A asma é uma doença crônica, inflamatória, que acomete os brônquios e causa dificuldade para respirar ou falta ar, sensação de aperto no peito, tosse, entre outros sintomas. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), no mundo, 300 milhões de pessoas, tanto adultos quanto crianças, são asmáticos. De acordo com o Ministério da Saúde, a asma atinge cerca de 10% da população brasileira (aproximadamente 6,5 milhões de pessoas). com idade acima de 29 anos.
Essa doença inflamatória crônica das vias respiratórias ainda é causa de morte no Brasil: hoje, mata 5 pessoas por dia. De acordo com dados do DataSUS, a Asma Grave representa 3% a 5% da população asmática em geral, cerca de 600 mil pacientes, e é a quarta causa de hospitalização no país e a terceira entre crianças e adultos jovens.
O asmático grave, sem o tratamento adequado, necessita de quatro vezes mais internações, tornando a jornada mais desafiadora aos pacientes e gerando ônus para o sistema de saúde que poderiam ser evitados ou minimizados. Mas o controle da asma envolve não somente o tratamento medicamentoso, mas também, o acompanhamento multidisciplinar. É necessário tratar e controlar todas as comorbidades relacionadas.
Este problema de saúde mundial que ganhou o dia próprio (2/5), com o objetivo de esclarecer as dúvidas da população e ajudar a prevenir o agravamento dos seus sintomas. Este ano, o Dia Mundial da Asma – organizado pela Global Initiative for Asthma (GINA), que faz parte da OMS – traz como tema central “Cuidado de Todos com Asma”.
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“Embora não tenha cura, a asma pode ser controlada com o tratamento adequado. Isso envolve o uso de medicamentos prescritos pelo especialista e o seguimento do tratamento composto por corticosteroides inalados para controle da inflamação brônquica, redução de sintomas e das crises”, alerta o coordenador do Departamento Científico de Asma da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), Gustavo Wandalsen.
Abandono do tratamento é principal causa de morte
A maioria das mortes que ocorrem por esta doença inflamatória crônica das vias aéreas está relacionada com a falta de tratamento adequado e em países pobres e em desenvolvimento.
“Essas medicações não devem ser abandonadas, nem tampouco retiradas do tratamento do paciente com asma sem a devida supervisão médica. “A falta de controle da doença pode resultar em crises graves e levar até à morte”, alerta.
Além do abandono do tratamento pelo paciente, há uma série de lacunas no cuidado da asma que requerem intervenção, como o custo e acesso aos medicamentos. Outros desafios apontados por especialistas são:
Igualdade de acesso ao diagnóstico e tratamento
O conhecimento da asma e a conscientização da doença entre os profissionais de saúde
A prescrição de inaladores e o monitoramento da adesão e capacidade de uso desses dispositivos
A conscientização do público em geral (que não tem asma) e dos profissionais de saúde de que a asma é uma doença crônica e não aguda
Controle total das crises é o foco na evolução dos tratamentos
As crises de asma podem ser causadas ou intensificadas por diversos fatores como ácaros da poeira, mofo, polens, infecção respiratória por vírus, excesso de peso, rinite, refluxo gastroesofágico, medicamentos e predisposição genética. Os principais sintomas da asma em decorrência da inflamação dos brônquios são:
Falta de ar
Chiado no peito
Tosse
Sensação de cansaço
Dor no peito (manifestação clínica normalmente acentuada após esforço físico e até mesmo ao falar e rir)
Ronaldo Macedo, pneumologista do Vera Cruz Hospital, explica que o principal desafio é o controle total das crises. “O principal medicamento utilizado é o corticoide inalatório, associado aos broncodilatadores também por inalação. O grande problema é que cerca de 4% dos asmáticos graves não conseguem controlar a doença e estão sempre em crises, que, muitas vezes, exigem internação e medicação de longo prazo, mas causadoras de efeitos colaterais”, pontua.
O especialista destaca ainda que, nos últimos dois anos, surgiram novas terapias imunobiológicas, inclusive para asma alérgica, asma eosinofílica e para não eosinofílica, que não existia até então. “Temos cinco imunobiológicos para o tratamento da asma grave, cada um com um alvo específico, que chamamos de terapia-alvo, e auxiliam no controle da doença e proporcionam uma mudança de qualidade de vida enorme ao paciente”, conclui.
Dentista explica relação entre asma e halitose
Entenda porquê os asmáticos devem ter um cuidado especial com a saúde bucal
A halitose é uma condição que, embora muita gente não saiba, pode estar condicionada a mais de 90 causas. Desse modo, além do mau hálito ocasionado pela deficiência de higienização bucal. Cláudia Gobor, dentista especialista em halitose e presidente da Associação Brasileira de Halitose explica que o mau hálito “pode ser gerado também por outros fatores, como a asma, por exemplo.”
A asma é uma doença inflamatória crônica que afeta os brônquios. A sensação da falta de ar e da dificuldade de respiração ocorre, aos portadores dessa doença, em razão do inchaço que as vias nasais sofrem, causado pela inflamação. Já que apresenta problemas na respiração pelo nariz, em uma crise asmática, as pessoas tendem a respirar pela boca, “o que causa o mau hálito”, afirma a especialista.
Isso ocorre porque esse tipo de respiração leva ao ressecamento da mucosa oral e à mudança da microbiota. Em consequência, “a saburra lingual pode se formar com mais facilidade na superfície da língua, o que pode levar ao aparecimento do mau hálito”, alerta a cirurgiã-dentista. A saburra é aquela camada esbranquiçada que geralmente atinge o dorso posterior da língua e é uma das causas mais comuns da halitose.
Vale ainda ressaltar que, além do mau hálito, com o aumento da saburra lingual, o portador da asma pode ter mais chances de desenvolver cáseos amigdalianos (aquelas bolinhas brancas que ficam alojadas nas amígdalas), gengivite e cárie. Outro ponto importante, é que, além da saburra, o estresse pode ser outro fator colaborativo. Em pacientes asmáticos, nos momentos de crise, o estresse e a tensão pela situação podem se agravar, ocasionando uma diminuição salivar, o que pode acarretar também alterações no hálito”, explica Cláudia.
Além dos pontos já citados, a asma também pode influenciar no mau hálito no que se refere a formação do muco e aos medicamentos utilizados. No que diz respeito à mucosa, a dentista afirma que “o muco nasal em excesso, durante as crises, é um excelente detentor de bactérias que podem ajudar a formação da halitose”.
Quanto aos medicamentos, é importante salientar que, como forma de controle da doença, os anti-inflamatórios são remédios bastante eficazes. No entanto, devemos ter cuidado porque alguns podem causar ressecamento bucal, o que seria fator importante também para o aparecimento da alteração do hálito.
Para finalizar, a especialista alerta que os asmáticos devem ter um cuidado extra com a sua saúde bucal. Por isso, além da escovação, que deve ser feita sempre após as refeições, o paciente deve ficar atento na sua alimentação e ingerir bastante água, principalmente durante as crises.
“Além disso, devem evitar produtos que estimulem a secura bucal, como alguns enxaguantes e cremes dentais. Outro ponto importante a ser lembrado é que os pacientes podem diminuir a quantidade de proteína animal consumida, já que elas tendem a aumentar ainda mais a quantidade de muco produzido pelo corpo”, ressalta.
Agenda Positiva
Alesp sedia Fórum de Asma Grave
Com o objetivo de conscientizar sobre a existência da forma grave da doença no Brasil e buscar construir as pontes que beneficiem os pacientes, seus familiares e o sistema de saúde como um todo, a Casa Hunter e a Associação Brasileira de Asma Grave (Asbag) promovm no dia 2 de maio, terça-feira, a V Edição do Fórum de Asma Grave, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp).
Voltado a pessoas com asma grave no Brasil, o evento deverá contar com a presença de aproximadamente 300 pessoas, entre pacientes, profissionais da área da saúde, especialistas importantes no assunto, gestores públicos, sociedades médicas e outras pessoas que se interessam pelo tema.
O objetivo é promover um debate qualificado sobre a asma grave no Brasil, apresentando novos modelos de diagnóstico e abordagens de tratamento, além de proporcionar momentos de troca de ideias e opiniões que levem à proposta de soluções para os problemas enfrentados pelos pacientes e seus familiares junto a busca de soluções para a incorporação de tratamentos para pessoas com asma grave nos sistemas de saúde.
Com Assessorias