Quem nunca escutou a mãe brigando com o filho para colocar mais cores no prato? De fato, uma das recomendações de médicos e nutricionistas é montar um prato colorido e diversificado. Isso porque a variedade de nutrientes contribui para evitar a deficiência de vitaminas e minerais.

As cores dos alimentos representam os benefícios que eles trazem ao nosso organismo. As antocianinas, carotenoides dentre outros são compostos antioxidantes, que fazem bem a saúde e são responsáveis por fornecer cor, aroma e sabor aos alimentos”, explica a nutricionista Priscila Po Cheung, do Centro Paulista de Oncologia (CPO) – Grupo Oncoclínicas.

Os compostos citados pela nutricionista fazem parte de uma categoria de nutrientes, conhecidos como fitoquímicos. Encontrados em alimentos de origem vegetal, eles não se enquadram como vitaminas e nem minerais. São compostos presentes nas plantas que as ajudam a ter suas distintas cores e características.

A clorofila e o betacaroteno são os fitoquímicos mais conhecidos. O primeiro está presente nos alimentos verdes, como espinafre, couve e abacate, e é conhecido por fortalecer os mecanismos de defesa Já o segundo se encontra nos alimentos amarelos ou laranjas, como no caso da cenoura, ele ganhou fama por ajudar a manter o bronzeado da pele”, destaca.

O grupo dos alimentos verdes contém micronutrientes como o fósforo, que auxilia no crescimento dos dentes e dos ossos e deve fazer parte do hábito alimentar cotidiano de toda a família, já que contribuí em especial para todo o processo de crescimento na infância e adolescência, trazendo benefícios que se estendem ao longo de toda a vida.

Ainda segundo a nutricionista, para os idosos alimentos vermelhos, brancos e amarelos não devem ser esquecidos. “Esse grupo de alimentos vermelhos possui antioxidantes e os brancos e amarelos contém nutrientes como o cálcio, essencial para manutenção da saúde dos ossos, o que, além de essencial para a terceira idade, é da mesma forma valioso para crianças”, diz Priscila.

Pelo menos três cores diferentes

Um prato ideal deve conter no mínimo três cores diferentes para fornecer todos os nutrientes necessários. Priorizar alimentos crus e recém-preparados também é fundamental para evitar que eles percam suas propriedades. “Ao consumir um suco feito três horas antes, ele já perdeu 80% dos nutrientes. Com a correria do dia a dia, uma boa opção é realizar o congelamento instantâneo, que conserva 99% das vitaminas”, diz a nutricionista Priscila Po Cheung.

Para aqueles que têm dificuldades em conseguir manter uma refeição diversificada, a dica é começar aos poucos, adicionando uma cor de cada vez, como uma salada crua ou um vegetal cozido, ou ainda misturar o alimento em outras preparações, como um suflê de legumes, por exemplo. “O paladar é adaptável e, aos poucos, criando hábito, o consumo começa a ser ampliado. Outra sugestão é não se deixar limitar e experimentar novos sabores”, frisa.

Reforço no combate ao câncer

Para Daniel Gimenes, oncologista do CPO, os elementos que compõem essa cartela de cores dos alimentos são capazes de atuar em diversas fases do corpo celular, beneficiando tanto quem quer prevenir doenças, quanto quem está em tratamento de diferentes tipos de condições, entre elas o câncer.

Os pacientes oncológicos, com ou sem uso de quimioterápicos, se beneficiam do consumo de todo esse arco-íris de cores presentes nos alimentos naturais, pois o tratamento e a própria doença podem levar a um maior estresse oxidativo, processo este que está inclusive relacionado ao surgimento de outras doenças crônicas, como Parkinson ou Alzheimer”, diz.

Segundo ele, de forma geral, apesar dos mais variados tons que devem fazer parte da rotina de ingestão alimentar, há alguns grupos em especial que devem ter sua ingestão reforçada. “Os alimentos verdes, roxos e vermelhos são os mais recomendados, devido a sua propriedade antioxidante”.

Essa percepção é reforçada pela nutricionista. “Esses três tipos de grupos de cores ajudam a neutralizar o organismo que está muito sobrecarregado com o processo da doença, melhoraram a imunidade e promovem melhores respostas do organismo à medicação”, explica Priscila. A especialista ainda propõe inserir o gengibre na dieta para auxiliar no controle de náuseas.

GUIA DE ALIMENTOS

O Grupo Oncoclínicas começou uma nova campanha voltada para a alimentação dos pacientes com câncer. Denominada “Cor é Vida”, a campanha explica a melhor forma de criar um cardápio saudável levando em conta as cores de cada alimento.

Como contribuição na missão de criar um cardápio para o dia a dia, o corpo clínico e equipe de nutrição do hospital laboraram um guia completo voltado ao público em geral que contribui para uma alimentação saudável e traz também dicas práticas para pacientes em tratamento do câncer.

Por exemplo, para um paciente oncológico, o suco verde pode combater a anemia e o gengibre pode combater a naúsea ainda. A “pantone” de alimentos pode beneficiar tanto quem está em tratamento, como quem quer reforçar o sistema imunológico.

Essas informações estão disponíveis no www.movimentopelavida.com.br, que traz ainda um quiz para avaliar o conhecimento sobre os alimentos e seus benefícios. Na página, é possível baixar um ebook contendo 30 sugestões de receitas exclusivas.

PANTONE

Brancos e amarelos

Esses alimentos são ricos em cálcio, potássio, vitamina C e outras substâncias. Nesta categoria entram Leite, Cogumelo, Queijo, Arroz, Batata, Banana, Couve-flor e Maracujá.

“O cálcio e o potássio contribuem para a formação e manutenção dos ossos, para a regulação dos batimentos cardíacos e para o funcionamento do sistema nervoso e dos músculos. Possuem efeito anti-inflamatório e antialérgico, propriedades antibióticas e ainda ajudam a prevenir doenças cardiovasculares e a reduzir o LDL colesterol”, comenta Priscila.

A especialista ressalta que as frutas mais ácidas e cítricas são fontes importantes de vitamina C, responsável por diversos benefícios, entre eles o aumento da imunidade a doenças. “Os alimentos amarelos também possuem ácido málico e bromelina, que melhoram a digestão e combatem a prisão de ventre”, diz.

Laranja

Neste grupo entram os alimentos que possuem carotenoides, substâncias que incluem betacaroteno, responsável pela fabricação de vitamina A no nosso corpo. Abóbora, Pêssego, Cenoura, Damasco, Laranja, Manga, Mamão e Batata-doce compõem esta categoria.

“Eles são antioxidantes e favorecem o metabolismo das gorduras, ajudam no funcionamento dos glóbulos brancos, fundamentais para um sistema imunológico saudável, promovem o crescimento ósseo e colaboram na regulação do crescimento, na divisão celular e no funcionamento do sistema nervoso”, ressalta Priscila.

A especialista ainda acrescenta que a curcumina, princípio ativo do açafrão, tem sido extensivamente investigada no tratamento de uma grande variedade de cânceres. São eles: gastrointestinais, Geniturinários, mama, pulmão e neurológicos.

A vitamina A e dois outros tipos de carotenoides – a luteína e a zeaxantina – também são importantes para o bom funcionamento da visão, para o viço e o bronzeamento da pele, e para a força dos cabelos e das unhas.

Vermelhos

O time vermelho conta com alimentos que possuem vitaminas A, C e as do complexo B, além de sais minerais, como ácido fólico, potássio e cálcio. Aqui entram Tomate, Caqui, Melancia, Goiaba, Cereja, Pimentão, Morango e Framboesa.

“Os alimentos pertencentes a esse grupo são também chamadas de alimentos quimioprotetores, pois tem a capacidade de prevenir, retardar ou até reverter processos iniciais de formação do câncer, atuando como fatores de proteção do corpo. Além disso, contribuem na eliminação do estresse oxidativo. Seu consumo diário reduz os riscos de desenvolver doenças como câncer de próstata e de pulmão, além de atuar na prevenção de diabetes, Alzheimer e Parkinson”, afirma o oncologista Daniel Gimenes.

Roxos

Fontes de vitamina B1, nutriente importante para o metabolismo da glucose, os alimentos roxos também contêm os famosos flavonoides. Uva, Berinjela, Amora, Ameixa, Figo, Beterraba, Jabuticaba e até um bom Vinho fazem parte dessa categoria.

Essas delícias são ricas em ácido elágico e quercetina, que diminuem os riscos de ataques cardíacos, retardam o envelhecimento e neutralizam as substâncias cancerígenas antes mesmo de elas atingirem os nossos códigos genéticos.

“Os flavonoides contribuem para a manutenção da função cerebral adequada, melhoram o fluxo sanguíneo, retardam o envelhecimento das células e ainda possuem propriedades analgésicas, anti-inflamatórias, anticancerígenas, anti-hepatotóxica e atividades antimicrobiana e antiviral”, frisa Priscila.

Verdes

Espinafre, Alface, Agrião, Abacate, Couve, Abobrinha, Manjericão e Pimentão. Esses e muitos outros alimentos verdes contêm micronutrientes valiosos para a saúde, como ferro, fósforo, clorofila, vitamina A e outras.

“O ferro é essencial para a boa estruturação sanguínea. Ele fortalece o sangue e combate a anemia e a desnutrição, eliminando o cansaço. O fósforo, por sua vez, ajuda no fortalecimento dos ossos e dos dentes”, explica a Daniel.

“A vitamina A e a clorofila têm ação antibacteriana e cicatrizante, desintoxicam as células, combatem o crescimento de tumores e ajudam a proteger o coração, o cabelo e a pele”, completa o médico.

Esses vegetais também possuem luteína e zeaxantina, dois antioxidantes poderosos que ajudam a retardar o processo de envelhecimento, combatendo os radicais livres, e a reduzir o risco de degeneração macular, doença responsável por causar cegueira.

Marrons

Esses alimentos maravilhosos também são ricos em selênio, que melhora a disposição mental, e ainda contêm, vitamina E e vitaminas do complexo B – nutrientes vitais para a nossa saúde. Entre os componentes dessa turma estão Aveia, Cevada, Nozes, Centeio, Castanhas, Cereais, Linhaça e Grãos.

“São excelentes fontes de carboidrato complexo, substâncias que levam mais tempo para serem transformadas em açúcar pelo nosso organismo, promovendo maior saciedade. Eles também melhoram o funcionamento do intestino, combatem a depressão e a ansiedade e previnem doenças crônicas, como Alzheimer, doenças cardiovasculares e diversos tipos de câncer“, conta Priscila.

A nutricionista explica ainda que não podemos deixar de lado certos tipos de gorduras insaturadas presentes nestes alimentos, como os ácidos graxos – o ômega 3 e o ômega 6. “Eles são essenciais na regulação do colesterol, para manter uma pele saudável, para o crescimento das crianças e para o transporte e a absorção das vitaminas lipossolúveis A, D, E e K e dos carotenoides”, finaliza.

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