AVC em jovens: qualquer pessoa corre risco, em qualquer idade

Jovem de 16 anos se recupera de AVC hemorrágico graças a atendimento ágil em emergência do SUS. Médicos explicam riscos do AVC em jovens

Beatriz com a equipe de atendimento da UPA Zona Leste de Santos: ela voltou para agradecer pronto atendimento que salvou sua vida (Fotos: Divulgação)
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Popularmente conhecido como derrame, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das principais causas de morte, incapacidade e hospitalizações em todo o mundo. Mas, ao contrário do que muita gente pensa, não é uma doença que atinge apenas pessoas acima de 60 anos. Qualquer pessoa, independentemente da idade, corre o risco de ser acometido por um AVC.

Beatriz sofreu AVC hemorrágico com apenas 16 anos (Foto: Álbum de Família)

Foi o que aconteceu com Beatriz Garcia Lopes, de 16 anos, que surpreendeu a equipe médica da Unidade de Pronto Atendimento 24h Zona Leste, em Santos (SP), no dia 12 de setembro. A adolescente foi diagnosticada com um AVC hemorrágico. A doença é responsável por apenas 15% de todos os casos, mas é mais letal que o AVC isquêmico, de acordo com o Ministério da Saúde.

Ao ser levada à emergência do Sistema Único de Saúde (SUS), Beatriz foi atendida pela equipe multidisciplinar. Após a triagem, os profissionais perceberam a necessidade imediata de intubação, realizada na própria unidade. Beatriz foi transferida para um hospital, onde passou por uma cirurgia. Depois disso, ela e seus pais retornaram à unidade em agradecimento aos profissionais.

“Quero agradecer a toda equipe que estava de plantão no dia do evento.A pronta ação do Dr. Jeferson e sua equipe, somada à proatividade da Dra. Gisele em aplicar o protocolo rapidamente garantiram que hoje a minha filha esteja em plena recuperação”, disse Wagner Lopes, pai da Bia.

Mais casos de AVC em jovens na UPA alertam para prevenção

De janeiro a setembro de 2023, a UPA atendeu 91 pacientes com suspeita de AVC, sendo 21 deles com menos de 55 anos. O alerta para a ocorrência de casos com jovens é um dos pontos de conscientização do Dia Mundial do AVC, em 29 de outubro.

“Nessa idade, na maior parte dos casos, o AVC hemorrágico é uma intercorrência de malformação arteria-venosa, ou de rupturas de aneurismas, que são as dilatações anormais das artérias”, afirma Gisele Abud, médica e diretora técnica da unidade.

O angiologista e cirurgião vascular Celso Ricardo Bregalda Neves, membro da Comissão de Doenças Carotídeas da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo, explica que a ocorrência de AVC em pacientes mais jovens não é rara. Os homens, em geral, são mais atingidos do que mulheres.

“Não há uma idade específica, já que alguns fatores de risco como uso de drogas, aneurismas, ferimentos na cabeça, hemofilia e defeitos cardíacos congênitos podem estar presentes em jovens e crianças. Mas é mais comum em idosos, a partir dos 65 anos, pela maior prevalência de aterosclerose e outras doenças nesta faixa etária”, declara Celso Ricardo Bregalda Neves.

Segundo ele, em torno de 25% dos AVCs acontecem em pessoas com menos de 65 anos, pois existem fatores de risco como sobrepeso, colesterol alto, diabetes, sedentarismo, entre outros, que não são relacionados necessariamente com idade avançada. “É importante destacar que crescem os casos da doença entre os jovens, às vezes pelo sedentarismo e alimentação desregulada. Por isso a necessidade de estabelecer hábitos saudáveis”, completa a Dra Gisele.

Protocolo de atendimento permitiu rápido socorro

Beatriz não apenas sobreviveu ao AVC, mas já se recuperou graças à pronta assistência da equipe multidisciplinar. A jovem foi atendida de acordo com o protocolo de AVC desenvolvido pela Pró-Saúde, gestora da UPA, cujo conteúdo foi apresentado na última semana durante o Simpósio de Urgência e Emergência de Santos.

Segundo Moisés Neto, diretor Hospitalar da UPA Zona Leste, o protocolo de atendimento aplicado foi fundamental para a recuperação da adolescente. “A implementação do protocolo nos permitiu tomar medidas imediatas para avaliar, diagnosticar e tratar a paciente, por meio de uma ação coordenada pela equipe multidisciplinar”, disse.

Dra Gisele explicou que o protocolo dinamiza o atendimento e afeta a administração do tempo, essencial na assistência a casos de AVC. Com processos bem estabelecidos, o diagnóstico e identificação para transferência do paciente tornam-se mais ágeis e precisos.

“É gratificante ver o retorno da Beatriz e saber que nosso trabalho foi bem-sucedido. Aplicamos um esforço diário para que os pacientes saiam bem e recuperados e a visita de Beatriz veio como afirmação dessa dedicação”, disse Thais Macedo, enfermeira da UPA Zona Leste.

Paciente pode sofrer mais de um AVC

As sequelas de um AVC podem ser variadas e incluem paralisias, déficits sensitivos, afasia, apraxias, negligência, agnosia visual, déficits de memória, alterações comportamentais, depressão e outras.

Dr Celso explica que a extensão das sequelas depende da área do cérebro afetada. O especialista explica ainda que é possível que uma pessoa sofra mais de um episódio, especialmente se permanecer exposta aos fatores de risco.

O diagnóstico do AVC é feito pelo exame clínico por médico especialista e exames de imagem que permitem identificar a área do cérebro afetada e o tipo de evento (isquemia ou hemorragia). Tomografia computadorizada de crânio é o método de imagem mais utilizado para a avaliação inicial do AVC, demonstrando sinais precoces de isquemia ou sangramento.

Especialistas indicam que 90% dos casos de AVC podem ser evitados com o controle dos fatores de risco, como hipertensão, diabetes e colesterol alto. A redução do tabagismo, prática de atividades físicas, alimentação equilibrada e controle do peso também são eficazes na proteção da doença.

Com Assessorias

 

 

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