O Brasil – e o mundo do futebol – ainda choram a tragédia no Centro de Treinamento do Clube de Regatas do Flamengo que deixou 10 adolescentes mortos e outros três feridos. Jhonata Cruz Ventura é um desses sobreviventes e luta pela vida num leito de hospital público na Zona Oeste do Rio.
Com queimaduras de 2° e 3° graus em 30% do corpo, o adolescente de 15 anos permanece internado em vigilância respiratória em leito de terapia intensiva no Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do Hospital Municipal Pedro II. De acordo com o hospital, o paciente permanece sem sedação, acordado e atendendo a comandos simples ao exame clínico.
Em nota emitida na tarde desta sexta-feira (15), o hospital informou que Jhonata “encontra-se acordado e atendendo a comandos simples ao exame clínico. Ele permanece com máscara de oxigênio e hemodinamicamente estável. As queimaduras estão respondendo bem aos curativos, porém, no dorso e no ombro direito apresentam sinais de possível infecção local e, como houve uma piora dos exames laboratoriais, optou-se por iniciar antibioticoterapia”.
Mas por que o jovem está num leito público, enquanto os outros dois sobreviventes, com lesões mais leves, se recuperavam numa unidade da rede particular – o Hospital Vitória, na Barra da Tijuca? O que muita gente não sabe é que o hospital de Santa Cruz é referência no município do Rio como unidade de excelência no tratamento de pacientes queimados, serviço que só é oferecido em unidades públicas de saúde.
Por meio da Central Municipal de Regulação, o CTQ do hospital oferece 17 vagas, sendo 7 intensivos e 10 intermediários. O Pedro II também é o único que disponibiliza leitos pediátricos. O cuidado a pacientes queimados é oferecido ainda nos hospitais Municipal Souza Aguiar e Federal do Andaraí.
O CTQ do Pedro II presta um atendimento especializado a pacientes vítimas de queimaduras e nossos profissionais são treinados para o acolhimento humanizado aos pacientes. Em geral são casos muito graves e esse apoio é fundamental”, avalia a secretária municipal de Saúde, Beatriz Busch.
Equipe multidisciplinar 24 horas por dia
No Centro de Tratamento de Queimados os pacientes são monitorados 24 horas por equipe multidisciplinar formada por cirurgião plástico, clínico geral, anestesiologista e médico intensivista, além de três enfermeiros e 10 técnicos, uma equipe que realiza pelo menos 300 banhos em pacientes queimados por mês (procedimento fundamental feito em paciente anestesiado em leito específico).
“Os casos mais comuns de queimadura no CTQ são por líquidos quentes, produtos inflamáveis, chama direta e as provocadas por correntes de eletricidade. Os pacientes recebem todos os cuidados com a dedicação integral de cirurgiões plásticos, clínicos, intensivistas, pediatras e anestesistas, fisioterapeutas e fonoaudiólogos, além de equipe de enfermagem e técnicos de enfermagem, coordenados por uma cirurgiã plástica especialista em queimados”, reforça o diretor-médico do hospital, Carlos Alberto Araújo Júnior.
Sobrevivente teve alta
Internado desde semana passada no Hospital Vitória, Cauan Emanuel Gomes Nunes, de 14 anos, recebeu alta na tarde de segunda-feira (11).
Francisco Dyogo Bento Alves, de 15, segue no CTI da unidade. De acordo com nota emitida pela unidade, o atleta está em curva de melhora, mas se recupera um pouco mais lentamente e segue com tratamento de fisioterapia respiratória.
O chefe do Departamento Médico do Flamengo, Márcio Tannure, e o médico rubro-negro Mauro Fonseca, além do clínico cardiologista do Hospital Vitória, responsável pela internação dos meninos, Fernando Bassan, acompanham a evolução dos quadros.
Na segunda-feira atletas do Flamengo visitaram os meninos no hospital: William Arão, Jajá, Everton Ribeiro, Diego, Juan, Dener, Rodinei, Rodolfo, o goleiro Diego Alves, Nixon e César, entre outros.
Solidariedade
Na morte é que se (re)conhece os verdadeiros amigos – e inimigos também. Assim como ocorreu com a queda do avião que vitimou jogadores do Chapecoense, vários clubes brasileiros manifestaram sua solidariedade ao Flamengo. Inclusive o arquirival Vasco da Gama.
No dia seguinte à tragédia, ocorrida em 8 de fevereiro, jogadores do cruzmaltino treinaram vestidos de preto em homenagem às vítimas do incêndio. E ainda fizeram uma oração pelos jovens atletas mortos. Um exemplo a ser seguido… na vida!
Fonte: Secretaria Municipal de Saúde, com Redação (atualizado em 15/02/2019, às 15h35)
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