Conviver com o diagnóstico da artrose não é tarefa fácil, principalmente quando a doença degenerativa – caracterizada pelo desgaste das cartilagens que envolvem as extremidades ósseas – atinge a articulação do joelho, provocando fortes dores e reduzindo, gradativamente, a autonomia e mobilidade para a realização das tarefas mais simples do dia a dia.
Como alternativa para cura efetiva, as cirurgias de substituição do joelho por próteses ortopédicas, que já vinham sendo realizadas há algumas décadas por médicos ortopedistas especialistas, ganharam, nos últimos anos, boas perspectivas com a chegada de novas plataformas robóticas, que passaram a operar em parceria com estes profissionais e já ajudaram a reabilitar centenas de pacientes.
De acordo com Marco Demange, médico ortopedista especialista em cirurgia do joelho e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), a precisão das novas soluções tecnológicas, inclusive, é um dos fatores cruciais para o sucesso desses procedimentos.
“A cirurgia colaborativa permite captar informações antes da cirurgia, por meio de exames de imagem especiais como a X-Atlas, uma radiografia panorâmica com esferas metálicas que permitem calcular o tamanho dos componentes da cirurgia, entre eles, a inclinação e o alinhamento das próteses à anatomia óssea, para que o planejamento prévio seja feito em um software exclusivo”, explica.
Segundo ele, durante a cirurgia, o médico pode captar novamente todos os dados do formato do joelho, especialmente para fazer ajustes finos, de maneira que o sistema robótico colaborativo permita a remoção das saliências ósseas para maior precisão, de forma personalizada para cada paciente.
Com a tecnologia em usa há quatro meses, Luiz Costi (foto), professor de Ortopedia na Universidade de Pernambuco (UPE) e médico ortopedista especialista em cirurgia de joelho, que atua há 40 anos na área e integra o Arthro, grupo de especialistas associados do Hospital Memorial São José, o advento da nova tecnologia tem garantido resultados cada vez mais promissores aos pacientes e à equipe médica.
“As próteses de joelho devem ser colocadas dentro do alinhamento correto, para que não haja a soltura dessa estrutura com um tempo bem menor do que o esperado”, destaca o profissional.
Precisão, recuperação rápida e com menos dores
Para Maria de Fátima Bilotti (foto), de 63 anos, que recentemente realizou a cirurgia em ambos os joelhos com Dr. Marco Demange, a reabilitação foi extremamente rápida, assim como a recuperação de sua mobilidade e qualidade de vida. Ela operou o primeiro joelho em outubro de 2021 e o segundo, em fevereiro deste ano. Foi para casa caminhando, com auxílio do andador, mas praticamente não o utilizou.
“Tive poucas dores, minha cicatrização foi muito rápida, mesmo tendo feito o alinhamento das duas pernas. Gosto muito de caminhar e, graças à cirurgia, pude retomar esta atividade, assim como a prática de exercícios com a bicicleta ergométrica horizontal. Ainda trabalho como dentista e levo uma vida bem agitada, não deixo de fazer mais nada”, declara.
José Luiz Ricchetti, 69 anos, também paciente do Dr. Demange, conta que suas dificuldades com a articulação do joelho começaram desde muito jovem, quando sofreu um acidente aos 18 anos.
Adepto da prática de esportes como o tênis, sua situação foi se agravando com o passar dos anos, até chegar ao ponto de a artroplastia ser a única solução para que pudesse se livrar das dores e ter sua rotina de volta.
Ele conta que fez a cirurgia de substituição do joelho por próteses ortopédicas em ambas as articulações, a primeira delas por meio das técnicas convencionais e a segunda, com apoio do robô.
“A segunda foi um processo nitidamente mais rápido. Em poucas semanas estava recuperado e conseguia dobrar bem o joelho. Menos tempo de fisioterapia, menos dor e menos traumas musculares nesta última cirurgia. Já estou fazendo caminhadas e pretendo, em breve, voltar ao tênis”, conta o paciente.
Uma nova vida é também compartilhada por Claudia Rescigno Almeida, 60 anos, que teve sua cirurgia do joelho realizada pelo Dr. Luiz Costi. Ela conta que em seis meses após o diagnóstico e indicação da cirurgia, já conseguiu realizá-la.
“Antes do procedimento não conseguia me locomover, precisava ser carregada de um local para outro. Sofro também de Mal de Parkinson, então, essa cirurgia foi para mim uma bênção. Em uma semana após a cirurgia já estava andando e já estou terminando o período de fisioterapias”, comemora a paciente.
Médicos & robôs: procedimentos realizados de maneira colaborativa
Apoio de sistemas robóticos aumenta a precisão dos procedimentos, facilitando o posicionamento das próteses ortopédicas e a rápida recuperação dos pacientes
No Brasil, a presença da tecnologia robótica na medicina, assistindo a atuação dos profissionais da saúde, já é uma realidade. Após a chegada ao país, em 2008, a abrangência deste tipo de operação vem sendo ampliada ano a ano. Para isso, foi criada uma verdadeira parceria entre cirurgiões e robôs, e a técnica passou a colecionar relatos positivos da comunidade científica pelos benefícios gerados tanto aos pacientes quanto às equipes médicas.
A artroplastia – implante da prótese de joelho – é recomendada para casos avançados de artrose, doença que acomete as extremidades ósseas pelo desgaste das articulações e que, segundo pesquisa realizada no Reino Unido e publicada na revista The Bone and Joint Journal, acometeu um número dobrado de pessoas durante a pandemia. Por ser degenerativa, a doença compromete a mobilidade e causa dor aos pacientes, reduzindo a qualidade de vida.
Henrique Barra Bisinotto, médico ortopedista, especialista em cirurgia do joelho, comentou o interesse em realizar cirurgias com apoio de sistemas robóticos, reconhecendo os benefícios para a equipe médica e os pacientes.
“Para os pacientes, a vantagem de poder ser menos agressivo na cirurgia, facilita a reabilitação. Além disso, esse diferencial minimiza a possibilidade de erros da equipe no posicionamento dos componentes, alinhamento. Talvez na localidade onde moro hoje, interior de Minas Gerais, seja mais difícil a chegada dessa tecnologia, mas havendo oportunidade de trabalhar com ela, tenho muito interesse”, ressalta o profissional.
Para Altaídes Lima, médico ortopedista, especialista em cirurgia do joelho, que atua no Hospital Dr. Lima, em Cascavel, Paraná, por se tratar de algo novo, a comunidade médica ainda tem muito a entender sobre tecnologias.
“Creio que a longo prazo teremos um feedback bastante positivo a respeito do material. Já podemos ver, entre os benefícios oferecidos pela tecnologia, a precisão para a equipe médica e melhores resultados de pós-operatório aos pacientes. Nos próximos anos, a robótica vai impactar as cirurgias ortopédicas em questão de eficiência nos resultados”, comenta.
Segundo Moisés Cohen, professor titular de ortopedia, traumatologia e medicina do esporte da Universidade Federal de São Paulo, a tecnologia veio para ficar, apresentando grandes resultados que, inclusive, serão capazes de convencer os gestores de saúde pública sobre seus benefícios, observando a já consolidada presença da solução no setor privado.
“Pensando em saúde pública, com todos os dados das cirurgias realizadas já computados, podemos notar menor incidência de novas cirurgias, melhora na qualidade de vida do paciente e volta mais rápida ao trabalho. Se colocarmos tudo isso em uma planilha, os próprios gestores de saúde pública vão se convencer que é uma tecnologia cujos benefícios superarão os custos. Esperamos que todos possam se beneficiar do uso do robô. Quando o SUS estiver utilizando o robô, com certeza, a iniciativa privada estará pensando em outras inovações, é assim que as coisas acontecem”, destaca Dr. Cohen.
Fonte: ROSA® Knee System, com Redação