Foi-se o tempo em que os homens ‘mandavam’ nos corpos das mulheres. Mas no Brasil, operadoras de planos de saúde – pasmem, meninas – têm exigido o consentimento do marido ou do companheiro da mulher para a inserção de dispositivo intrauterino (DIU) hormonal ou não hormonal.

Diante da notícia, a Sociedade Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Sogesp) emitiu nota orientando médicos a não cobrarem assinatura dos homens em Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE) para a cobertura do procedimento.

“Como a obtenção desse documento é de responsabilidade do médico, conforme determina o artigo 22 do Código de Ética Médica, é importante que os profissionais tenham ciência de que essa exigência é descabida e ilegal”, destaca a Sogesp, em nota.

Além disso, a Resolução Normativa ANS nº 465/2021 prevê a cobertura implantação do DIU em seu Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde sem impor nenhuma regra específica para tanto, inexistindo qualquer Diretriz de Utilização para esse procedimento. A SOGESP disponibiliza em seu site, para seus associados, modelo de TCLE específico para a colocação de DIU.

‘Autorização’ masculina vale para laqueadura

No entanto, o documento ainda é exigido do marido ou companheiro para a realização da cirurgia esterilizadora feminina (também chamada de ligadura de trompas ou laqueadura tubária). Neste caso, “é necessária a obtenção do consentimento expresso do seu marido ou companheiro se a paciente for casada ou viver em união estável”.

De acordo com a Sogesp, esse tipo de cirurgia é regulamentada pela Lei nº 9.263/96, pela Portaria GS/SAS/MS nº 48/1999 e pela Diretriz de Utilização (DUT) nº 11 estabelecida pela Resolução Normativa nº 465/2021, da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Tudo que você precisa saber sobre o uso do DIU

Diu é um dispositivo intrauterino, é o método contraceptivo com menores índices de falha. É uma haste normalmente formada pelas letras T e Y que fica dentro da mulher liberando substâncias que tornam o útero um local hostil para o espermatozoide. Por isso é utilizado para quem não tem o desejo de engravidar por algum período de tempo (Podendo variar de 5 a 10 anos).

Atualmente existem dois tipos de DIU: Sem hormônios (De cobre ou prata), eos hormonais (Mirena ou kyleena). Para o ginecologista Kleber Cassius Rodrigues (foto), o que é levado em consideração na escolha do tipo de Diu é o fluxo menstrual dessa mulher. O de cobre aumenta o fluxo, e consequentemente ele pode aumentar também as cólicas menstruais levando a uma piora de qualidade de vida dessa mulher.

Durante a ação do DIU de cobre, há uma liberação de pequenas quantidades de cobre no útero, causando algumas alterações no muco, no endométrio e na motilidade das trompas. Ele pode permanecer no corpo da mulher por até 10 anos. O seu efeito colateral mais frequente é o aumento do fluxo menstrual, e ele não é indicado para mulheres que tem alergia ao cobre.

A diferença dos hormonais (Kyleena ou Mirena) é a quantidade de hormônios que eles carregam. O Kyleena é menor, com inserção menos descomplicada e pelo fato de ter menor quantidade de hormônios ele é indicado para quem tem o desejo de anticoncepção simples e diminuir o fluxo menstrual, não tendo assim uma função secundária que ajuda a tratar algumas alterações que a progesterona (hormônio inserido nesse tipo de DIU) nos favorece.

“Então quando a mulher tem o desejo de anticoncepção e alguma coisa mais a ser tratada, como por exemplo mioma, adenomiose e endometriose, fluxo menstrual forte ou doloroso, o ideal é que você opte pelo Mirina por ele ter uma pequena quantidade de hormônio em relação ao kyleena”, explica o dr Kleber Cassius Rodrigues.

Além da anticoncepção, o dispositivo vai ajudar no tratamento dessa patologia associada ao desejo reprodutivo. “O ideal é que vá ao ginecologista fazer seus exames, contar a sua história e decida junto com ele qual é o seu tipo ideal de DIU“, destaca.

O DIU não pode ser colocado em mulheres que apresentam infecção ginecológica ativa, gravidez suspeita ou presente, anormalidades anatômicas do útero, com câncer do endométrio ou colo do útero. Em cerca de 80% dos casos, o DIU Mirena por possuir hormônios pode suspender a menstruação definitivamente.

“Vale lembrar que após a retirada do DIU, a mulher retoma sua fertilidade de imediato. Assim, se não houver impedimentos, a gestação deverá ocorrer em curto espaço de tempo”, destaca.

Aplicativo facilita a vida de mulheres com DIU

Métodos contraceptivos de longa ação vieram para ficar. Para as mulheres que têm a preocupação de esquecer de tomar a pílula, há a opção de aderir a métodos como implantes, injeções, dispositivos intrauterinos (DIU) de cobre/prata e dispositivos intrauterinos hormonais. Essas opções permitem deixar de lado essa preocupação, possibilitando com que se sintam mais seguras e confiantes.
Entretanto, apesar de a adesão cada vez maior, ainda existem muitas dúvidas relacionadas a esses métodos, especialmente no período de adaptação. Para esclarecer e apoiar mulheres foi lançado um aplicativo gratuito dedicado àquelas que aderiram ao DIU. O meuDIU promete uma taxa superior a 70% de precisão, o que é considerado alto em comparação a outros aplicativos de contracepção que fazem uso de inteligência artificial.
O dispositivo fornece, após três meses sendo alimentado pela usuária, um relatório de como se comportará o fluxo menstrual da mulher nos meses seguintes, entre diversas outras funcionalidades. Para isso, é preciso que as mulheres respondam perguntas de múltipla escolha relacionadas ao fluxo, começando a partir do dia em que foi feita a inserção. O preenchimento também pode ser feito de forma retroativa.
O novo app foi desenvolvido pela área de Saúde Feminina da farmacêutica Bayer para auxiliar especialmente mulheres que acabaram de colocar o DIU hormonal e estão em fase de adaptação. Baseada em inteligência artificial, a plataforma foi programada para conceder uma previsão sobre o ciclo menstrual de cada mulher, de acordo com os dados fornecidos por ela assim que começa a utilizá-lo.
“Apesar das orientações que damos no consultório, nós percebemos que as pacientes ainda apresentam muitas inquietações durante a adaptação ao DIU hormonal, principalmente em relação ao fluxo menstrual. Por isso, decidimos oferecer um aliado adicional a elas, que as acompanhe no dia a dia e traga ainda mais segurança nesse período”, comenta Thais Ushikusa, ginecologista, obstetra e Gerente Médica de Saúde Feminina na Bayer Brasil.

Informações sobre DIU

Essa inteligência artificial foi desenvolvida com base em dois estudos clínicos que analisaram os primeiros meses de adaptação de mulheres que inseriram o DIU hormonal. Por meio dos estudos, foi possível comprovar que existia um padrão de acordo com alguns dados relatados por elas, considerando idade, aspectos da saúde e os processos de adaptação ao DIU hormonal, como intensidade do fluxo e possíveis escapes. Dessa forma, foi possível prever como seriam os meses seguintes.

O aplicativo oferece também informações gerais sobre o DIU hormonal, vídeos explicativos, dúvidas comuns sobre o método, além de curiosidades sobre sua fabricação, mecanismo de ação, forma de colocação e ainda pode ajudar com lembretes sobre quando é preciso voltar ao ginecologista para fazer o acompanhamento, além de se tornar também um calendário menstrual. Por isso, pode ser utilizado também pelas mulheres que têm o DIU hormonal e não estão mais em adaptação.

“O aplicativo também pode ser útil para a consulta com o ginecologista, visto que é possível extrair dele, após os três primeiros meses de uso, um compilado de informações sobre como se comportou o fluxo menstrual da paciente e demais detalhes sobre o período de adaptação, de acordo com os dados fornecidos por ela ao longo do tempo”, comenta a doutora.

A médica afirma que, considerando o cenário atual de pandemia, a tecnologia se torna uma aliada ainda mais importante. “No caso do aplicativo, ele evita, por exemplo, que a mulher vá com tanta frequência ao ginecologista para tirar dúvidas simples, proporcionando conforto, praticidade e segurança neste período”, disse, lembrando que o aplicativo não substitui uma avaliação de seu médico ginecologista.

O Meu-DIU está disponível para download em todas as lojas de aplicativos. Para acessá-lo, a paciente precisa solicitar um código pessoal e intrasferível ao seu médico ginecologista, fazer o download do app e inserir o código já na primeira tela. A partir disso, ela poderá usar todas as funcionalidades da ferramenta.
Com Assessorias da Sogesp e da Bayer e do ginecologista Kleber Cassius Rodrigues

 

Shares:

Posts Relacionados

1 Comment

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *