Os chamados nativos digitais vivem essa ambiguidade entre o desejo de se conectar e o medo de ser exposto. Muitos adolescentes se cobrem numa tentativa de ter a sensação de privacidade. O medo do bullying é a questão central desse comportamento, principalmente no ambiente on-line, onde é mais propenso a ter esses julgamentos, que são muito rápidos e também muitos cruéis”, diz Bárbara Couto.
Fase da construção da imagem
Os adolescentes estão na fase da construção de suas identidades e a autoimagem tem um peso enorme. Além disso, ainda não se desenvolveram emocionalmente e dão muita importância ao que se pensa e fala sobre eles.
Quando um adolescente se nega a estar em uma foto, os pais precisam respeitar esse desejo. Não ultrapassar esse limite é uma forma de reconhecer a autonomia e as necessidades emocionais dele. Com isso, os filhos entendem que podem confiar nos pais e que as decisões deles são levadas em consideração. Isso é muito importante para o desenvolvimento emocional deles”, esclarece a psicóloga.
Comparação com influenciadores digitais
E nessa construção das suas imagens, os adolescentes precisam de referência, ter em quem se espelhar. Ao mesmo tempo, são muito vulneráveis às críticas. O problema é quando os adolescentes têm como referência as celebridades, que mostram nas redes sociais imagens da rotina e de corpos perfeitos, além de padrões de vida inatingíveis.
Isso também pode influenciar no comportamento de não querer se expor nas redes sociais. Nessa fase, a pessoa busca aceitação e pertencimento. A comparação com a vida das celebridades pode gerar uma sensação muito grande de inadequação e imperfeição. Então, os adolescent es escondem o rosto porque não se enquadram nesses padrões de perfeição. O medo de não se encaixarem e não se validarem socialmente reforça esse comportamento de cobrir o rosto”, relata Bárbara.
Nesses casos, os profissionais de saúde mental são muito importantes, porque a terapia é onde o adolescente pode desenvolver ferramentas para lidar com essa pressão e ter uma percepção mais saudável de si mesmo”, explica a psicóloga.
Como ajudar o adolescente a se aceitar
Para aprender a lidar com essa fase de insegurança e inadequação, os adolescentes precisam se sentir seguros, acolhidos, ouvidos e respeitados. Os pais, adultos da relação, devem estar dispostos a dialogar de forma aberta e sem julgamento.
Mas sempre validando os sentimentos desse adolescente, que precisa saber que as emoções dele têm uma razão de existir. Ele precisa ter certeza de que está sendo compreendido e de que não está sozinho para lidar com essa situação. É preciso orientar e não punir ou forçar a exposição que ele não quer,” finaliza Bárbara Couto.