Crianças e chocolate: existem idade, quantidade e tipo ideais?

Nutricionistas orientam sobre cuidados que devem ser tomados por pais e responsáveis. Dentista dá dicas de cuidados com a saúde bucal

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Com a chegada da época mais doce do ano, os chocolates ficam ainda mais em evidência e as famílias começam a se questionar se podem ou não oferecer o alimento aos pequenos. É quase impossível não relacionar Páscoa a chocolate, ainda mais para as crianças. Do outro lado da mesa, surgem os questionamentos por parte de pais e responsáveis: vale a pena dar esse alimento para os pequenos? Quais ingredientes devem ser evitados? Quais os males e benefícios do produto

A nutricionista Giliane Belarmino, consultora de Philips Avent, explica que o paladar é construído na infância, desde a amamentação, introdução alimentar até meados dos dois anos de idade. Período em que o consumo do açúcar deve ser evitado.

“O sabor adocicado é mais atraente ao paladar infantil. Ao oferecer doce e açúcar nessa fase, o bebê terá mais dificuldade em aceitar uma fruta menos doce, por exemplo. Esse tipo de alimento deve ser introduzido após os dois anos de idade, minimizando os riscos de obesidade infantil, diabetes e doenças crônicas na fase adulta. Além disso, há maior risco de desenvolvimento de cáries e outras infecções bucais”, explica;

A especialista reforça que o consumo de açúcar também pode aumentar o nível de hiperatividade e alterar o humor das crianças, afetando o comportamento, a concentração e o foco para exercer atividades da rotina, como as tarefas escolares e o sono.

“Após os 24 meses, a criança pode começar a experimentar alimentos doces, mas é preciso cautela com a quantidade, que deve ficar entre 19g e 25g por dia. Valor que equivale a um picolé ou um pote de iogurte, por exemplo”, completa.

Para aquelas famílias que a experiência da Páscoa é fundamental, a nutricionista recomenda oferecer para as crianças menores de dois anos ovos e chocolates de alfarroba, como uma opção sem açúcar e sem leite que se assemelha ao chocolate e pode ser oferecida desde os seis meses para o bebê.

Chocolates com porcentagem de cacau superior a 70% são os mais indicados, mas por serem mais amargos podem não ser bem aceitos pelas crianças.

“Na impossibilidade de oferecer o chocolate amargo, os pais podem incentivar o consumo do chocolate meio amargo – 55% de cacau – que possui razoável quantidade de cacau, menos gordura e menor quantidade de açúcar, se comparado aos chocolates ao leite e o branco”.

Primeiro chocolate

A partir dos dois anos de idade, se a criança nunca provou doces pode aceitar melhor o chocolate amargo. O recomendado é oferecer um pequeno quadrado do doce, de no mínimo 70% de cacau, e observar como o pequeno reage ao sabor, textura e cheiro, além de identificar possíveis reações alérgicas.

“Experimente fazer a Páscoa de maneira lúdica, com brincadeiras e atividades que estimulem a criatividade e a movimentação dos pequenos. Opte pelos mini ovinhos de chocolate, que são ideais nessa idade pelo tamanho do doce, além de intercalar com outros lanches, como frutas picadas, iogurte natural e sanduíches naturais”, explica a nutricionista.

A quantidade de chocolate diária indicada para consumo pode variar de acordo com a idade da criança, o tipo de chocolate, o teor de cacau e a quantidade de açúcar e cafeína presentes em cada versão. Segundo Giliane Belarmino, a recomendação de consumo ideal é:

● Antes dos 2 anos: não é recomendado

● Dos 2 aos 6 anos: 10 gramas por dia, cerca de um quadradinho de chocolate

● Dos 7 aos 10 anos: 15 gramas por dia, cerca de dois quadradinhos de chocolate

A especialista destaca ainda que nem tudo do chocolate é prejudicial. “O cacau, que é o alimento-base do doce, é rico em flavonoides e fitoquímicos que auxiliam no exercício da memória e da cognição no cérebro. Em quantidades moderadas, também pode ajudar na redução de doenças cardíacas com o passar do tempo. As versões mais amargas possuem mais cacau e maior quantidade de nutrientes benéficos”, finaliza a médica.

Limites do chocolate para as crianças

Para Patrícia Souza, professora de Nutrição da Universidade Veiga de Almeida (UVA), a atenção aos rótulos é a principal aliada, tanto na escolha do melhor chocolate para crianças quando para adultos.

“Estamos falando de um produto com alto teor de gordura e açúcar. Sempre verifique a lista de ingredientes. Os itens são dispostos em quantidades – da maior para a menor, ou seja, no início da lista estará o ingrediente com maior quantidade usada e o último ingrediente da lista é aquele com a menor quantidade”, explica.

Apesar das ressalvas, o chocolate tem propriedades positivas para a saúde, especialmente os que têm maior concentração de cacau. A alta quantidade de polifenóis, antioxidante presente em sua composição, ajuda a combater o envelhecimento precoce, doenças cardiovasculares e, até mesmo, o câncer.

Para os pais de crianças, público-alvo da maioria das marcas de chocolates, além dos cuidados já citados, Patrícia destaca algumas dicas especiais:

  • Crianças de até dois anos não podem ter contato com alimentos que contenham açúcar adicionado para melhorar a doçura do produto, mas o ideal é postergar ao máximo. O paladar acaba se modificando, além de propiciar o surgimento de cáries.
  • Evite comprar ovos ou barras recheados para as crianças. Quanto maior a quantidade de ingredientes, maior a chance de ter açúcares e corantes, que podem contribuir para alergias.
  • Jamais entregue o ovo ou a barra toda para a criança. Ela não vai conseguir fazer uma administração correta e vai acabar consumindo mais chocolate do que deve.  É de responsabilidade dos adultos controlar a quantidade de chocolate que a criança vai consumir. Um ou dois quadradinhos de barra por dia é a quantidade ideal.
  • Se o produto for um ovo de Páscoa, é recomendado dividi-lo ao meio e cada metade deve ser consumida em cinco dias, de forma fracionada. Se o tamanho do ovo for grande, esse fracionamento deve ser reavaliado.  “Lembre-se que o consumo excessivo pode aumentar os riscos de diabetes e colesterol elevado”, completa.
  • É difícil para o paladar dos pequenos aderir ao chocolate amargo, mas tente priorizar chocolates com maiores teores de cacau. Evite também chocolate branco, que tende a ter ainda mais gordura e açúcar.

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Páscoa, açúcar e cáries: cuidados com a saúde bucal das crianças 

O aumento do consumo de chocolate durante a Páscoa amplia a necessidade de atenção com a saúde bucal das crianças. O açúcar, tão presente nos ovos, bombons, colombas e sobremesas comuns da data, é um dos principais fatores para o desenvolvimento da cárie, doença multifatorial caracterizada pela desmineralização do esmalte do dente ou da dentina.

“O açúcar alimenta uma bactéria que, em resposta, produz um ácido. Esse ácido desmineraliza o esmalte e reduz o pH bucal, favorecendo a colonização de mais bactérias associadas à cárie”, explica a cirurgiã-dentista Nídia Castro dos Santos, professora do curso de Odontologia do Ensino Einstein.

Para evitar o impacto negativo do consumo de açúcar na saúde bucal, a especialista recomenda que as porções de doces sejam oferecidas de forma moderada e em momentos pré-determinados.

“Quando a criança pega um pedaço de chocolate e vai brincar, depois volta e pega outro, dali a alguns minutos outro, há a manutenção de um nível alto de açúcar na boca, o que favorece a ocorrência da cárie”, afirma.

O estabelecimento de horários de oferta específicos e vinculados à rotina de escovar os dentes após as refeições evita que resquícios do doce permaneçam por horas na boca, alterando a acidez.

“Quando as crianças já estão acostumadas a escovar os dentes após as refeições é mais fácil. É um cuidado que existe na rotina e continua também na Páscoa”, observa Santos.

Outros aspectos que merecem atenção são os componentes dos ovos de Páscoa. As crianças podem tentar abrir as embalagens e os brinquedos que acompanham o doce usando os dentes, gerando riscos de engasgos e lesões.

“Não devemos usar os dentes para abrir nada, em nenhuma idade, porque há chances de machucar o lábio ou a gengiva ou mesmo quebrar o dente”, orienta a professora.

A especialista ressalta ainda a importância de acostumar as crianças a passar o fio dental antes da escovação e visitar regularmente o dentista. “O segredo da saúde bucal é manter o cuidado a vida toda”, ensina.

Bolo de chocolate saudável para as crianças

Nesta Páscoa, a nutricionista Renata Pigliasco traz uma opção de bolo de chocolate saudável que pode levar diversão ao dia de festa com as crianças participando do preparo do prato.

“Assim elas irão aprender a comer alimentos  saudáveis com o paladar menos doce e delicioso. Não estimulando as crianças a ingerir calorias vazias ou excesso de açúcar que podem gerar problemas de saúde na infância ou quando adulto como disbiose, diabetes, aumento de peso”, ressalta.

Para os adultos também é uma forma de saciar aquela vontade por um docinho de forma saudável. “O que vale é ter chocolate na mesa, para uma Páscoa em família saudável e gostosa”, diz a nutricionista.

Ingredientes
250g de chocolate 70%
200g de farinha de amêndoa ou castanha
130g de eritritol
30g de manteiga ghee
ovos
1 col sopa de fermento

Modo de preparo

Derreta o chocolate com a manteiga ghee. Bata as claras em neve.
Na batedeira ou  mix manual bata a gema com eritritol.
Misture levemente o chocolate derretido com a farinha de amêndoa. Depois de virar uma massa homogenia acrescente a gema batida com o eritritol. Mexa até ficar bem misturado e coloque em 3 etapas as claras em neve e o fermento.

Unte a forma com manteiga ghee ou oleo de coco. Pré aqueça o forno. Coloque a massa na forma e deixe por 20 min.

Ganache:
Derreta 200g de chocolate 70% ou 50%

100ml de leite de coco ou amêndoa

Derreta no fogo e coloque por cima do bolo

Com Assessorias

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