De acordo com dados da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), estima-se que em 2022 o Brasil registrou mais de 11 mil casos de câncer de rim, sendo 7 mil em homens. A previsão da agência é que, em 2045, o número de casos aumente para mais de 18 mil. A doença matou cerca de dez mil pessoas entre 2019 e 2021, no país, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).
Estima-se que em 2023 o Brasil tenha registrado mais de seis mil novos casos decâncer de rim, o que representa cerca de 3% de todos os tipos de tumores malignos urológicos. Nos últimos três anos, este tipo de câncer, que é um dos mais letais, foi responsável por 10 mil óbitos e mais de 18 mil procedimentos de nefrectomia – cirurgia para retirada de parte ou totalidade do rim – realizados pelo Sistema Único de Saúde.
Os dados chamam atenção, sobretudo no mês que marca a conscientização do câncer de rim, uma doença que afeta homens e mulheres, mas tem uma maior incidência em homens, entre 50 e 70 anos. Especialistas chamam atenção para a importância do diagnóstico precoce.
Existe um exame capaz de rastrear a doença, mas, muitas vezes a identificação da enfermidade é feita por meio de exames de rotina como ultrassom do abdômen ou tomografia, nos quais o nódulo renal é observado”, afirma a oncologista clínica Lucíola Pontes, especializada em oncogeriatria, que atua no Hospital do Coração (Hcor).
Importância do ultrassom abdominal
A diretora da SBU, Karin Anzolch, afirmou que ainda não existe uma recomendação universal para rastrear o câncer de rim em todas as pessoas, mas a ultrassonografia abdominal é um procedimento de baixo custo e não invasivo, que poderia ser incluído na rotina de check ups. “Sobretudo nos grupos de maior risco, [a ultrassonografia] pode detectar em fases iniciais a doença, possibilitando melhores índices de cura”.
Para rastrear a doença, o presidente da SBU, Luiz Otávio Torres, defende realização rotineiros de exames de ultrassom abdominal ou do aparelho urinário, que observa a situação dos rins e dos órgãos adjacentes. “Muitas vezes, a gente diagnostica um câncer de rim de forma incidental, ou seja, o exame não foi pedido para o câncer. Aquelas pessoas fizeram o ultrassom por outra razão e foi detectado um câncer”, informou.
Foi o caso de Roberto Nilo, de 72 anos, que descobriu um câncer em cada rim por meio de uma ultrassonografia de rotina. “Com a descoberta, eu fiz uma cirurgia de retirada dos tumores para conseguir manter os rins”, conta Nilo.
Pouco tempo depois, um novo tumor surgiu e Nilo recebeu a orientação médica de fazer um acompanhamento minucioso, que exigia muitos exames. A rotina no hospital era cansativa e, após seis anos, ele desistiu de fazer o acompanhamento.
Imunoterapia no câncer de rim metastático
Foi justamente durante esse período que o aposentado começou a sentir fortes dores abdominais. Na época, ele recebeu o diagnóstico (incorreto) de pneumonia.
Depois de muita investigação, descobri uma trombose no pulmão que foi desencadeada pelo câncer do rim, que já estava espalhado no meu corpo”, explica ele, que desde o ano passado faz imunoterapia em conjunto com uma droga oral conhecida como terapia alvo.
Casos como o Nilo, de câncer de rim metastático, infelizmente, não tem cura, mas o tratamento pode controlar e aliviar os sintomas e proporciona mais qualidade de vida, como .
Hoje, nós temos um cenário muito positivo no que diz respeito a tratamento, com novas combinações de imunoterapia ou terapia-alvo, e as pessoas, cada vez mais, precisam saber isso”, reforça a oncologista clínica, que também aponta a relevância do cuidado adequado e o olhar atento na faixa etária entre 60 e 70 anos.
Em alguns casos, não há necessidade de intervenção alguma, já em outros, pode ser necessária alguma cirurgia ou tratamento oncológico adicional. Neste último caso, é fundamental que o paciente faça acompanhamento em centros de saúde e tenha um monitoramento rigoroso”, explica a especialista.
Em casos iniciais, o tratamento do câncer renal costuma ser a remoção do órgão por cirurgia. No entanto, se o tumor se espalha para além do rim, tratamentos adicionais podem ser recomendados, incluindo radioterapia, terapias-alvo e imunoterapia.
Tabagismo aumenta em até 3 vezes o risco de câncer de rim
O câncer de rim é mais prevalente em homens e geralmente afeta adultos acima dos 50 anos. Alguns dos principais fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de rim são o tabagismo, a obesidade e/ou o sobrepeso e hipertensão.
O tabagismo, por exemplo, aumenta de duas a três vezes o risco de desenvolvimento da doença, já que os rins são sobrecarregados filtrando toxinas presentes na corrente sanguínea. Por isso, a importância da prática de esportes, a adoção de uma dieta alimentar saudável e de evitar cigarro”, explica o urologista Roni de Carvalho Fernandes, diretor da Escola Superior de Urologia da Sociedade Brasileira de Urologia.
A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) realiza, ao longo deste mês, uma campanha para alertar sobre o câncer de rim. A SBU usa suas redes sociais para divulgar mensagens, vídeos e transmissões ao vivo, com especialistas, para esclarecer as principais dúvidas sobre este tipo de tumor.
O problema do câncer de rim é que, em geral, ele é totalmente assintomático. O sinal mais frequente deste tipo de câncer é a presença de sangue na urina”, explica o presidente da SBU, Luiz Otávio Torres.
Uma doença silenciosa
A oncologista clínica do Hospital do Coração (Hcor) especializada em oncogeriatria, Lucíola Pontes, explica que o câncer de rim pode ser silencioso inicialmente, mas existem sinais de alerta, que podem indicar a evolução da doença.
O principal sintoma é a presença de sangue na urina e dor na lombar. Quando avança, quem tem a doença também pode sentir dor óssea e tosse persistente, por exemplo”.
Quanto a sintomas, podem incluir dores abdominais, perda de peso, sangramento urinário, hipertensão, cansaço constante e tosse persistente.
Na maioria das vezes, a doença apresenta sintomas inespecíficos. Por isso, o diagnóstico precoce é de suma importância para aumentar as chances de cura do paciente”, afirma o oncologista Denis Jardim, membro Comitê de Tumores Geniturinários da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).
Agenda Positiva
O diagnóstico precoce é fundamental para aumentar as chances de cura, conforme alerta a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), que, em parceria com a Ipsen Farmacêutica, promove a campanha Dia R – Tratar é essencial, Viver melhor é possível, em alusão aoDia Mundial do Câncer de Rim, celebrado no dia 20 deste mês.
Uma ação de conscientização acontece no dia 20 de junho, em São Paulo. A cor verde, símbolo da causa, vai colorir a Avenida Paulista – na entrada do Shopping Cidade São Paulo e no térreo do Conjunto Nacional.
Voluntários, representantes de associações de pacientes e especialistas se reunirão para compartilhar informações sobre a importância de hábitos saudáveis para evitar o desenvolvimento do câncer de rim.
Também vão orientar sobre a relevância do diagnóstico precoce e dos cuidados adequados para proporcionar mais qualidade de vida para quem convive com a doença. Serão distribuídos balões, folheto com informações, pulseiras e maçãs verdes.
Para mais informações sobre sintomas e diagnóstico, acesse o site atencaoaossinais.com.br.
Com Assessorias
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