A cárie dentária continua a ser um problema significativo de saúde pública no Brasil, afetando milhões de pessoas e destacando a necessidade de cuidados preventivos mais eficientes. Resultados preliminares da última Pesquisa Nacional de Saúde Bucal, conduzida em parceria com o Sistema Único de Saúde (SUS) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), lançam luz sobre um persistente desafio de saúde pública no Brasil: a cárie dentária.

Segundo a pesquisa, 41,5% da população brasileira apresentava cárie, com uma média de 2,2 dentes cariados por pessoa. Esse problema é especialmente grave entre os adolescentes de 12 a 15 anos, onde a prevalência atinge assombrosos 57,4%.

Ao analisar as faixas etárias específicas, os resultados destacam a gravidade da situação em diferentes grupos. Entre as crianças de 12 anos, mais da metade (51,8%) relatou experiência de cárie, com 22,4% dos dentes apresentando cárie e 10,3% já perdidos devido à doença.

Esses números seguem alarmantes entre os adultos de 35 a 44 anos e idosos de 65 a 74 anos, indicando que a cárie permanece um problema ao longo da vida. Apesar desses números preocupantes, há uma nota positiva: uma redução de 26% na prevalência de cárie em comparação com a pesquisa SB Brasil 2010.

A cárie não escolhe idade e afeta pessoas desde a infância até a terceira idade. Se não for tratada, pode causar problemas sérios, como infecções e perda dentária,” explica  Cesar Rodrigues, cirurgião-dentista e especialista em implantes. “É um problema que vemos todos os dias no consultório, e os cuidados preventivos são fundamentais para evitar as complicações que a cárie pode causar”, acrescenta.

Sintomas da cárie

Para o dentista João Piffer, fundador da rede de clínicas odontológicas PróRir, os dados destacam a importância da educação em saúde bucal desde a infância. A cárie dentária é uma doença prevenível e controlável”, destaca.

A condição pode se manifestar por meio de diversos sintomas. A dor de dente pode variar de aguda a constante, podendo ainda ser intermitente e se intensificar ao consumir alimentos ou bebidas doces, frias ou quentes.

A sensibilidade dentária também é comum, podendo ocorrer ao toque, exposição a ar frio ou mesmo diante de mudanças bruscas de temperatura. Além disso, é possível observar o surgimento de manchas brancas, marrons ou pretas na superfície do dente, às vezes acompanhadas por furos visíveis.

O mau hálito também pode ser um indício de cárie, uma vez que a condição contribui para esse problema. Outro sintoma característico é o inchaço e a dor na gengiva ao redor do dente afetado, indicando a necessidade de atenção odontológica.

Os primeiros sinais da cárie podem ser silenciosos, com manchas brancas na superfície do dente que podem passar despercebidas. À medida que a cárie avança, no entanto, surgem sintomas mais evidentes. “A cárie inicial pode não provocar dor, mas, quando progride, o paciente pode começar a sentir uma sensibilidade ao frio, ao calor ou ao doce, além de um desconforto constante”, esclarece Dr. Cesar.

Tratamentos da cárie

Ele alerta que, sem tratamento, a cárie pode penetrar nas camadas mais profundas do dente, atingindo a polpa e causando dor intensa e até infecções graves. O tratamento da cárie dentária varia conforme a gravidade da condição. Em estágios iniciais, a restauração é frequentemente adotada, sendo realizada com resina composta ou amálgama para reparar o dano causado.

Caso a cárie tenha atingido camadas mais profundas do dente, pode ser necessária uma obturação, que envolve a remoção da parte afetada e sua substituição por um material restaurador. Em situações mais graves, como quando a estrutura do dente está comprometida, a colocação de uma coroa sobre o dente afetado pode ser indicada.

Se a cárie penetrar até a polpa do dente, pode ser necessário realizar um canal radicular para remover o nervo e a polpa infectados, preservando assim a estrutura dentária. Em casos extremos, nos quais a cárie destruiu grande parte do dente, a extração pode ser a única opção viável, sendo realizada uma exodontia para remover o dente afetado e prevenir complicações adicionais.

No estágio inicial, conseguimos reverter o processo com uma abordagem conservadora, removendo a área afetada e restaurando o dente”, explica Dr. Cesar. Ele reforça que, quanto mais cedo a cárie for tratada, menor é o risco de danos permanentes. “Mas, se a cárie atingir a polpa do dente, podemos precisar de tratamentos mais invasivos, como o tratamento de canal, para evitar a perda do dente”, completa.

Prevenção da cárie

Para Dr. Cesar, o grande desafio continua sendo a prevenção. “A cárie é uma condição evitável, mas exige uma rotina de cuidados diários. A escovação correta, o uso de fio dental e as consultas regulares ao dentista são essenciais para manter a saúde bucal em dia.” Ele enfatiza que os pais têm um papel fundamental na prevenção, especialmente para os adolescentes, que são a faixa etária mais afetada: “Orientar os jovens desde cedo a terem uma boa higiene bucal é um investimento na saúde deles para a vida toda”, diz o especialista.

  • Escove os dentes pelo menos três vezes ao dia por dois minutos, usando uma escova macia e creme dental com flúor.
  • Use fio dental diariamente para remover a placa bacteriana entre os dentes.
  • Limite o consumo de alimentos e bebidas açucaradas.
  • Faça visitas regulares ao dentista para exames e limpezas profissionais.
  • Aplique flúor tópico, como os enxaguantes bucais ou gel de flúor.

“É fundamental compreender que a saúde bucal vai além dos cuidados diários. Visitas periódicas ao cirurgião-dentista a cada seis meses são essenciais para uma avaliação profissional abrangente, detectando precocemente problemas bucais e prevenindo complicações futuras. Além da escovação e uso do fio dental, é importante adotar hábitos que promovam a saúde dos dentes, como beber bastante água para estimular a produção de saliva, e também evitar roer unhas e usar palitos de dente. Com uma boa higiene bucal e hábitos alimentares saudáveis, é possível prevenir problemas dentários e manter os dentes saudáveis ao longo da vida”, finaliza Piffer.

Alimentação equilibrada

O dentista destaca também a importância de uma alimentação equilibrada. “Reduzir o consumo de açúcares e alimentos ultraprocessados é fundamental. Esses alimentos aumentam o risco de cáries porque criam um ambiente propício para as bactérias se multiplicarem na boca”, explica Dr. Cesar. Ele ressalta que uma dieta rica em frutas, verduras e outros alimentos nutritivos ajuda a fortalecer os dentes e a prevenir o desenvolvimento de cáries.

Além dos cuidados diários, as consultas periódicas ao dentista são cruciais. “Muita gente só vai ao dentista quando sente dor, mas a prevenção é a melhor maneira de evitar problemas como a cárie. Recomendo visitas regulares, de seis em seis meses, para que o dentista possa fazer uma limpeza e identificar qualquer sinal de cárie precocemente”, aconselha Dr. Cesar.

A cárie dentária é um problema que persiste e atinge todas as idades, mas, com medidas simples, pode ser evitada. Dr. Cesar Rodrigues reforça: “Cuidar da saúde bucal é mais do que estética. É uma questão de saúde e bem-estar. Quanto mais atenção dermos aos nossos dentes, menos riscos teremos de enfrentar problemas sérios no futuro.”

53,17% das crianças não possuem cárie

Um problema de má condição de saúde bucal quase impediu o transplante de coração do mecânico Heitor Fábio. O risco de infecção dental poderia custar sua vida. Foi aí que o programa Brasil Sorridente mudou o curso dessa história.

Assim como Heitor Fábio, que foi atendido pelo programa Brasil Sorridente do governo federal, a assistente de recursos humanos Camylla Silva também conseguiu acessar o serviço de cuidado em saúde bucal pelo SUS, tanto para ela, como para seus dois filhos.

O primogênito Calleb Silva, hoje com 11 anos, afirma que aprendeu com os profissionais de saúde a escovar os dentes e a passar fio dental. “O que mais emociona é ver meus filhos crescendo com serviços de qualidade que podem ajudá-los futuramente”, conta Camylla.

A pesquisa nacional de saúde bucal SB Brasil 2020/2023 registrou que 53,17% dessas crianças não possuem cárie. O índice é 14% maior do que o resultado da última pesquisa, em 2010, quando 46,6% das crianças entrevistadas estavam livres da doença.

A pesquisa SB Brasil destaca importante crescimento de crianças de 5 anos livres de cárie nas regiões Sul (aumento de 40,7% entre 2010 e 2023), Sudeste (21,9%), Nordeste (17,1%) e Norte (11,2%), tanto nas capitais como nas cidades do interior, sendo que a Centro-oeste apresentou pequena diminuição nessa proporção (de 38,8% para 37,9%).

Principal forma de avaliar as condições de saúde bucal da população, a pesquisa ouviu mais de 40 mil pessoas foram entrevistadas e examinadas nas 27 capitais e em 403 cidades do interior de todo o país. Dessas, 7.198 são crianças de 5 anos de idade. É por meio desse estudo que os governos federal, estadual, distrital e municipal podem planejar políticas públicas com base nas necessidades reais dos brasileiros.

Com Assessorias

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