Milhares de pessoas aguardam resultados de testes

Somente em são Paulo, famílias de 679 mortos esperam resultados do teste do coronavírus. Das 40 mil amostras, 11 mil foram descartadas por laboratório

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Em São Paulo, famílias de 679 pessoas que morreram com suspeita de coronavírus aguardam os resultados dos testes para confirmar a causa da morte. Ao todo, são mais de 40 mil pessoas aguardando resultados da testagem. Em entrevista à Globonews, o jornalista Humberto do Lago Muller, que teve sintomas típicos da covid-19 e já está curado, disse que aguarda há 23 dias pelo resultado do teste. Para piorar a situação, cerca de 11 mil amostras foram descartadas pelo Instituto Adolfo Nutels por serem consideradas inapropriadas.

O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) informou que denunciou o Instituto Adolfo Lutz na sexta-feira (10) ao Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) e à Secretaria de Estado de Saúde por indícios de irregularidades no armazenamento de cerca de 20 mil amostras que deverão passar por testes de covid-19. O Conselho abriu também sindicância para investigar as responsabilidades dos médicos e gestores do instituto.

Durante uma fiscalização realizada na tarde de quinta-feira (9), o Cremesp encontrou as 20 mil amostras in natura em geladeiras indicadas para a conservação desse tipo de material por até 72 horas. O Conselho afirmou que as condições de armazenamento no instituto invalidam as amostras para os testes.

“Com um número tão alto e capacidade atual para processar 1,4 mil testes diários, a maior parte deste material estaria fora dos padrões de qualidade e confiabilidade para a realização dos testes, de acordo com protocolos e procedimentos internos da própria instituição”, diz comunicado do Cremesp.

Ainda de acordo com o Conselho, na vistoria, o instituto também não demonstrou como realiza o sistema de priorização de exames, conforme determinação da Secretaria, para casos graves como Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e óbitos..

Estado nega denúncias

A Secretaria de Estado da Saúde disse que “é falsa a informação de que são 20 mil exames ‘parados’ no Instituto Adolfo Lutz”. Em nota, o órgão afirmou que, das 17 mil amostras que aguardam os testes, cerca de 9 mil serão priorizadas pela Plataforma de Laboratórios, constituída por 45 unidades, coordenada pelo Instituto Butantan e distribuídas na rede para processamento imediato.

Além disso,  foram adquiridos mais de 1,3 milhão testes para diagnósticos, com foco na otimização da liberação de resultados. Com a chegada neste final de semana, será possível o início da ativação da capacidade plena da rede, com a realização de 8 mil testes diariamente”, diz a nota da secretaria.

Em relação às temperaturas de conservação adotadas pelo instituto, a secretaria disse que elas não interferem na qualidade das análises. Segundo o órgão, o Adolfo Lutz possui geladeiras e freezers com capacidade para armazenamento seguindo as indicações do protocolo adotado pela OMS para diagnóstico de covid-19, denominado Charité/Berlim, que não define tempo mínimo de manutenção sob refrigeração. A recomendação é manter a amostra refrigerada, ou a -20ºC ou a -70ºC.

“Pesquisadores do Adolfo Lutz já realizaram testes de viabilidade de detecção do novo coronavírus em amostras mantidas em refrigeração por mais de uma semana, identificando o vírus normalmente”, diz a nota. A secretaria disse ainda que não foi oficialmente notificada, até o momento, mas está à disposição do Cremesp e do MP para esclarecimentos.

Linha direta

O Cremesp criou canais de denúncia, exclusivos para o período de pandemia de covid-19, que são avaliadas por fiscalizações. Nestes canais, médicos e profissionais de saúde podem relatar falta de insumos, EPIs ou irregularidades em seu ambiente de trabalho, entre outras. Desde o registro do primeiro caso de covid-19 em São Paulo, já foram recebidas mais de 300 denúncias, de diversos municípios de São Paulo, incluindo a capital.

O Cremesp reitera que é importante que os profissionais de saúde estejam atentos e relatem as irregularidades. As denúncias podem ser feitas pelos seguintes canais do Cremesp: 11 98286-3722 (whatsapp) e covid-19@cremesp.org.br. Outras orientações aos médicos sobre covid-19 estão disponíveis no hotsite covid-19@cremesp.org.br (sem www).

Com Agência Brasil e Cremesp

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