Você já sentiu o coração acelerar de repente, mesmo em repouso ou durante o sono? Essa sensação pode parecer ansiedade, mas também pode ser algo mais sério: uma arritmia cardíaca, que é a alteração do ritmo normal do coração e, muitas vezes, passa despercebida. No Brasil, as taxas de prevalência de fibrilação atrial – o tipo de arritmia mais comum – tiveram um aumento entre 1990 e 2019, passando para quase 540 casos a cada 100 mil habitantes, de acordo com a Estatística Cardiovascular Brasil 2021.
A cantora Nana Caymmi – que morreu aos 84 anos na semana passada, no Rio de Janeiro – foi submetida ao implante de um marca-passo em 2024, quando foi admitida no hospital para tratar da arritmia. A cantora chegou a ter alta, mas retornou uma semana depois com dores no peito e precisou realizar um cateterismo cardíaco.

A arritmia pode surgir de forma inesperada, acelerando os batimentos mesmo quando a pessoa está em repouso, sinal importante e sugestivo da condição. O problema é que os sintomas se confundem com os da ansiedade: coração acelerado, falta de ar, tontura ou mal-estar súbito”, explica Thiago Librelon Pimenta, cardiologista arritmologista do Hospital Albert Sabin (HAS).

Segundo o especialista, tanto a ansiedade quanto as arritmias ativam o sistema nervoso autônomo, que regula funções automáticas do corpo, como os batimentos do coração e a pressão arterial. “Nosso corpo funciona como engrenagens perfeitamente sincronizadas. Quando surge uma arritmia, esse equilíbrio é afetado, e o organismo emite sinais de alerta bem semelhantes aos causados por emoções intensas”, afirma o médico.

Para investigar se os sintomas são realmente de origem cardíaca, é indicado o Estudo Eletrofisiológico, um exame que mapeia a atividade elétrica do coração. Com ele, é possível identificar com precisão como a arritmia ocorre.

A partir desse diagnóstico, o tratamento mais indicado costuma ser a Ablação por radiofrequência, procedimento minimamente invasivo que aplica energia em pontos específicos do coração para neutralizar a origem da arritmia. “É a cura definitiva para muitos pacientes. É o nosso propósito: transformar vidas”, completa o Dr. Thiago.

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Arritmias cardíacas: genética e idade influenciam em casos da doença

Dor e a sensação de ter uma batedeira no peito, falta de ar ou desmaio são alertas para buscar um hospital, pois são sinais de arritmia cardíaca, que é qualquer anormalidade no compasso cardíaco. A atenção deve ser redobrada quando se há casos de parada cardíaca ou infarto na família.

Segundo o médico Ítalo Sousa, cardiologista e coordenador do Departamento de Arritmologia do Hospital e Maternidade Sepaco, de São Paulo, o diagnóstico vem com a restrição de atividades que podem expor a altos riscos.

Há arritmias que podem ficar dormentes por grandes períodos da vida e serem seguidas de uma parada cardíaca já na primeira crise, o que dificulta muito o diagnóstico mais precoce. Quando é mais precoce, costuma haver a proibição médica para atividade física de alto rendimento, para não expor ao risco de novos eventos, além da prescrição de medicações antiarrítmicas”, diz o médico.

Como prevenção de episódios mais graves, um aparelho que monitora o ritmo do coração e dispara uma espécie de choque para reverter o descompasso cardíaco pode ser indicado, em pacientes de alto risco. A melhor forma de prevenir que algum episódio ou consequência mais grave aconteça é consultar um médico e fazer o acompanhamento correto.

Fato que, com o envelhecimento da população podemos dizer que a prevalência vai aumentar, devido ao acúmulo de doenças crônicas que podem se somar ao risco inerente da arritmia e provocar sintomas graves. Hoje também sabemos da relação com componentes genéticos para o surgimento de doenças com maior potencial de morte súbita, como a Síndrome de Brugada, displasia arritmogênica e a cardiomiopatia hipertrófica”, acrescenta Sousa.

Saiba mais sobre as arritmias cardíacas

O especialista explica mais sobre as arritmias cardíacas. Confira abaixo:

– Quais os tipos de arritmia?

Existem vários tipos, inicialmente divididos em bradiarritmias (batimento lento) ou taquiarritmias (batimento rápido). Estas últimas são subdivididas em arritmias supraventriculares (provenientes dos átrios) ou ventriculares. A taquicardia ventricular é uma das arritmias mais malignas, que pode degenerar para fibrilação ventricular e provocar uma parada cardiorrespiratória.

– Quais as principais causas? Qual o tipo mais comum?

A mais comum é a fibrilação atrial, cuja prevalência chega a até 5% entre idosos com mais de 65 anos de idade. Este tipo, bem como outros, está associado com o processo de envelhecimento e agressão cardíaca repetitiva por doenças crônicas como a hipertensão arterial, diabetes mellitus e doença vascular periférica. Algumas outras arritmias, incluindo a taquicardia ventricular, podem surgir também por cicatrizes no coração decorrentes de um infarto agudo do miocárdio (IAM) prévio ou por doenças infiltrativas do coração. Contudo, avanços da medicina revelaram uma importância cada vez maior do componente genético no surgimento de arritmias.

– Como é feito o diagnóstico?

Tudo começa com a suspeita clínica, por meio do relato de sintomas. O maior alerta fica para pacientes que têm histórico de parada cardíaca ou morte súbita na família. O diagnóstico é feito através da documentação da arritmia através do eletrocardiograma ou por exame de Holter 24 horas. Exames de imagem, como o ecocardiograma ou ressonância magnética de coração complementam a avaliação ao identificar deformidades congênitas ou adquiridas que possam propiciar arritmias.

– Elas podem ser identificadas precocemente? Existe uma idade em que costuma ser mais aparente?

Elas podem surgir em qualquer fase cardíaca, incluindo em bebês recém-nascidos. O diagnóstico precoce depende da pronta avaliação médica, por isso é importante procurar o pronto-socorro ou avaliação em consultório com cardiologista caso surja algum dos sintomas descritos.

– Quando procurar ajuda?

Se a pessoa sentir  o coração acelerar sem motivo aparente, mesmo em repouso, ou apresentar sintomas como tontura, falta de ar, sensação de desmaio, palpitações, mal-estar e desconforto no peito sem explicação, é indicado procurar o cardiologista. “Uma avaliação especializada irá diferenciar crises de ansiedade das arritmias. Esse diagnóstico pode fazer muita diferença para a saúde do seu coração”, alerta o Dr. Thiago.

Com informações de agências e assessorias

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