Imagine a situação: um homem, com mais de 45 anos, carrega em seu corpo um pequeno problema, que inicialmente não resulta em nada sério ou muito grave. Nos período iniciais, essa doença não compromete em nada a vida dele. No entanto, ao longo do tempo, se não for devidamente tratado, o problema pode resultar em complicações graves e levar até à morte.
Qual seria a reação mais natural? Obviamente, a primeira resposta que vem à mente seria ir ao médico e fazer os exames necessários para descobrir tratar da saúde. Mas essa não é a realidade quando falamos sobre o câncer de próstata, uma doença que tem tratamento relativamente simples, se for descoberto nos estágios iniciais. No entanto, o preconceito ainda é um dos grandes entraves.

O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que 47% dos homens com câncer de próstata em estágio avançado desconhecem que têm a doença, mesmo sendo a segunda maior causa de morte por câncer entre homens no Brasil. Isso se dá, principalmente, pelo preconceito com o exame de rastreamento, o toque retal, indicado para homens com mais de 40 anos.

O câncer de próstata, quando diagnosticado precocemente, tem chances de cura de cerca de 90%, mas apenas 32% dos homens em idade indicada fazem o rastreamento. Ou seja, trata-se de um preconceito que pode levar à morte.

Durante o Novembro Azul, diversas campanhas educativas servem para convocar os homens a cuidarem de sua saúde. Diversos prédios, ao redor do mundo, se iluminam de azul como forma de ressaltar a necessidade e importância da regularidade na realização dos exames para a saúde masculina.
O principal objetivo deste período é alertar para o câncer de próstata, uma doença que um a cada 6 homens desenvolverão em algum momento da vida. Por isso, é tão importante a realização dos exames, principalmente o de toque. É justamente nesse ponto que o preconceito se torna o maior inimigo da vida.
“O mito de que o exame afeta a masculinidade ainda permeia a mente de alguns. Mas superar o preconceito e fazer o exame passa a ter muito mais valor quando o que está em jogo é a saúde e a qualidade de vida”, afirma Aldemir Rizzo, coordenador do Centro Médico do Instituto Presbiteriano Mackenzie (IPM).

Mais chances de cura na fase inicial

Nos estágios iniciais, o câncer de próstata não apresenta sintomas. Esta fase “silenciosa” da doença é extremamente importante para o tratamento, afinal, 90% dos casos que são descobertos ainda nos estágios iniciais apresentam altas chances de cura. Logo, o melhor remédio é a prevenção, obtida pelos exames.

Nesse cenário de mitos e preconceito quanto ao exame, o Novembro Azul serve como um lembrete para que a saúde masculina seja prioridade. “A ampla divulgação de matérias sobre o assunto, em vários tipos de mídia, procuram esclarecer a importância da detecção precoce da doença, os tratamentos disponíveis, e desmistificam os tabus dos exames diagnósticos”, reafirma Rizzo.

De acordo com o médico urologista Leonardo D’Agnoluzzo, do Hospital Universitário Evangélico Mackenzie (HUEM) e professor na Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (Fempar), a melhor forma de se prevenir contra o câncer é realmente pelo diagnóstico. “Infelizmente, não existe orientação específica comprovada para a prevenção do câncer de próstata, o que reforça a necessidade de exames de rotina para a detecção precoce”, explica.

Existem alguns fatores de risco que aumentam as chances de um homem desenvolver o câncer de próstata, como histórico familiar, idade, sedentarismo e alimentação rica em gorduras. Estudos indicam que homens negros também apresentam maiores chances de desenvolverem a doença.

Ter hábitos saudáveis, como alimentação balanceada e prática de exercícios regulares, até podem ajudar a diminuir os riscos do corpo desenvolver câncer, de forma geral. Além disso, cuidar da saúde mental, evitar ambientes poluídos, não fumar e beber com moderação são alguns caminhos que podem auxiliar nesse processo.

“Mas é importante ressaltar: nada retira a importância de se realizarem exames periódicos. Portanto, homens, vamos acabar com o preconceito. Procure seu médico e faça seus exames”, apela o médico.

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