O câncer de pele não melanoma é o mais frequente no Brasil, correspondendo a cerca de 30% de todos os tumores malignos do país, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Se detectado precocemente, há altos percentuais de cura, no entanto, o tratamento pode variar de acordo com a agressividade da doença, desde o uso de cremes até a retirada e a reconstrução da área.

Frederico Nunes, oncologista do Centro de Tratamento Oncológico — CTO/Oncoclínicas, diz que é recomendável a ressecção cirúrgica destas lesões por especialista habilitado para adequada abordagem das margens ao redor da mesma.

Apesar de a especialidade médica ser habilitada para realizar intervenções reparadoras ou estéticas no corpo, o cirurgião plástico pode também assumir com primazia todas as etapas de remoção e remodelação das áreas afetadas pelo câncer de pele.

Para Bruno Luitgards, juntamente com uma equipe multiprofissional, o cirurgião plástico é um dos protagonistas no tratamento da doença, uma vez que é considerado o profissional mais apto a realizar as reconstruções após as ressecções tumorais. Ao mesmo tempo em que remove lesões cancerígenas, ele se preocupa com a manutenção da saúde e da aparência.

O médico esclareceu que os tumores de pele devem ser retirados com margens livres, isto é, com a garantia de que todas as células cancerígenas foram removidas. Para isso é realizada uma biópsia no momento da cirurgia em que se verifica a retirada total do tumor. “Após a remoção do tumor é feita a reconstrução. Nela utilizamos princípios de cirurgia estética, tentando deixar cicatrizes mínimas e em locais ocultos”, comentou Luitgards.

O principal objetivo dessa cirurgia é a retirada completa do tumor, mantendo uma margem de segurança ou livre de células cancerígenas, para obter a cura do paciente sem comprometer a funcionalidade das estruturas da face, como o nariz, por exemplo, que não pode ser obstruído, ou a reconstrução da pálpebra que deve se movimentar e manter a lubrificação ocular”, explica o cirurgião plástico.

Resultado estético

É fato que toda cirurgia gera cicatrizes. A intervenção adequada, contudo, pode atenuar as marcas deixadas no corpo. Desse modo, o cirurgião plástico atua no tratamento do câncer de pele sem mudar radicalmente o aspecto físico. Em casos assim, a operação tem função reparadora, ou seja, visa aprimorar ou recuperar as funções, além de manter a forma mais próxima do normal.

“O objetivo estético também será buscado evitando-se ao máximo cicatrizes visíveis, alterações de coloração e textura da pele e minimizando-se as cicatrizes. A estética, principalmente da face está intimamente ligada à função social e, por isso, não deve ser vista como fútil, pois o paciente tem ganho de qualidade de vida com reconstruções que permitam convívio social normal”, defende Luitgards.

Cuidados no pós-cirúrgico

Após feitas todas as intervenções cirúrgicas necessárias, o paciente deve ainda tomar alguns cuidados fundamentais para manter os resultados. São eles: manter repouso de atividades físicas, evitar o sol enquanto houver equimoses (roxos) e, após esse período, evitar sol sobre as cicatrizes, bem como utilizar frequentemente o protetor solar.

O cirurgião plástico, Bruno Luitgards explica: “Para o melhor resultado da cicatrização, no pós-operatório recente é necessário evitar esforços físicos e fugir do sol num período de dois meses. Sempre é indicado utilizar protetor solar fator 50 na face e repetir o procedimento ao meio dia, no intuito de diminuir o risco de novos tumores de pele”.

Imunoterapia também tem boas respostas

Após a resseção, dependendo do estágio da doença, pode ser necessária a realização de tratamento complementar. “Quando diagnosticada precocemente, quimioterapia, radioterapia, imunoterapia ou terapias alvo são raramente necessárias e a cirurgia é capaz de resolver a maioria dos casos”, diz o Dr Frederico.

Ele destaca ainda que diversos avanços têm melhorado a qualidade de vida e sobrevida dos pacientes, com principal atenção às boas respostas às novas terapias que revolucionaram o tratamento do melanoma, como exemplo, os imunoterápicos, que estimulam o próprio sistema imunológico do paciente a identificar e combater as células malignas.

“O que a gente observava, antes, é que os melanomas avançados não tinham uma resposta boa aos tratamentos mais tradicionais, infelizmente. A chegada da imunoterapia no câncer de pele vem apresentando resultados fabulosos no tratamento dos pacientes com melanoma metastático. Nestes casos, as respostas têm se mostrado sustentadas ao longo do tempo, com importante qualidade de vida. É uma revolução. Ainda fazem parte dessa nova etapa no tratamento oncológico com enorme destaque o tratamento com drogas alvo molecular, por exemplo”, reforça o Dr. Frederico.

Medicina nuclear possibilita chances de cura

Para o tratamento do câncer de pele, existem métodos utilizados em Medicina Nuclear que detectam lesões do melanoma antes das alterações anatômicas e permitem tratamento mais eficaz da doença. “Poucos sabem, mas a medicina nuclear já é aplicada no Brasil e possui diversos exames”, explica o médico nuclear e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear, George Barberio Coura Filho, médico responsável da Dimen SP .

Atualmente, a Medicina Nuclear conta com dois exames que identificam as metástases provocadas pelo melanoma antes das alterações anatômicas, ou seja, antes que elas estejam visíveis. É a Linfocintilografia para pesquisa de linfonodo sentinela com SPECT/CT e o PET/CT para Melanoma.

A Linfocintilografia é realizada com a injeção de um radiofármaco, para extrair o linfonodo sentinela, que, se estiver acometido pelas células cancerígenas, indica que existem outros gânglios potencialmente comprometidos (micrometástase) e determina a retirada de todos os linfonodos presentes no local por meio de cirurgia. As imagens tomográficas do linfonodo sentinela são captadas pelo equipamento SPECT/CT (Cintilografia Tridimensional e Tomografia Computadorizada), tecnologia de diagnóstico por imagem mais rápida, precisa e com menos radiação.

Neste exame, injeta-se um análogo da glicose na veia do paciente, que se concentra nas lesões tumorais, localizando os focos de metástases. Uma análise do corpo inteiro é realizada com alta precisão graças ao equipamento PET/CT (Tomografia por Emissão de Pósitrons e Tomografia Computadorizada), tecnologia de diagnóstico por imagem mais sensível, que permite determinar o tratamento mais adequado. “O PET scan permite conhecer a localização exata do câncer e determinar sua extensão, o que possibilita escolher o tratamento correto para o tipo de lesão”, explica George.

Mais sobre a doença

O câncer de pele é responsável por 30% de todos os tumores malignos do Brasil e acomete, em média, mais de 165 mil brasileiros todos os ano, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca); grande parte das pessoas diagnosticadas são homens.

Existem três tipos de câncer de pele: o carcinoma basocelular, o carcinoma espinocelular e o melanoma, este último é o mais conhecido – e também o mais perigoso – que representa 3% dos casos de tumores malignos, pois possui um alto nível de mortalidade e provoca metástase. Nas mulheres, é mais frequente nos membros inferiores. Já nos homens, a predominância é na região do tronco.

No Brasil, o câncer já é a segunda causa de morte por doenças, atrás apenas das enfermidades do aparelho circulatório. Porém, se a doença for diagnosticada em estágios iniciais tem 100% de cura, de acordo com dados do Hospital do Câncer de Barretos.

“A pele é o maior órgão do corpo humano e por isso é preciso ficar ainda mais atento. Qualquer lesão, com cor e formato aparentes, que possa desenvolver coceira ou dor pode ser motivo para procurar um dermatologista. Além disso, é importante evitar o auto-medicamento e consultar um profissional para curtir seu verão com mais tranquilidade”, afirma George Barberio Coura Filho.

Apesar dos avanços no tratamento do câncer de pele, o melhor método continua sendo a prevenção e o acompanhamento contínuo de possíveis alterações que possam indicar o surgimento da doença, promovendo assim, o seu diagnóstico em fase inicial.

Por isso, os médicos recomendam que os cuidados sejam intensificados no verão, com o uso de protetores solares, viseiras, chapéus e/ou bonés, bem como roupas e óculos de sol com proteção UV, mas que devem seguir o ano inteiro. E não deixar de se consultar com dermatologistas regularmente.

Com Assessorias

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