Apesar do sucesso nas passarelas, a jovem de 22 anos foi vítima de ataques nas redes sociais, fato que inspirou a criação de uma lei que estabelece medidas de combate ao assédio on-line e ao cyberbullying direcionado a pessoas com deficiência no Estado do Rio de Janeiro.
A Lei Maju de Araújo foi publicada em edição extraordinária do Diário Oficial nesta quarta-feira (9/4), em plena Semana Nacional de Combate ao Bullying e à Violência nas Escolas. A norma institui a criação de canais de denúncia, obriga plataformas digitais a promoverem campanhas de conscientização e determina a oferta de recursos de acessibilidade, como intérpretes de Libras.
Durante a cerimônia para sanção da nova lei, realizada nesta quarta-feira (09/04) no Palácio Guanabara, Adriana Araújo, mãe de Maju, emocionou o público ao destacar a transformação esperada com a nova lei.
Pessoas com nanismo comemoram
Caroline Queiroz, uma jovem carioca com nanismo, vítima de uma ação humilhante nas ruas de Niterói recentemente, reforçou a importância da lei para proteger quem é alvo de violência virtual.
O que a gente quer é o básico: viver com dignidade e sem discriminação. Essa lei nos representa e mostra que não estamos sozinhos. Sinto muito orgulho de estar aqui e participar de uma comunidade que nos apoia e consegue nos dar o máximo suporte”. comemorou.
Também nascida com nanismo, a sambista Viviane de Assis, passista da Viradouro, de 45 anos, aproveitou o momento para expor sobre os constantes olhares e comentários desrespeitosos que sofre nas ruas.
Respeito é bom e a gente gosta. Eu sou mãe, sou vó de uma criança autista e a luta não acaba nunca. A câmera que hoje registra nosso orgulho e resistência é a mesma que, lá fora, muitas vezes, é usada para zombar. Nosso lugar é onde quisermos estar. Eu quero ser ouvida. Agradeço ao Estado por olhar por nós e entender a nossa dor diária”, disse Viviane.
A subsecretária de Políticas Inclusivas, Beatriz Pacheco, destacou que o combate ao assédio on-line é urgente e que o governo está comprometido com a garantia de direitos.
Nenhum corpo deve ser alvo de piada ou escárnio. O que parece uma brincadeira é, muitas vezes, uma agressão psicológica, moral e emocional. Nosso trabalho é garantir visibilidade e respeito às pessoas com deficiência. Queremos dar voz a essas pessoas que muitas das vezes não são escutadas”, ressaltou
O autor do projeto, deputado estadual Fred Pacheco, que é presidente da Comissão da Pessoa com Deficiência da Alerj, destacou que a lei é fruto de histórias reais e da necessidade urgente de combater o ódio disfarçado de piada. Para ele, o texto representa uma resposta firme do Estado a esse tipo de violência.
Não podemos tolerar que pessoas com deficiência sejam alvo de violência por trás das telas, que muitas vezes é disfarçada de brincadeira. Essa lei nasce de uma dor real e transforma indignação em política pública. Nosso governo está ao lado de quem luta por respeito, inclusão e dignidade”. afirmou o governador Cláudio Castro, durante a cerimônia.
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‘Pessoas com síndrome de Down tem seus próprios propósitos’
Aos 19 anos, em 2022, a influenciadora também lançou a campanha “Eu escrevo a minha história”, que visa desconstruir a imagem estigmatizada que a sociedade tem acerca de pessoas com deficiências. A nova embaixadora da ONG “Nosso Olhar”, a entidade tem como objetivo mobilizar e educar a sociedade para um mundo mais inclusivo, com foco nos indivíduos com Síndrome de Down:
Tenho consciência da importância de usar a minha voz para chamar a atenção de todos e mostrar que as pessoas com Síndrome de Down tem seus próprios propósitos de vida e que nada pode nos delimitar ou definir””, disse Maju ao aceitar o convite.
Como novo rosto da ONG, Maju tem inspirado ainda mais pessoas a lutarem por seus sonhos. A entidade trabalha com pilares especiais que movem seus projetos e ações, como: famílias que recebem a notícia sobre o filho com Down, incentivo à educação, capacitação das pessoas com deficiência para inserção no mercado de trabalho, além de ações para garantir a participação da terceira idade. Tudo para ajudar a transformar a sociedade em um ambiente mais inclusivo e de real acesso a todos