Lidar com emoções como tristeza, raiva e angústia é um dos aprendizados de toda a vida. O caminho, que começa na infância, passa pela adolescência e chega na fase adulta, é cercado de muitas dúvidas. Como lidar com as emoções, assim como suas ações e consequências? Uma boa maneira de entender mais sobre esses sentimentos é assistindo DivertidaMente II’, animação da Disney Pixar que estreia neste dia 20 de junho no Brasil.

No filme lançado em 2015, a pequena Riley, de 11 anos de idade, tem que lidar com as emoções que a controlam: alegria, medo, tristeza, raiva e nojinho. As representações ganham vida, e apontam como é importante expressar suas emoções. Agora na continuação, Riley na adolescência vai conviver com ansiedade, tédio, vergonha e inveja, sentimentos ainda desconhecidos por ela.

O filme reflete como os adolescentes passam pelas descobertas de novas emoções e como é a sua transição para o mundo adulto. A adolescência corresponde a uma fase em que intensas e rápidas transformações que acontecem a partir da produção de hormônios que modificam o corpo da criança, que passa a expressar seu amadurecimento sexual. Isso modifica a noção que ela tem de si mesma, de sua autoimagem e de seu papel na família e na sociedade.

A professora de Psicologia do Centro Universitário São Camilo, Lydiane Fabretti explica como o início da puberdade mexe com a criança. “Há inúmeras perdas no modo como o adolescente passa a ser compreendido e tratado pelas pessoas. Surgem demandas específicas a respeito dos estudos, das escolhas vocacionais, da capacidade para o trabalho e da conquista de autonomia relativa, e elas variam nos diversos contextos socioculturais”, explicou.

Segundo ela, algumas comunidades cultivam práticas coletivas e ritualísticas que podem oferecer suporte às dúvidas e às perdas que indivíduos jovens vivem em relação aos seus antigos referenciais da infância. Na sociedade ocidental urbana há a festa de formatura e o baile de debutantes, o povo judeu tem o bar mitzvá, os grupos indígenas apresentam rituais de caça para os meninos e rituais específicos para as meninas quando têm a primeira menstruação, criando experiências emocionais que norteiam suas crenças e comportamentos sociais.

As práticas rituais mais tradicionais, podem dar continência e, de certo modo, organizar emoções direcionando o comportamento e a preparação para determinados papéis sociais e para as demandas mais complexas da vida adulta. E as crianças estão amadurecendo fisiologicamente cada vez mais cedo”, explica.

Segundo a professora, há estudos que afirmam que o tipo de alimentação e de estímulos psicológicos aos quais elas são expostas podem acelerar determinados hormônios, assim como o ritmo de vida mais acelerado e o consumo de produtos com alterações genéticas ou ultraprocessados. “Meninas que vivem em grandes cidades atualmente vêm menstruando cada vez mais cedo em comparação às que viveram no século passado”, exemplificou.

Leia mais

Divertida Mente 2: como aceitar as emoções e incertezas da vida
Divertida Mente 2: ansiedade, se não equilibrada, vira transtorno
Divertida Mente 2: ‘Não existe vida sem frustração, nojo e medo’
Divertida Mente 2: como lidar com os humores dos adolescentes?
Divertida Mente 2: como pais podem entender os filhos adolescentes?

Como os pais devem lidar com o desenvolvimento dos filhos

Ao longo da adolescência muitas crenças, relações e papéis são revistos, a personalidade continua a se desenvolver e é o período quando se inicia a autonomia relativa em relação à figura dos pais. Fazer parte de uma família é uma experiência que ocorre na interação entre os seus membros e que permanecem por toda a vida em desenvolvimento.

Desse modo, enquanto o adolescente vive seu amadurecimento, os pais também devem lidar com a passagem de uma fase em que tinham sob seus cuidados uma criança dependente e frágil, e passarão a lidar com um jovem adulto com opiniões próprias e gradual ganho de autonomia.

De acordo com Lydiane Fabretti esse processo é permeado por mudanças de comportamentos, interesses e rotinas e pode suscitar emoções ambivalentes nos pais que também passam pelos sentimentos de orgulho, alegria, projeções positivas, medos e até o luto pela perda do filho idealizado, entre outros sentimentos.

Para a professora, os pais também devem cuidar de suas emoções para que sejam capazes de continuar oferecendo um espaço de regras e de segurança para os filhos, no entanto, de maneira diferente.

Há nos pais o registro de suas próprias adolescências, e quanto melhor eles tiverem consciência acerca de suas dificuldades e alegrias naquela experiência, mais poderão abrir espaço para que seus filhos vivam a nova fase da vida de maneira singular, evitando projeções maciças a partir de fantasias e temores dos genitores. O exercício da paternidade é atualizado, abrindo espaço para que todos lidem com as novas experiências e vivam seu processo de autorrealização”, finalizou.

Para passar essa fase de turbulência geral entre filhos adolescentes e pais, ela aconselha o desenvolvimento da habilidade de lidar com as emoções, dentre elas conversar, se expressar, escutar colegas e pessoas que sejam de confiança e que atuem como referências positivas e que o ambiente familiar e social forneçam regras, limites, mas também aconchego para que o adolescente possa manifestar suas dúvidas, dores, confusões e outras emoções intensas e de difícil compreensão.

Reconhece-se que a prática de atividade física e outros hobbies como desenhar, cantar e afins também é importante para dar referências sobre as dinâmicas complexas das relações humanas e a oportunidade de elaborá-las de maneira criativa e protegida.

5 animações que auxiliam as crianças a lidarem com as emoções

Angústia, alegria e medo fazem parte da infância e adolescência e aprender a lidar com as emoções ajuda no desenvolvimento

Na infância e adolescência os pais e responsáveis devem ficar atentos a essas manifestações. “Os sentimentos são um conjunto de expressão das emoções das crianças e adolescentes, se eles estão sentindo a necessidade de colocar isso para fora, é preciso que os pais e responsáveis observem esse momento, acolham e iniciem um diálogo sobre aquele fato ocorrido”, revela a psicóloga Bianca Ferreira Larangeira, do Marista Escola Social Ecológica.

Para Bianca, os familiares podem utilizar ferramentas para aprimorar esse discurso. Junto com o diálogo, a utilização de filmes, livros e séries podem auxiliar na expressão das emoções. “Assistindo e observando a forma como os personagens se comportam e como eles reagem diante da situação é uma forma de estimular que as crianças e os adolescentes possam compartilhar o que está acontecendo com eles”, revela.

Além de Divertidamente 2, a especialista dá dicas de outras animações que podem contribuir para o diálogo e expressão dos sentimentos:

O Rei Leão

A clássica história de Rei Mufasa, Simba e Nala pode contribuir para o diálogo sobre família, medos e amizades verdadeiras. Tudo isso embalado com muitos desafios e aventuras que cercam o jovem Simba desde o começo da vida.

Onde assistir: Disney +

A Viagem de Chihiro

Chihiro é uma garota de 10 anos que acredita que todo o universo deve atender aos seus caprichos. Ao descobrir que vai se mudar, ela fica furiosa.O longa japonês aborda o choque entre as gerações e os diversos sentimentos envolvidos nesse embate.

Onde assistir: Netflix

A Masha e o Urso

A série é baseada em um conto de fadas do folclore russo e mostra o cotidiano de uma pequena menina travessa de três anos chamada Masha que vive em uma casa em meio a uma floresta. A animação retrata os sentimentos de descobertas, anseios e angústias no caminho.

Onde assistir: Prime Vídeo

Procurando Nemo

Nemo é um pequeno peixe-palhaço que, repentinamente, é sequestrado do coral onde vive por um mergulhador e passa a viver em um aquário. Decidido a encontrá-lo, seu tímido pai sai em sua busca, tendo como parceria a ingênua Dory. O filme retrata os sentimentos de perda, angústia e valorização da família.

Onde assistir: Disney +

Com Assessorias

 

Shares:

Posts Relacionados

2 Comments

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *