Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) indicam que existem aproximadamente 66 mil pacientes com câncer de próstata no Brasil em 2020. Atrás apenas do câncer de pele não-melanoma, o de próstata é o segundo mais comum entre os homens brasileiros com mais de 50 anos. É responsável por 10% de todas as mortes causadas pela doença. Em dez anos será o tumor que mais matará homens no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

É consenso entre especialistas que o diagnóstico precoce aumenta chance de cura. Por isso, os cuidados regulares com a saúde do homem são fundamentais para identificar a doença rapidamente.

A Sociedade Brasileira de Urologia estabelece que homens após os 50 anos e aqueles com mais de 45 anos e histórico familiar de câncer de próstata devem discutir com seu urologista os riscos e benefícios dos exames preventivos para a doença, que geralmente são a associação da dosagem no sangue de uma proteína chamada PSA e o toque retal, que dura 15 segundos e é complemente indolor. “O medo de fazer acompanhamento por conta deste exame é um grande mito da saúde masculina”, diz o urologista. 

Como o câncer de próstata possui uma evolução lenta e assintomática na maioria dos casos, os homens costumam tomar conhecimento da doença já em estágios avançados, o que inviabiliza a cura.

A maioria dos casos de câncer de próstata é assintomática no diagnóstico. É uma doença silenciosa que requer um acompanhamento periódico, principalmente em afrodescendentes, que têm maior chance de desenvolver a doença”, avalia o urologista Rodolfo Santana, supervisor de qualidade do Cejam.

A idade é um fator de risco para o câncer de próstata, afinal a maioria dos casos acontece em homens com mais de 65 anos. “Além disso, um histórico familiar é preponderante, uma vez que pacientes com parentes de primeiro grau com diagnóstico de câncer de próstata mais do que duplica sua chance de desenvolver a doença”, explica o médico.

A obesidade e a alimentação excessiva de gorduras saturadas e proteínas são fatores que possivelmente favorecem o desenvolvimento deste tumor. Por isso, além do acompanhamento preventivo, é importante manter hábitos saudáveis, como exercícios físicos e dietas balanceadas.

Atualmente, o sistema público de saúde oferece vários tipos de tratamentos para esta doença, desde cirurgias de remoção da próstata, radioterapia e uso de hormônios, que podem interferir na função sexual e urinária dos homens.

A maioria dos pacientes que faz a cirurgia apresenta piora da sua função erétil ou até mesmo incontinência urinária. Contudo, já existem formas preventivas para trabalhar a recuperação peniana antes mesmo da cirurgia com medicamentos e fisioterapia, reduzindo assim as sequelas”, explica o médico.

Prédios iluminados e live sobre o tema

A campanha Novembro Azul tem a missão de conscientizar a população masculina sobre a importância da prevenção do câncer de próstata. O mês de novembro alerta para os cuidados com a saúde do homem. O câncer de próstata é o foco da campanha, que busca reforçar ações voltadas à prevenção e ao diagnóstico precoce.

O movimento teve origem em 2003, na Austrália, com o objetivo de chamar a atenção para a prevenção e o diagnóstico precoce de doenças que atingem a população masculina. A mobilização mundial é uma forma de ampliar a discussão para o tema, promover uma mudança de hábitos e a quebra de paradigmas, como o medo de ir ao urologista e se submeter ao exame de toque.

No Brasil, durante o mês de novembro, diversos prédios iluminam-se de azul em apoio ao movimento. Com o objetivo de chamar a atenção para a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de próstata, a Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo ilumina suas fachadas de azul durante todo o mês de novembro em apoio à campanha.

Durante a campanha, a instituição fará divulgações voltadas para seus colaboradores, através dos seus canais internos. Já o público geral poderá conferir informações sobre prevenção, diagnóstico e formas de tratamento nas redes sociais do hospital.

Para esclarecer estes mitos e dúvidas sobre a saúde masculina e o câncer de próstata, o Cejam realiza no dia 5 de novembro, às 11 horas, uma transmissão ao vivo no Youtube. Para assistir, acesse o Canal do Youtube do CEJAM

Rio reforça ações de prevenção

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) do Rio de Janeiro marca presença na mobilização do Novembro Azul com a abordagem integral da saúde dos homens, em suas unidades de saúde, com atividades locais de promoção à saúde e prevenção de agravos, melhorando a qualidade de vida desta população. Estas ações, que já fazem parte da prática diária das clínicas da família e centros municipais de saúde, chegaram a ser interrompidas durante a pandemia, mas retornaram em julho – e serã o intensificadas neste mês.

Diferentes estratégias de conscientização sobre a importância da prevenção e diagnóstico precoce de doenças que atingem a população masculina, principalmente as mais prevalentes, serão adotadas ao longo do mês de novembro. Durante o acolhimento aos usuários serão abordados temas como alimentação saudável, controle do tabagismo, prática de atividades físicas; valorização da paternidade responsável; prevenção dos fatores de riscos de doenças e agravos evitáveis; e orientação quanto a sintomatologia do câncer de próstata, como sintomas urinários e importância de procurar a unidade de saúde em tempo oportuno.

Esta mobilização reforça a importância das ações preventivas e de deixar para trás visões preconceituosas e limitantes que ainda permeiam o universo masculino, mostrando a necessidade da realização regular de consultas e exames de rotina. “A conscientização em relação aos cuidados com a saúde do homem é fundamental, já que a população masculina é mais atingida nos casos de adoecimento por doenças graves e crônicas, violência e outras causas externas. O fato de o homem procurar menos os serviços de saúde prejudica sua qualidade de vida e longevidade”, explica Ana Mello, gerente da área técnica do câncer da Secretaria Municipal de Saúde.

As equipes das unidades de saúde estão capacitadas para acolher os usuários, avaliar suas queixas, em caso de pacientes sintomáticos, solicitar exames para investigação diagnóstica e realizar os devidos encaminhamentos. O homem pode buscar sua unidade de Atenção Primária de referência, para encontrar a unidade mais próxima, basta acessar a plataforma Onde ser Atendido disponível no site http://www.subpav.org/ondeseratendido/.

Consultas por telefone

Para manter os atendimentos de casos suspeitos de câncer de próstata durante a pandemia de Covid-19, a AMA Especialidades Jardim São Luiz, gerenciada pelo Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” (Cejam), zona sul de São Paulo, realizou contato por telefone com os pacientes, para verificar a existência de alteração do exame de PSA, indicado para detectar a doença.

Composto por uma equipe multiprofissional de urologistas, enfermeiros, assistentes sociais e farmacêuticos, o protocolo de próstata realizado pela unidade de saúde há cinco anos acompanha pacientes que apresentam resultados de exames alterados, com o objetivo de garantir que o homem receberá o encaminhamento adequado e possível tratamento de câncer de próstata, se diagnosticado.

Durante o período de pandemia, a AMA Especialidades Jardim São Luiz entrou em contato por telefone com 222 pacientes, que estavam com sua primeira consulta ao urologista agendada, destes 45 estavam com o exame de PSA alterado, 5 foram inseridos no protocolo de próstata e 1 diagnosticado com tumor maligno.

A assistente social da AMA Jardim São Luiz, Ariane Delarri, conta que o protocolo ajuda muitos pacientes a não desistirem dos cuidados com a saúde, além de viabilizar o diagnóstico precoce, que favorece a plena recuperação. “Telefonamos para os familiares e o próprio paciente a fim de checar todo o processo, como agendamento de exames e retorno ao urologista. Muitos idosos esquecem de dar continuidade ao tratamento e incentivamos a manutenção deste cuidado com a saúde masculina”, explica. 

Raimundo Nonato Procopio, de 74 anos, é um dos pacientes inseridos no protocolo. “Os meus problemas com a próstata começaram quando apresentei dificuldade para fazer xixi. Eu sei que a maioria dos homens tem vergonha de falar sobre isso, mas é necessário acompanhar pensando no futuro e na saúde. Muita gente já morreu por isso e não quero fazer parte desta estatística”, conta. A agilidade do atendimento foi fundamental para o diagnóstico do paciente, que está prestes a iniciar o tratamento oncológico.

Para mais informações, acesse: https://cejam.org.br/

Com Assessorias

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