hipertensão arterial é uma condição crônica e multifatorial, frequentemente sem sintomas aparentes, marcada pela elevação contínua da pressão sanguínea (≥ 140 mmHg e/ou ≥ 90 mmHg). Considerada um dos principais fatores de risco metabólico, ela tem grande impacto na mortalidade geral, além de ser uma das principais causas de doenças cardiovasculares (DCV).

Por ser uma doença silenciosa, pode se manifestar sem sinais perceptíveis, mas, quando surgem, os sintomas mais comuns incluem tontura, falta de ar, palpitações, dores de cabeça recorrentes e alterações na visão. Entre as mulheres o risco é maior especialmente durante a gravidez e na menopausa. Por isso, o controle da hipertensão é fundamental para saúde e bem-estar da mulher.

O acompanhamento ginecológico deve abranger todos os ciclos da vida da mulher, desde adolescência, passando pela gravidez, até a senescência”, comenta  José Maria Soares Junior, ginecologista e presidente da Comissão de Ginecologia Endócrina da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).

Pressão alta na gestação e risco de pré-eclâmpsia

Na gravidez, a pressão alta representa um alto risco. De acordo com dados do Ministério da Saúde, estima-se que cerca de 15% das gestantes desenvolvam síndromes hipertensivas – que incluem hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia.  Elas representam a principal causa de morte materna no país, com taxas que podem chegar até 170 óbitos maternos por 100 mil nascidos vivos em serviços especializados em alto risco obstétrico.

“A primeira gestação é um fator de risco independente para pré-eclâmpsia”, acrescenta o ginecologista. A avaliação do índice de massa corpórea (IMC) também pode ser importante na paciente com obesidade, principalmente a mórbida. “Quando indicada, a terapia estrogênica pode auxiliar na melhora da pressão arterial”, afirma o médico, que é um dos palestrantes do  62º Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia – CBGO, que acontece de 17 a 20 de maio no Rio de Janeiro.

‘A polêmica da predição e prevenção da pré-eclâmpsia’, ‘Pré-eclâmpsia: reduzindo a razão de morte materna’, ‘Síndromes hipertensivas da gravidez’ e ‘Pré-eclâmpsia: Atualização’ são temas da grade científica do evento.

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18% das mortes foram causadas por hipertensão

Dados recentes de uma pesquisa realizada pela Unicamp revelam que, entre 2012 e 2023, quase 21 mil mulheres morreram durante a gravidez, o parto ou o puerpério. Cerca de 18% dessas mortes ─ um total de 3.721 ─ ocorreram por complicações decorrentes da hipertensão.

Com isso, a taxa de mortalidade materna no Brasil chegou a 61,8 a cada 100 mil nascimentos. Embora esteja abaixo do limite de 70 estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o número ainda está muito acima da média de países desenvolvidos, onde os índices variam entre 2 e 5 mortes por 100 mil.

Complicações por hipertensão durante a gravidez, no parto ou no pós-parto são evitáveis quando diagnosticadas e tratadas precocemente. Por isso, o acompanhamento adequado com um especialista é essencial”, afirma Camila Martin, ginecologista e obstetra com mais de 11 anos de experiência, especializada pela Febrasgo.

Como prevenir e controlar a pressão alta nas mulheres

Já na menopausa, estudos mostram que vários fatores podem influenciar na pressão arterial sistêmica, como o aumento de peso, a resistência insulínica e ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona – um sistema hormonal que desempenha papel essencial na regulação da pressão arterial, do volume sanguíneo e do equilíbrio de água e sais no corpo.

Entre as orientações dos ginecologistas, é recomendado incluir a mudança de estilo de vida com aumento da atividade física e dieta nutricional adequada para perda de peso. Avaliar os hábitos alimentares como consumo de alimentos processados e ultra-processados, frequentemente, são outros fatores de atenção, bem como o uso de medicamentos.

O médico acrescenta ainda a importância em avaliar a história clínica da paciente durante a consulta, como sedentarismo, tabagismo, alcoolismo e antecedentes familiares relacionados com hipertensão arterial sistêmica e doença cardiovascular.

A avaliação antropométrica e da frequência e aferição da pressão arterial fazem parte da consulta do ginecologista. Contudo, o tratamento deve ser compartilhado com o cardiologista ou o clínico geral, que são mais aptos no tratamento desta afecção”, alerta o ginecologista.

Com Assessorias

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