O penúltimo mês do ano chegou e com ele, pelo sexto ano consecutivo, o Portal ViDA & Ação muda de cor em adesão à campanha Novembro Azul, que conscientiza sobre o câncer de próstata, o mais incidente entre os homens brasileiros, depois do câncer de pele não-melanoma. Também pudera: 54% dos leitores do nosso site são homens, o que desmonta a antiga tese de que eles não cuidam da saúde.
Por aqui, nada de super-heróis: vamos mostrar histórias reais de homens que venceram o câncer de próstata e outras doenças; dicas e orientações de renomados especialistas; pesquisas e dados sobre cirurgia robótica, novas terapias e técnicas para tratar as doenças que mais acometem os homens, além de importantes atividades para conscientização de toda a sociedade.
No Rio de Janeiro, vários prédios públicos serão – ou já estão – iluminados de azul para celebrar a data, como o tradicional Palácio Tiradentes, ex-sede da Assembleia Legislativa do Estado (Alerj), no Centro. Em apoio ao Novembro Azul, a Secretaria de Estado de Saúde também ilumina algumas de suas unidades, como Hospital Carlos Chagas, Adão Pereira Nunes e o Instituto de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione (IEDE), onde tratamentos são oferecidos totalmente de forma gratuita, pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Coordenador do Programa Estadual de Saúde do Homem, o enfermeiro Giovani Dimas chama atenção para uma nova realidade. Por décadas, a prevenção ao câncer masculino se restringiu à próstata. Com a mudança de conceito pelo Ministério da Saúde, o foco passou a ser a saúde do homem de forma integral. Ele aproveita o Novembro Azul para reforçar hábitos de saúde e de prevenção masculina.
“Esse mês é muito emblemático porque tem como objetivo sensibilizar os homens e os profissionais de saúde quanto às ações do autocuidado, mas com uma visão global. Devem ser ressaltados os fatores socioculturais relacionados à masculinidade, seu adoecimento, promoção, proteção e prevenção”, esclarece Dimas.
Panorama do câncer no Rio de Janeiro
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), um homem morre a cada 38 minutos devido ao câncer de
próstata. No Estado do Rio de Janeiro, a estimativa é de 31.230 mil novos casos de câncer por ano. Dentre os cânceres que mais acometerão os homens em 2020, de acordo com dados do Inca, figuram o de pele não-melanoma: 10.600 casos, próstata: 6.440 casos, cólon e reto: 2.450, traqueia, brônquio e pulmão: 1.610 e cavidade oral: 1.190. Os dados evidenciam os cuidados de uma forma integral.
“A relevância da ação acerca da saúde da população masculina inclui o planejamento das atuações e a organização dos serviços de saúde e não se deve restringir apenas ao mês de novembro, mas todo o ano e ir além do rastreamento da próstata. Por isso, temos que incluir nesse cuidado as vivências familiares, laborais, promoção do autocuidado, prevenção de doenças crônicas e infectocontagiosas”, aponta Giovani Dimas.
Direito amplo à saúde do homem
Para o coordenador da Saúde do Homem, a abordagem ao público masculino deve passar pelo envelhecimento saudável, direito a licença paternidade na construção de vínculos saudáveis entre pai, a mãe e o bebê. Bem como o amplo acesso às informações sobre cânceres de pele, pênis e de boca que acabam não tendo tanta divulgação como o de próstata.
“Tudo é uma questão cultural. A mulher é mais preocupada com a sua saúde e o homem deve ter o mesmo cuidado. Sendo assim, ele precisa procurar uma unidade de atenção básica para controle da pressão, do diabetes, ter suas vacinas em dia, além de realizar consulta com clínico para avaliar seu estado geral. Saúde é papo de homem e deve ser incentivado”, aposta Dimas.
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Cuidados com a saúde começam com a atenção primária
A porta de entrada para se prevenir o câncer em homens começa pela atenção primária à saúde, como as clínicas da família. De acordo com o coordenador do Programa Estadual de Saúde do Homem, ali se estabelece a relação médico-paciente com orientações sobre as várias enfermidades de acometem o grupo masculino, formas de prevenção e visitas periódicas ao longo do ano.
Para assistências mais específicas, o Centro de Atenção à Saúde de Homem, que funciona na Policlínica Piquet Carneiro, na Tijuca, interligado ao Hospital Universitário Pedro Ernesto, do Governo do Estado, disponibiliza atendimento psicólogo, tratamento para disfunção sexual, realização de cirurgias ambulatoriais, além de encaminhamento a outras áreas de saúde quando necessário.
Os pacientes são encaminhados pelo Sisreg, através das Clínicas da Família, Centros Municipais e Postos de Saúde.
Urologista alerta para risco do câncer de próstata
A próstata é uma glândula localizada na parte baixa do abdômen, logo abaixo da bexiga e à frente do reto (parte final do intestino grosso), responsável por produzir parte do sêmen. Esse tipo de câncer acomete mais pessoas acima de 65 anos o que faz com que essa parcela da população precise ter mais consciência sobre os perigos de um diagnóstico tardio – os tumores se não detectados rapidamente, podem se alastrar pelo organismo de forma rápida podendo levar à morte.
Segundo Luiz Otávio Nazar médico especialista em Urologia do Hospital de Clínicas do Ingá e membro titular da Sociedade Brasileira de
Urologia, a doença em sua fase inicial é assintomática. Ou seja, nessa fase, os pacientes que apresentam neoplasia de próstata não conseguem descobrir a doença pela inexistência de sintomas.
“Os sintomas só aparecem em fases mais avançadas em que o paciente passa a apresentar sangramento na urina e dificuldade para urinar. Isso faz com que o homem desperte a preocupação e procure dessa forma, o atendimento médico”, alerta.
Para descobrir o câncer de próstata é preciso fazer uma série de exames e o tratamento indicado varia de acordo com o estágio da doença. “Se a doença for diagnosticada no estágio inicial, a cirurgia é a primeira opção por oferecer maior potencial de cura dentre as modalidades de tratamento disponíveis. Outras formas do tratamento envolvem a radioterapia, braquiterapia e hormonioterapia indicada para casos mais avançados”, explica Nazar.
O médico lembra que existem diversos fatores de risco que envolvem etnia (pessoas da raça negra), idade, pessoas com histórico da doença na família. Além de outros fatores como tabagismo, obesidade, sedentarismo, alterações genéticas e má alimentação.
“Pacientes com familiares de primeiro grau que tiveram (pai, tio, irmão) câncer de próstata têm 10 vezes mais chance de desenvolver esse tipo de câncer do que a população normal. Então casos na família são um alerta para a predisposição à doença”, afirma Nazar lembrando que hábitos de vida saudáveis e o exame preventivo anual são os fatores chave para uma chance de cura infinitamente maior.
Com Assessorias
Excelente matéria! Parabéns!