‘Luto não é doença e tristeza não é depressão’

Não existe fim do luto, existe fim do processo de sua elaboração. Saiba como enfrentar o luto e a ausência de pessoas queridas 

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O Dia de Finados (2 de novembro) nos leva a refletir sobre o enfrentamento do luto e como lidar com a perda de pessoas com quem se conviveu. Após a partida, passamos a nutrir uma dor imensurável, carregada de muita tristeza e dor, modificando de forma drástica a nossa realidade, obrigando-nos a conviver com a saudade e a ausência.  

Mas quando falamos em luto é normal que se faça associações equivocadas em relação a atmosfera que envolve esse tema. Fato é que não sabemos lidar com a morte e temos um compromisso cultural com a nossa própria felicidade e com a felicidade do outro. Agimos, instintivamente, na direção da eliminação da dor da perda de alguém ou da rápida recuperação de um amigo enlutado. E não estamos preparados para tratar disto.

O que precisa ficar claro é que o luto não é doença, assim como a tristeza não é depressão e, é um equívoco acreditar que existe um tempo cronológico para essa tristeza ou essa dor terminar. Somos seres individuais e cada um irá agir de uma maneira. O luto não se define por seu tempo de duração, mas sim pelo processo de elaboração sobre a morte. E desta forma podemos classificar o luto como prolongado ou complicado.

A maneira como compreendemos o momento do luto pode ser crucial. Temos um tempo interno, chamado Kairós, que irá designar o tempo correto em que essa dor será amenizada. Diferente do tempo Chronos, o tempo que mede os dias e as horas. 

Expressar-se sobre o luto é importante, já que, psicologicamente, não poder manifestar sua dor é uma agressão e pode alimentar outras dores somatizadas com a angústia. Verbalizar é o que vai ajudar a elaborar e a sair do luto mais rápido. É um recurso muito positivo e muito saudável. Falar e ouvir sua dor.

E aqui entra uma outra questão importante em todo esse processo: como é difícil aguentar ouvir a dor do outro e como não nos preparamos ou não preparamos nossos filhos para essa atitude diante do sofrimento alheio. Nem sempre estamos preparados emocionalmente para esse ato de empatia.

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A dor varia conforme a própria bagagem de vida de cada um

Importante entendermos que não existe dor maior ou menor. Existe dor e cada um vive essa dor conforme sua própria bagagem de vida. Não existe fim do luto, existe fim do processo de sua elaboração. É exatamente o momento em que o enlutado começa a fazer planos sem a pessoa que morreu ou sem aquilo que perdeu ou teve fim (como um relacionamento amoroso, por exemplo).

É quando o indivíduo se permite ser feliz sem culpas, onde a maior constatação que temos, é exatamente a de que essa elaboração leva o tempo interno que cada um necessita. A tolerância à frustração, a capacidade de adaptação e a resiliência são características muito humanas, que podem facilitar o aceite dessa nova realidade.

Sabemos que a vida não é um contínuo estático. Vivemos em uma constante mudança e o ser humano, nesta perspectiva, pode ser capaz de seguir em frente nas situações mais adversas. O importante não é cair, mas voltar a se levantar. 

Portanto, o luto não é considerado uma condição patológica, e é comum que haja mudanças temporárias no estilo de vida, na diminuição do interesse pelo convívio social e pelas atividades do cotidiano. São sensações e emoções normais que surgem neste período.

Mais do que nunca, a ausência de alguém tão especial deve ser trabalhada para fortalecer a elaboração da perda e encontrar ferramentas para enfrentar as frustrações e dores causadas pela perdas inevitáveis.

Enfim, se essa elaboração for difícil, o mais recomendável quando não está se dando conta de todo esse turbilhão é buscar a ajuda de um profissional de saúde mental para que se possa desenvolver uma visão mais realista do processo do luto.   

Leia mais nossos artigos aqui na seção ‘Palavra de Especialista’

                   

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