De acordo com projeções da Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (Iarc – sigla em inglês), o mundo terá 3,2 milhões de novos casos de câncer de mama, com 1,1 milhão de mortes todos os anos até 2050, se não houver mais ações de prevenção e tratamento.

Neste cenário, avanços nas técnicas de tratamento têm revolucionado as áreas de ginecologia obstetrícia e a mastologia, que muitas vezes trabalham em conjunto com especialistas em oncologia para oferecer cuidados integrados e personalizados aos pacientes, na grande maioria, mulheres.

Neste sentido, diversas pesquisas têm buscado novas alternativas no tratamento de uma das doenças com maior incidência no mundo. A luta contra o câncer de mama ganha novas possibilidades com a crioablação, uma técnica que utiliza baixíssimas temperaturas para eliminar células tumorais sem a necessidade de cirurgia.

Essa abordagem, já utilizada com sucesso em diversos tipos de tumores, vem sendo aplicada de forma promissora em pacientes com câncer de mama inicial, trazendo esperança para quem busca um tratamento menos invasivo e com menos impacto em sua vida cotidiana.

No Brasil, um estudo realizado na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), primeiro na América Latina a utilizar a técnica de congelamento de células para tratar o câncer de mama.  A técnica chamada crioablação foi testada pela primeira vez na rede pública brasileira com 60 pacientes e apresentou 100% de eficácia para tumores com menos de dois centímetros, na fase inicial da doença, quando costumam aparecer os primeiros sinais do câncer de mama.

Para especialistas, o procedimento minimamente invasivo transforma a forma de tratar o câncer de mama, oferecendo mais qualidade de vida e recuperação rápida. O procedimento, guiado por imagem, utiliza uma agulha que congela o tumor com o uso de nitrogênio, destruindo as células tumorais de forma precisa, sem comprometer os tecidos saudáveis ao redor.

A técnica é especialmente indicada para pacientes que enfrentam câncer de mama em estágio inicial. Além disso, tem se mostrado uma alternativa viável para mulheres idosas ou que preferem evitar uma cirurgia tradicional.

O tratamento foi tão rápido e sem dor que mal pude acreditar. Em pouco tempo, já estava de volta à minha rotina, sentindo-me renovada e confiante de ter feito a escolha certa,” relata Tarcilla Gasse Cardoso, de 89 anos, ao compartilhar sua experiência com o procedimento.

Estudo com 60 pacientes demonstrou 100% de eficácia

No tratamento contra o câncer de mama o uso da técnica de crioablação é algo inovador. O procedimento foi conduzido por pesquisadores da Unifesp pela primeira vez no dia 13 de janeiro, na Unidade Diagnóstica do ambulatório de Mastologia do Hospital de São Paulo (HSP/HU Unifesp), também sendo o primeiro protocolo de pesquisa da América Latina para essa técnica.

Segundo informações divulgadas, durante o procedimento foram utilizados três ciclos de 10 minutos, alternando o congelamento e o descongelamento do tumor mamário. O nitrogênio líquido foi inserido na região afetada a uma temperatura de cerca de -140º por meio de uma agulha. Essa técnica forma uma esfera de gelo capaz de destruir o tumor.

De acordo com os pesquisadores, o procedimento pode ser realizado em ambulatório, sem a necessidade de internação hospitalar, com uso de anestesia local. Além disso, a técnica é indolor, minimamente invasiva, com alta precisão e relativamente rápida.

No Brasil, a técnica já foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas ainda não consta no rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para o tratamento do câncer de mama. Por isso, ainda não pode ser incluída na rede de saúde pública e privada do país. Em outros países, como os Estados Unidos, Japão, Israel e Itália, a técnica já é utilizada.

Ainda de acordo com a equipe da pesquisa, o objetivo é que, no futuro, o procedimento esteja disponível em todas as redes de saúde do país, o que pode tirar até 30% das pacientes da fila de cirurgia, um dos métodos mais comuns para o tratamento da doença.

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Tratamento inovador oferece nova esperança para pacientes com câncer de mama

Para o radiologista intervencionista Leonardo Azevedo, a crioablação representa um avanço significativo no tratamento do câncer de mama,  Com a técnica de crioablação essas mulheres com câncer de mama podem ser tratadas de forma rápida e sem dor em regime ambulatorial

Esse procedimento oferece uma alternativa segura para pacientes com tumores pequenos e iniciais. A recuperação é rápida, e o impacto na qualidade de vida é imenso. É uma opção minimamente invasiva, realizada sob anestesia local, que permite que as pacientes voltem às suas atividades normais imediatamente após o procedimento”, explica o médico.

Além de seus benefícios médicos, a crioablação tem um impacto importante na vida social e emocional das pacientes. “Tecnologias inovadoras, como a crioablação, permite que estas pacientes tenham uma escolha e possam encarar o tratamento com mais confiança e menos medo”, ressalta o radiologista.

Para ele, a crioablação surge como uma alternativa que, em casos selecionados de forma multidisciplinar, mantiveram as pacientes sem tumor e com  a qualidade de vida preservada. “Essa nova abordagem é um exemplo de como a medicina moderna pode ir além da cura e se concentrar na experiência humana, proporcionando mais bem-estar às pacientes. É importante se olhar para o tratamento de forma integral, com foco na humanização e na qualidade de vida”, diz o médico.

Outros métodos para tratar a doença 

Segundo o Ministério da Saúde, entre os métodos disponíveis para tratar o câncer de mama estão todos os tipos de cirurgia, como mastectomias, cirurgias conservadoras e reconstrução mamária. Além disso, os pacientes diagnosticados também podem fazer radioterapia, quimioterapia, hormonoterapia e tratamento com anticorpos.

A melhor opção de tratamento é escolhida conforme a necessidade terapêutica do caso. Antes do diagnóstico da doença, o câncer de mama apresenta alguns sintomas. Um dos mais comuns é o surgimento do nódulo na região, sendo geralmente indolor, duro e irregular, mas há também tumores que têm consistência branda, globosa e bem definida.

O Ministério da Saúde destaca outros sintomas além dos nódulos: dor, inversão do mamilo, hiperemia, descamação ou ulceração do mamilo, edema cutâneo e secreção papilar. A entidade ressalta que, ao perceber qualquer um dos sinais de câncer, é importante buscar opinião médica.

A detecção precoce é recomendada pelo Ministério da Saúde, Instituto Nacional do Câncer (Inca) e Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Isso porque identificar o câncer de mama precocemente aumenta as chances de cura e preserva a qualidade de vida do paciente.

O diagnóstico precoce, portanto, é uma estratégia que possibilita terapias mais simples e efetivas, ao contribuir para a redução do estágio de apresentação do câncer. Autoridades de saúde alertam que ações de conscientização e prevenção também são importantes para garantir o diagnóstico precoce e a qualidade de vida dos pacientes diagnosticados com a doença.

Com Assessorias

 

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