É tempo, segundo a tradição, de renovar a esperança e de… saborear ovos de chocolate. Quando se fala em Páscoa, é quase inevitável não pensar na guloseima — especialmente para as crianças e adolescentes, que amam esta data. Mas é importante que mães, pais e responsáveis fiquem atentos para que os pequenos curtam a data de uma forma consciente e saudável.

Equilibrar a alimentação das crianças em meio à avalanche de chocolates, ovos coloridos e guloseimas irresistíveis é um enorme desafio. Essa tradição também levanta dúvidas entre pais e responsáveis: será que vale a pena oferecer esse doce aos pequenos? Quais ingredientes devem ser evitados? O chocolate faz bem ou mal à saúde?

A primeira resposta é: sim, criança pode comer chocolate… mas com moderação e atenção aos detalhes. Embora a celebração seja repleta de momentos afetivos e simbólicos, o consumo excessivo de chocolate nesta época pode trazer impactos à saúde infantil.

Para saber como aproveitar esse momento sem exageros ou culpa, reunimos especialistas para esclarecer as dúvidas e trazer dicas para que a festa não se transforme em um problema. especialmente para crianças e adolescentes.

Chocolate proibido antes dos 2 anos de idade

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda evitar qualquer tipo de açúcar nos primeiros 2 anos de vida. Após essa idade, o consumo deve ser limitado a 25g por dia, com um máximo de 50g diários, para evitarem desconfortos abdominais, diarreia e, a longo prazo, diabetes e obesidade.

A recomendação é clara: crianças com menos de 2 anos não devem consumir chocolate, por conta do alto teor de açúcar e do impacto na formação do paladar. A partir dos 2 anos, o chocolate pode ser introduzido em pequenas quantidades, de preferência versões com mais cacau, menos gordura e sem aditivos artificiais”, diz a médica Anna Bohn, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

Para o pediatra Antonio Carlos Turner, diretor da rede de clínicas Total Kids, no Rio de Janeiro, saborear chocolates nesta época do ano é quase inevitável, mas não se pode exagerar. Cabe aos responsáveis controlar o consumo das crianças.

Evitar o excesso é fundamental. O consumo em grande quantidade de chocolate pode levar a desconforto abdominal, diarreia e, a longo prazo, obesidade e diabetes. É importante ressaltar que, antes dos 2 anos, os órgãos da criança ainda não estão preparados para metabolizar o açúcar, o que pode causar sérios problemas de saúde”, observa o médico.

Tamanho do ovo de Páscoa merece atenção especial

O endocrinologista pediátrico Miguel Liberato também orienta que o consumo diário seja moderado: cerca de 20 gramas de chocolate ao dia, preferencialmente sem recheio, pode ser uma quantidade segura.  Para ajudar as famílias a manterem o equilíbrio durante o feriado, Dr. Miguel sugere que os pais repensem a forma de presentear.

O tamanho do ovo não mede o carinho que temos pela criança. Um presente menor, mas com o tipo de chocolate que ela gosta ou um personagem especial, pode ser tão significativo quanto os maiores”, diz o especialista.

Outra recomendação importante é conversar previamente com familiares, como avós e tios, para evitar que a criança receba uma grande quantidade de ovos. “É comum que a criança ganhe muitos presentes, mas esse excesso pode ser evitado com diálogo. Assim, conseguimos reduzir a oferta exagerada do alimento em casa”, pontua. Caso a criança receba muitos ovos, o especialista incentiva que os pais proponham o compartilhamento ou o congelamento dos doces, para que sejam consumidos aos poucos.

Além disso, ele recomenda que o chocolate seja oferecido após as refeições principais ou nos lanches, e não durante o uso de telas. “Comer enquanto assiste TV ou mexe no celular pode fazer com que a criança perca a noção da quantidade consumida e acabe exagerando sem perceber”, avalia o Dr. Miguel.

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Páscoa com equilíbrio: o risco da obesidade infantil

Endocrinologista pediátrico alerta para os riscos do consumo excessivo de chocolate e orienta famílias sobre como manter a moderação

O endocrinologista pediátrico Miguel Liberato faz um alerta às famílias: o exagero nos doce é um importante fator que vem aumentando os casos de obesidade entre os pequenos — um problema que segue crescendo em escala global.

A Páscoa é uma data muito esperada pelas crianças, mas precisamos lembrar que o chocolate, especialmente o branco, é altamente calórico e rico em açúcar e gordura. O excesso pode causar não só ganho de peso, mas também favorecer o surgimento de doenças metabólicas, como hipertensão e diabetes tipo 2”, explica o Dr. Miguel, que acompanha pacientes do nascimento até o fim da adolescência.

Dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) reforçam a preocupação. Em apenas uma década, o número de crianças e adolescentes entre cinco e 19 anos com obesidade aumentou dez vezes no mundo. No Brasil, as projeções apontam que, até 2035, metade das crianças e adolescentes pode estar acima do peso ideal.

A obesidade infantil é um fator de risco para a vida adulta. Cerca de 50% dos adolescentes com obesidade permanecerão obesos quando adultos, o que aumenta a chance de desenvolver doenças crônicas não transmissíveis”, destaca o médico.

Menos brinquedos, mais cacau

O endocrinologista também chama a atenção para a escolha do tipo de chocolate. “Os com maior teor de cacau, como os amargos ou com 70% de cacau, possuem menos açúcar e gordura, sendo opções melhores para quem deseja equilibrar sabor e saúde”, aconselha.

O pediatra Antonio Carlos Turner diz que é preciso optar por chocolates com maior teor de cacau (acima de 40%) e menor adição de açúcar. “Quanto mais cacau, mais benefícios para a saúde”, ressalta.

E atenção aos brindes que vem junto com o ovo de chocolate: nem todo brinquedo é adequado para todas as idades. “Verifique sempre o selo do Inmetro e a faixa etária recomendada na embalagem. Vale frisar também que a presença dos pais é fundamental no momento de abrir o ovo, garantindo a segurança e a alegria da criança”, diz o médico.

Nem só de chocolate é feita a Páscoa. De acordo com Turner, é possível comemorar a data com alternativas divertidas e saudáveis.

É interessante considerar opções de presentes, tanto para as crianças menores quanto para os maiores, como coelhos de pelúcia, livros interativos e jogos educativos. E mais: lembre às crianças que o consumo de chocolate deve ser reservado às ocasiões especiais, como a Páscoa, e não ao dia a dia”, conclui o médico pediatra Antonio Carlos Turner.

Dr Miguel reforça que o objetivo não é transformar a Páscoa em um momento de restrição, mas sim de consciência. “É possível celebrar com alegria, criar memórias afetivas e, ao mesmo tempo, cuidar da saúde das crianças. A moderação é o melhor caminho”, finaliza.

7 dicas para ajudar pais e responsáveis

A pediatra Anna recomenda a preferência por chocolates com ingredientes naturais, como tâmara no lugar de açúcar refinado. “Sempre confira os rótulos. Muitos doces com apelo infantil escondem conservantes, gorduras hidrogenadas e aditivos que não fazem bem à saúde dos pequenos”, alerta a pediatra.

Para ajudar os pais e responsáveis a terem um feriado sem estresse (e sem briga com a criançada!), a Dra. Anna lista estratégias simples e eficazes:

  1. Entregue o ovo no domingo de Páscoa: evite que a criança passe o feriado inteiro beliscando chocolate.
  2. Escolha ovos pequenos: embalagens grandes estimulam o consumo exagerado.
  3. Combine antes: defina com seu filho quantos pedacinhos ele poderá comer por dia.
  4. – Seja exemplo: o comportamento dos pais influencia diretamente os hábitos das crianças.
  5. – Evite doces com brinquedos: há risco de engasgo e estímulo ao consumismo.
  6. – Faça a tradicional caça aos ovos ao ar livre: além de divertida, a brincadeira incentiva o movimento.
  7. Divida o que sobrou: se no fim do feriado ainda tiver muito chocolate em casa, incentive seu filho a compartilhar com outras crianças.

Não é sobre proibir, e sim sobre ensinar escolhas melhores. A infância é uma fase de formação do paladar e do comportamento alimentar. Por isso, é importante evitar excessos e transformar a Páscoa em uma experiência saudável e divertida”, explica Dra Anna.

Com Assessorias

 

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