A saúde mental no ambiente de trabalho se tornou um tema urgente. Em 2024, o Brasil registrou mais de 470 mil afastamentos por transtornos como ansiedade, depressão e burnout, o maior número em uma década, segundo dados do Ministério da Previdência Social. O aumento de 68% em relação ao ano anterior acendeu um alerta em empresas, governo e especialistas, pressionando o setor corporativo a repensar políticas de saúde ocupacional e bem-estar dos trabalhadores.

Ao mesmo tempo, um levantamento global do Fórum Econômico Mundial, realizado com apoio da Fundação Dom Cabral, indica que funções operacionais e administrativas devem enfrentar declínio nos próximos anos, exatamente os mesmos cargos que, no Brasil, lideram os afastamentos por doenças emocionais. Secretárias, atendentes, operadores de telemarketing e contadores figuram entre as profissões com maior risco de esgotamento, agravado pela rotina repetitiva, pressão por metas e baixa autonomia.

Segundo Michel Cabral, CEO da Vixting, HR & Health Tech com 15 anos de atuação em saúde ocupacional, é preciso entender que os riscos psicossociais não afetam apenas os setores historicamente vulneráveis, como saúde e educação. “Estamos vendo gestores, profissionais de tecnologia e líderes de projeto enfrentando níveis altíssimos de estresse e ansiedade. O problema é mais sistêmico do que se imaginava”, afirma.

Carreiras com maior risco de Burnout e depressão

Uma série de estudos internacionais, incluindo levantamentos do LinkedIn e da revista Health, confirmam essa percepção. Gerentes de projeto, médicos, professores, motoristas de aplicativos, assistentes sociais e cuidadores são algumas das funções com maior índice de burnout, causados por pressão constante, ausência de suporte emocional e acúmulo de responsabilidades.

A lista inclui ainda áreas como segurança pública, imprensa, aviação e serviços financeiros, onde o peso emocional, a jornada intensa e a necessidade de decisões sob pressão criam um ambiente altamente propício a transtornos mentais.

Mesmo em funções administrativas consideradas “mais leves”, como apoio técnico, controladoria e atendimento ao cliente, o risco se mantém alto.
“Esses profissionais estão na linha de frente, mas muitas vezes sem respaldo ou reconhecimento. Isso fragiliza o vínculo com o trabalho e leva à exaustão silenciosa”, diz Cabral.

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Nova regulamentação exige atenção das empresas

Diante desse cenário, a atualização da NR1 (Norma Regulamentadora nº 1) pelo Ministério do Trabalho estabeleceu um novo padrão para o Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO). Pela primeira vez, a norma inclui de forma explícita os riscos psicossociais, como metas abusivas, assédio, conflitos interpessoais e sobrecarga de trabalho, como passíveis de fiscalização, exigindo planos de ação corretivos e possibilidade de multas.

A NR1 cria uma virada de chave. A saúde mental agora faz parte das obrigações legais das empresas. Não é apenas uma pauta de benefícios ou ESG. É uma exigência técnica, com impacto jurídico, financeiro e social”, ressalta Michel, que acompanha de perto as atualizações.

O governo federal manteve o prazo para início da vigência da nova NR-1 para 26 de maio, mas as multas sobre as empresas que não cumprirem as novas regras só passarão a ser aplicadas após um ano. em maio de 2026. No entanto, o especialista reforça que as empresas já podem e devem se preparar para incorporar essas mudanças, independentemente do prazo legal.

A Vixting, por exemplo, atua com a digitalização dos processos ocupacionais, permitindo que empresas monitorem indicadores de risco, automatizem o acompanhamento médico e planejem ações corretivas com base em dados. A empresa também promove o uso de analytics para identificar padrões de afastamento, riscos organizacionais e áreas com maior incidência de transtornos.

Saúde mental e o futuro do trabalho

A transformação digital, aliada à saúde ocupacional, será peça-chave para as empresas que desejam manter a competitividade e reduzir os impactos da crise de saúde mental. Segundo levantamento da OnFly, 63% das empresas pretendem aumentar os investimentos em benefícios corporativos em 2025, sendo que 23% planejam um aumento expressivo, um reflexo da percepção crescente de que bem-estar não é luxo, mas necessidade estratégica.

Nesse contexto, a atuação de empresas como a Victing, com foco na admissão digital e gestão integrada da saúde ocupacional, mostra que é possível inovar, reduzir custos e, ao mesmo tempo, cuidar das pessoas.

Estamos falando de uma questão de sustentabilidade humana nas organizações. As empresas que souberem agir agora vão sair na frente, não apenas em resultados, mas em reputação, cultura e retenção de talentos”, finaliza Michel.

Com informações da Vixting

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