O movimento de voluntariado cresce em todo o Brasil, incentivado por empresas e organizações, e acompanha a expansão e a diversificação de iniciativas voltadas ao impacto social em diferentes áreas. Entre elas, ações de saúde itinerante têm desempenhado papel relevante ao alcançar populações que enfrentam barreiras geográficas, informacionais e estruturais.
Um exemplo é o Projeto Humanika, idealizado pela ONG Amazônia Canaã, que atua na região Norte do Brasil há aproximadamente 25 anos e leva atendimento clínico e odontológico de maneira gratuita aos ribeirinhos. Depois que o urologista Eufânio Saqueti, professor do curso de medicina do Centro Universitário Integrado no Paraná, participou pela primeira vez, ele convidou os estudantes de medicina a abraçar a causa.
Desde a primeira expedição em 2022, cerca de 150 pessoas, entre médicos e acadêmicos de medicina, participaram das ações. Eles já realizaram mais de 3,5 atendimentos, fizeram mais de 700 pequenos procedimentos cirúrgicos e distribuíram mais de 13 mil caixas de medicamentos.
Graças a esses trabalhos anuais, as lideranças das comunidades atendidas relatam que o projeto trouxe esperança e contribuiu para um novo ciclo de cuidado e cidadania na região. Também foi observado melhora nos índices de vacinação, controle de doenças crônicas e acesso a orientações básicas de prevenção.
Além de contribuir com a melhoria do quadro de saúde nas comunidades, os estudantes retornam profundamente transformados, com um olhar mais humano, atento e consciente sobre o papel social do médico.
Tive muitos aprendizados. Conheci uma realidade bem diferente e foi preciso respeitar a cultura local, trabalhar em equipe e ser resolutiva com o que temos disponível no momento”, relata a acadêmica Laura Aplevicz Gomes, que está no 6º ano de medicina no Integrado e participou da expedição pela segunda vez.
Mais de 23 horas de viagem para cumprir missão humanitária
A quarta edição do Projeto Humanika aconteceu no dia 8 de novembro. Nesta data, uma equipe de 6 médicos, 24 estudantes de medicina do Centro Universitário Integrado de Campo Mourão (PR) e mais 7 missionários da ONG Amazônia Canaã viajaram ao município de Aveiro (PA) – distante 2.860 km – para prestar serviços de saúde aos moradores que vivem em situação de vulnerabilidade social.
Parte dos expedicionários vão embarcaram no aeroporto de Maringá, com escala em São Paulo até o aeroporto de Santarém (PA). Depois, seguiram de barco até os vilarejos de Santa Cruz, Brasília Legal, Fordlandia, Aveiro, Alter do Chão, entre outras localidades que ficam às margens do Rio Amazonas.
A viagem dura cerca de 32 horas. Cada um dos voluntários paga suas despesas com passagens, traslados, alimentação e ainda precisa levar os insumos clínicos – devidamente embalados – que vão utilizar nessas atividades. O grupo fica nas comunidades ribeirinhas até o dia 16 de novembro, quando retornam ao Paraná.
Ao longo desses dias, a equipe realizou cerca de 1.200 consultas ambulatoriais, 60 pequenos procedimentos cirúrgicos (vasectomias, retiradas de hérnias, lipomas e drenagem de cistos sebáceos), além de distribuir medicamentos e materiais para atendimentos emergenciais.
Como a região fica às margens do Rio Amazonas, é de difícil acesso e desprovida de recursos, grande parte dos ribeirinhos não têm saneamento básico e muitos deles nunca fizeram uma consulta médica”, explica o urologista Eufânio Saqueti, que viaja pelo quinto ano seguido.
Responsabilidade social e apoio
Para o diretor do curso de medicina do Integrado, Heber Amilcar Martins, a atividade representa “uma imersão singular na essência da medicina”.
Nossos acadêmicos aprendem, na prática, a enfrentar desafios reais da atenção básica em comunidades ribeirinhas, desenvolvem habilidades clínicas, empatia e sensibilidade social. Trata-se de uma experiência que transcende o aprendizado técnico e reafirma o compromisso ético de cuidar do outro com respeito, solidariedade e propósito”, explica.
As vivências intensas em campo despertam um senso de pertencimento e responsabilidade com o cuidado integral das pessoas. Muitos relatam que o projeto redefine o sentido de ser médico, fortalecendo valores como humildade, escuta ativa e compaixão. Isso traduz nosso propósito, que é formar profissionais competentes, humanos e comprometidos com a transformação social do Brasil”, complementa Heber Amilcar Martins.
O Centro Universitário Integrado afirma que a prática contribui para a formação prática dos estudantes, que podem viajar sem ter prejuízo na grade curricular. A instituição de ensino superior também patrocina a compra de medicamentos, materiais cirúrgicos, equipamentos e ainda envia um profissional para documentar os trabalhos da equipe.
Leia mais
Voluntários ajudam crianças com doenças graves a realizar sonhos
Solidariedade faz bem: Brasil tem 57 milhões de voluntários
Aumenta a procura nas empresas por ações de voluntariado
Voluntariado deve ser compromisso social o ano todo nas empresas
Voluntariado que conecta ciência, cuidado e impacto social
Outro exemplo de voluntariado para ações de saúde no Brasil é a Expedição Novos Sorrisos, programa social da Neodent que, desde 2016, já contribuiu para a melhoria da qualidade de vida de mais de 11 mil brasileiros, por meio de ações educativas que contribuem para a democratização do acesso à saúde bucal
A iniciativa utiliza uma Unidade Odontológica Móvel para levar esclarecimentos e cuidados em saúde bucal a regiões de difícil acesso. A expedição já percorreu mais de 20 mil quilômetros, passando por 47 cidades de 16 estados e o Distrito Federal, impactando as populações locais com apoio de mais de 600 voluntários, entre dentistas e profissionais de outras áreas.
Entre os voluntários que integram ações como essa está a professora Giovana Pecharki, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), cuja trajetória na saúde coletiva a aproximou do programa. Para ela, iniciativas desse tipo representam uma resposta concreta às desigualdades no acesso à odontologia no Brasil — desigualdades evidenciadas por pesquisas nacionais de saúde bucal, que mostram que parte da população nunca teve contato com atendimento odontológico.
Giovana participou da Expedição durante a passagem do programa pela UFPR, entre abril e maio de 2024. Ao longo de duas semanas que representaram uma atividade de extensão acadêmica, supervisionou o trabalho de 49 estudantes, ao lado de 13 docentes e técnicos administrativos. Foram realizados cerca de 90 atendimentos, incluindo anamnese, educação em saúde, profilaxia (limpeza profissional dos dentes), aplicação tópica de flúor, triagens e encaminhamentos para acompanhamento complementar na universidade. O público atendido incluiu servidores, estudantes estrangeiros e pessoas com deficiência, entre adultos e crianças.
A vivência, conforme relata, ressaltou tanto a importância da presença da universidade em contextos reais quanto a necessidade de formar profissionais preparados para lidar com dimensões socioemocionais do cuidado, indo além da técnica. Também destacou o papel das unidades móveis como estratégias complementares da Rede de Atenção à Saúde Bucal, que promove a integração dos serviços de saúde bucal em todos os níveis de atenção, estabelecendo protocolos e fluxos assistenciais que conectam diferentes ações e serviços do SUS, direta ou indiretamente sobretudo em localidades onde o acesso aos serviços é limitado.
O voluntariado permanece como um compromisso contínuo. Ele representa a possibilidade de aproximar ciência, cuidado e cidadania, elementos que têm mobilizado trabalhadores e estudantes da área da saúde a se engajar em ações de impacto direto na comunidade”, diz Giovana.
Somente em 2025, a Expedição visitou municípios do Paraná, Distrito Federal, Tocantins, Paraíba, Alagoas e Sergipe, melhorando o conhecimento sobre saúde bucal para mais de 2 mil pessoas. A Neodent destaca o papel estratégico do voluntariado para ampliar o alcance social da odontologia.
Ver colaboradores e profissionais da área engajados voluntariamente mostra que, quando unimos propósito e conhecimento técnico, conseguimos transformar realidades de forma concreta”, comenta a gerente de projetos sociais da Neodent, Alice Soares.
Expedição Novos Sorrisos escolhe Curitiba, onde a iniciativa nasceu, para sua última ação do ano
De 25 de novembro a 12 de dezembro, o programa social da Neodent beneficiará a população da capital paranaense
A Expedição Novos Sorrisos encerra o ano de 2025 voltando às suas origens: Curitiba, cidade onde a empresa e o programa nasceram. Entre os dias 25 de novembro e 12 de dezembro, a unidade odontológica móvel estará na comunidade Augusta B, no entorno das fábricas da Neodent e da ClearCorrect, oferecendo cuidados odontológicos à população.
As atividades, que acontecem de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 16h, são abertas ao público e incluem avaliação completa, profilaxia (limpeza profissional dos dentes), aplicação de flúor para prevenção de cárie, exame de prevenção do câncer bucal e orientações de higiene. As consultas acontecem de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 16h.
O programa tem capacidade de receber até 18 pessoas por dia, o que representa cerca de 230 beneficiados ao longo dos 13 dias de ação. Realizada em parceria com a Valentini, que cedeu o espaço para a ação, a iniciativa reforça o compromisso das empresas privadas em gerar impacto positivo na sociedade.
Como participar
Os interessados podem comparecer diretamente à unidade odontológica móvel ou realizar o agendamento on-line pelo site da Expedição Novos Sorrisos. As vagas serão disponibilizadas semanalmente, sempre às sextas-feiras.
Dentistas de Curitiba também podem participar como voluntários. As inscrições estarão abertas no mesmo site, mediante preenchimento do formulário on-line. Verifique os requisitos legais. Agendamentos e inscrições de voluntários: www.expedicaonovossorrisos.
Com Assessorias



















