Cerca de 80% das pessoas sexualmente ativas serão infectadas pelo HPV em algum momento da vida, independentemente da orientação sexual. “Preservativos são fundamentais, mas não garantem proteção no caso do HPV. É necessário se vacinar”, explica  Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

A entidade acaba de lançar — em parceria com as sociedades Brasileiras de Pediatria (SBP) e Infectologia (SBI) — a terceira fase da campanha Onda Contra Câncer. O objetivo é informar a importância da vacinação contra o HPV na prevenção de diversos tipo de tumores malignos, em especial o de colo do útero, responsável pela morte de cerca de 5 mil mulheres no Brasil todos os anos.

A vacina é uma ferramenta segura, eficaz e oferecida gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) para boa parte da população. Não há motivos para recusá-la. Precisamos fazer a informação correr e acabar com os boatos que têm prejudicado à adesão no Brasil”, afirma a presidente da SBIm.

Como vencer o medo e o preconceito contra a vacina do HPV

Vacina previne câncer de colo de útero

A vacina quadrivalente contra o HPV, disponibilizada pelo SUS, é capaz de prevenir 70% dos cânceres de colo de útero, 90% das verrugas genitais e reduzir as chances de cânceres na vagina, vulva, útero e ânus. Além disso, há evidências de que ela também pode proteger contra o câncer de boca, que todos os anos atinge 14 mil pessoas e mata 5 mil, a maioria homens.

A fala da médica é respaldada pelos resultados obtidos pelos países que introduziram a vacinação há mais tempo. A Austrália, pioneira ao oferecer o imunobiológico para meninas, em 2006, e que hoje vacina pessoas de ambos os sexos entre 10 e 19 anos, está prestes a se tornar o primeiro país a eliminar o câncer de colo do útero, de acordo com a Sociedade Internacional de Papilomavírus.

Entre 2005 e 2015, a incidência de HPV nas mulheres australianas de 18 a 24 anos caiu de 22,7% para 1,5%, enquanto nas de 25 a 35 anos caiu de 11,8% para 1,1%. A Inglaterra, por sua vez, viu a ocorrência da infecção pelos HPVs 16 e 18 e de verrugas genitais ser reduzida em 75%, 86% e 62%, respectivamente, após iniciar a vacinação de meninas de 12 a 18 anos, em 2008.

Mais sobre a campanha

Esta edição da campanha, cujo mote é “HPV é para você”, pretende estender o diálogo para todos os públicos para quem a vacina é indicada e para as demais pessoas que podem ajudar a aumentar a adesão. Isso porque muitos ainda pensam que se trata de uma vacina somente para meninas, uma vez que foram elas as primeiras a serem beneficiadas pelo Programa Nacional de Imunizações.

A nova fase da campanha é exclusivamente online, por meio de um site (ondacontracancer.com.br/) e de redes sociais como o Facebook (facebook.com/sbim), além de inserções no Instagram, Snapchat, sites, blogs e canais do Youtube. A estratégia foi escolhida em função do alto engajamento dos adolescentes e jovens adultos nesses meios e a expectativa é a de que o conteúdo seja exibido ao menos 26 milhões de vezes e impacte 5,1 milhão de pessoas.

O site foi organizado em módulos com conteúdos voltados a cada grupo: médicos, e responsáveis por crianças e adolescentes, pessoas que vivem com HIV/Aids, casais heterossexuais e a população lgbta+.

Vacinas disponíveis

Atualmente, existem no Brasil duas vacinas contra o HPV: a HPV4, encontrada nas redes públicas e clínica privadas, e a HPV2, apenas nas clínicas privadas. A HPV2 é licenciada para mulheres a partir de 9 anos, sem limites de idade. Já a HPV4 é licenciada para meninas e mulheres de 9 a 45 anos e meninos e homens de 9 a 26 anos.
No SUS, a HPV4 pode ser tomada por meninas de 9 a 14 anos, meninos de 11 a 14 anos e pessoas de ambos os sexos nas seguintes condições: com HIV/Aids; pacientes oncológicos em quimioterapia e/ou radioterapia; transplantados de órgãos sólidos ou de medula óssea.

O esquema de ambas as vacinas é de duas ou três doses, de acordo com a idade de início da vacinação. Para pessoas de 9 a 14 anos, 11 meses e 29 dias são recomendadas duas doses, com intervalo de seis meses (0-6). A partir dos 15 anos e para pessoas imunodeprimidas por doença ou tratamento, independentemente da idade, são três: a segunda, um a dois meses após a primeira, e a terceira, seis meses após a primeira dose (0 – 1 a 2 – 6 meses).

Fonte: SBIm, com Redação

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