos omitiremos em falar a verdade no momento que começarmos a ter qualquer possibilidade de o vírus circular em nosso meio”, afirmou Edmar Santos.

Fiocruz se prepara para tratar casos

Referência em nível nacional para o diagnóstico de vírus respiratórios, o Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) está diretamente envolvido na resposta brasileira ao novo coronavírus (2019-nCoV). Esta semana, representantes do Ministério da Saúde visitaram a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, para conhecer as instalações do Laboratório, alinhar procedimentos técnicos de diagnóstico, como métodos e prazos, e discutir o atual cenário do novo coronavírus no mundo. Nos próximos dias, especialistas do Instituto Adolfo Lutz e Instituto Evandro Chagas serão capacitados para realização de diagnóstico específico do novo coronavírus.
Integrante há mais de 60 anos da rede global de vigilância em Influenza junto à OMS, o Laboratório tem desempenhado papel estratégico em episódios de emergência em saúde pública, incluindo a atuação na linha de frente no diagnóstico laboratorial durante os surtos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars), em 2002 e 2003, e de Influenza A (H1N1), em 2009, além de ter integrado o esforço de esclarecimento de casos suspeitos de ebola, em 2015.

É muito importante notar que o Brasil, por intermédio do Sistema Único de Saúde, já tem uma experiência bastante consolidada no enfrentamento de emergências sanitárias”, reforçou o chefe de gabinete da Fiocruz, Valcler Rangel.

Para Fernando Motta, vice-chefe do Laboratório do IOC/Fiocruz, o trabalho em conjunto desenvolvido com o Ministério da Saúde e os centros de referência regionais tem sido fundamental para o reforço da vigilância. “Seguindo nosso compromisso de atender prontamente às necessidades da sociedade brasileira, o Centro de Referência Nacional em Vírus Respiratórios da Fiocruz está preparado para responder a mais esta situação de saúde pública que demanda nossos esforços”, frisou.
Na tarde desta quinta-feira (30/1), a Fiocruz recebe a visita do assessor regional para Doenças Virais da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS), Jairo Méndez, que discutirá o treinamento de equipes técnicas de países do Cone Sul sob representação da Opas.

Entenda como surtiu o problema

No início de Janeiro, a OMS divulgou um alerta sobre um grupo de pessoas com quadro severo de Pneumonia na China, com histórico de contato com um mercado de frutos-do-mar e animais. Uma semana depois (7/1), foi identificado um novo tipo do Coronavírus (já existiam outros tipos), mas agora com um upgrade: 2019 nCoV. Os rumores têm deixado a população em alerta.

Desde o primeiro caso registrado, milhares de infecções foram confirmadas na China e em outros 18 países, alcançando quatro continentes. No Brasil, as autoridades locais investigam casos em Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná, de pacientes que apresentam sintomas do vírus e que viajaram recentemente à China. Desta forma, nos próximos dias, uma ação de cuidados especiais deve ser planejada entre autoridades, governo e, ainda, especialistas da saúde.

Muitas pessoas são infectadas com outras cepas do Coronavírus, mas dificilmente apresentam complicações. Segundo o diretor médico da Amparo Saúde, Renato Walch, o termo “nova gripe” deve ser evitado, pois pode confundir ao associar com a Gripe (Influenza), que mantém a sua sazonalidade.

Em termos mais técnicos, se trata de um RNA-vírus, de ordem nidoviridae da família Coronaviridade, normalmente hospedeiro em mamíferos e aves (intermediário)”. Ainda sob análise e estudo, o vírus pode ficar incubado por até 10 dias e, normalmente, atinge mais pessoas do gênero masculino, de 2 a 75 anos, com média de 45 anos.

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Como barrar a entrada do vírus

No Brasil estamos preocupados e torcendo para que ele não aporte por aqui, mas as perguntas são inevitáveis: estamos preparados para impor barreiras à entrada do vírus? Estamos prontos para diagnosticar e tratar os doentes?

O médico sanitarista Sérgio Zanetta, professor de Saúde Pública do Centro Universitário São Camilo – São Paulo, esclarece que “o SUS possui há 30 anos um sistema preventivo e contínuo, com protocolos rígidos para conter a entrada desse tipo de vírus no País e tratar os casos que porventura possam ter passado pelas barreiras da Vigilância Sanitária”.

Em todos os pontos de acesso ao Brasil – fronteiras, portos e aeroportos – há uma equipe da Vigilância Sanitária de prontidão 24 horas por dia, durante 365 dias do ano, para monitorar a entrada no País. Ninguém tem acesso ao território brasileiro com febre ou qualquer sintoma suspeito mesmo que não haja alarme internacional.

Um boletim diário recebido da OMS indica os países dos quais os viajantes devem receber mais atenção. Quando as emergências sanitárias acontecem, como neste momento, as ações são redobradas. Atualmente, os passageiros provenientes da China são os principais pontos de atenção.

Vale ressaltar, entretanto, que como não existe voo direto entre China e Brasil, os passageiros que aqui chegam já passaram por inspeção tão rigorosa quanto a nossa, durante suas conexões na Europa ou nos EUA, sendo submetidos nesses casos à dupla triagem.

O rastreamento dos passageiros no Brasil ocorre de forma metódica e rigorosa. Antes do desembarque as tripulações das aeronaves, por exemplo, são rotineiramente acionadas pelas equipes da Vigilância Sanitária para identificar se há alguém com algum sintoma suspeito. Em caso positivo essa pessoa é automaticamente atendida para que seja feita a anamnese.

Caso ela possa ter contraído um vírus como Coronavírus, toda aeronave poderá ser isolada até que seja feita uma triagem segura. Os passageiros suspeitos ficam em ambiente controlado até a chegada da equipe de Infectologia.

E o trabalho não para aí. Em todas as cidades brasileiras com portos e aeroportos há hospitais de referência devidamente equipados para receber esses pacientes/passageiros. As equipes de Saúde estão treinadas para esses casos.

Zanetta lembra que já houve outras situações de risco que não fugiram ao controle no Brasil, como a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, do inglês) e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS, do inglês), em 2002 e 2012, respectivamente, assim como a Gripe Suína H1N1, a Gripe Aviária e a Febre Ebola. Ele enfatiza: “existe um SUS que as pessoas não vêm, mas que protege de modo permanente e contínuo a população brasileira”.

“O trabalho desenvolvido pelo Brasil, por meio do SUS, é reconhecido pela comunidade internacional como uma das melhores barreiras epidemiológicas do mundo”, conclui o professor.

Ministério recomenda evitar viagens à China

Com o aumento do nível de alerta pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para alto em relação ao risco global do novo coronavírus, o Ministério da Saúde orienta que viagens para a China devem ser realizadas em casos de extrema necessidade. A recomendação faz parte das diretrizes publicadas no novo boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, atualizado nesta terça-feira (28), com informações para vigilância e assistência da rede pública de saúde.

Com quase três mil casos confirmados, segundo o último boletim da OMS, todo o território chinês passa a ser considerado área de transmissão ativa da doença. Com isso, as pessoas vindas desta localidade nos últimos 14 dias e que apresentem febre e sintomas respiratórios podem ser consideradas casos suspeitos. Leia o conteúdo na íntegra em saude.gov.br.

Com Assessorias

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