A morte de um menino de 11 anos, morador de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, levanta suspeitas de que a misteriosa hepatite que vem desafiando cientistas do mundo inteiro tenha chegado ao interior do Estado do Rio. De acordo com o último boletim do Ministério da Saúde, dos 76 casos notificados no país, 6 mortes já ocorreram nos estados do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Maranhão.
Em nota ao ViDA & Ação, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou que, por meio do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS), “o caso está sendo investigado e, até o momento, não há confirmação de que se trate de um caso de hepatite aguda de etiologia desconhecida”.
De acordo com a direção do Hospital Estadual da Criança (HEC), no Rio de Janeiro, o paciente deu entrada na unidade no sábado (4/6) em estado grave, foi inserido como prioridade na listagem do Programa Estadual de Transplantes (PET).
“A busca de um órgão compatível com a criança estava sendo realizada, mas, devido ao quadro clínico grave, ele não resistiu e foi a óbito neste domingo (5/6). Exames complementares para identificar a causa da morte da criança estão em andamento”, informou a SES.
Ao G1, a Secretaria disse que o exame do paciente foi encaminhado para o Lacen e para a Fiocruz para identificar a causa da morte, mas não informou a previsão da divulgação do resultado do exame.
Caso foi comunicado dois dias antes da transferência
“Os exames demonstraram uma importante inflamação hepática, confirmando a hepatite. Ele apresenta critérios para caso provável de hepatite aguda de etiologia desconhecida. Ele é vacinado para febre amarela e hepatite A, o que também afasta a possibilidade dessas doenças causarem esse quadro”, explicou o subsecretário de Atenção Básica, Vigilância e Promoção da Saúde e infectologista, Rodrigo Carneiro.
O estado de saúde da criança era grave e, por isso, foi necessário que a Secretaria de Saúde e a Fundação Municipal de Saúde de Campos montassem uma estrutura para que a transferência fosse realizada.
A equipe identificou uma estabilidade do quadro clínico do paciente, o que possibilitou a transferência. Inicialmente, o deslocamento seria por transporte aéreo, mas por conta do mau tempo não foi possível. Então, o transporte foi por terra – a viagem de carro entre Campos e Rio não dura menos que quatro horas.
Atenção aos pais sobre hepatite desconhecida
Médico alerta para importância da vacinação
Até o final de maio, eram 76 casos suspeitos e 6 óbitos no país
No último informe sobre o tema, em 28 de maio, o Ministério da Saúde informou que foram notificados 92 casos e seis óbitos no Brasil. Desses, 76 casos e seis óbitos permanecem em investigação e 20 casos foram descartados. A pasta confirmou o primeiro caso provável de hepatite aguda grave de etiologia desconhecida no município de Ponta Porã (MS).
A paciente apresentou sintomas de febre, icterícia (cor amarelada da pele ou olhos), além de mal-estar e náuseas. A paciente segue em recuperação, sendo monitorada pelas equipes de vigilância em saúde. A pasta instalou uma Sala de Situação para monitorar e acompanhar os casos no Brasil. A iniciativa tem como objetivo apoiar as investigações para identificar as possíveis causas.
As análises reúnem pacientes de dois meses a 16 anos. No entanto, os casos suspeitos estão espalhados por 17 estados e, a maior parte, concentrada em São Paulo e Minas Gerais. Segundo o Ministério da Saúde, dos casos em investigação, 54,2% são em meninas e 45,8% em meninos. Os principais sintomas apresentados são icterícia , febre, vômito e dor abdominal.