Seis dias após sofrer um acidente doméstico que causou um traumatismo craniano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de 78 anos, realizou novos exames nesta sexta-feira (25), em Brasília. De acordo com o boletim médico do Hospital Sírio-Libanês, “o exame está estável em relação aos anteriores. [Lula] está apto para exercer sua rotina de trabalho em Brasília. Uma nova avaliação ocorrerá em cinco dias”.
No último sábado (19), Lula sofreu uma queda no banheiro da residência oficial, no Palácio da Alvorada, bateu a cabeça e precisou levar cinco pontos na região da nuca. Na ocasião, os exames de imagem mostraram uma pequena hemorragia no cérebro e a equipe médica recomendou, por precaução, evitar viagens de longa distância. Por isso, Lula cancelou a viagem que faria para participar da Cúpula de Líderes do Brics, em Kazan, na Rússia.
Com os novos exames, o presidente permanece sob acompanhamento da sua equipe médica. Lula está aos cuidados do seu médico pessoal, Roberto Kalil Filho, e da médica da Presidência, Ana Helena Germoglio. O presidente não irá a São Paulo para o segundo turno das eleições municipais, no domingo (27). Ele vota em São Bernardo do Campo, no interior do estado, e estaria em atos de campanha de aliados. Ele também não viajará para Cali, na Colômbia, onde participaria da Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade, que ocorre até o próximo dia 1° de novembro.
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Os diferentes tipos de pancadas na cabeça
Diante do que ocorreu com o presidente Lula, numa semana em que perdemos Maguila, o icônico boxeador, que sofria de demência pugilística – decorrente de golpes recebidos na cabeça durante as lutas – , é importante ficar alerta para o perigo do traumatismo craniano, que pode ocorrer desde uma leve batida até acidentes mais graves.
Fernando Gomes, neurocirurgião e neurocientista e professor livre docente da Faculdade de Medicina da USP, esclarece os tipos mais comuns de pancadas na cabeça, suas consequências e tratamentos.
Formou um “galo”
O surgimento de um “galo” indica que houve um sangramento debaixo da pele, mas não é possível descartar um sangramento intracraniano sem uma avaliação médica. O tamanho do hematoma sobre o osso do crânio não tem relação com a gravidade do trauma.
O “galo” pode ser um bom sinal, pois indica que o sangue não vazou para o interior do cérebro. Mas caroços muito grandes e que demoram para baixar devem ser examinados, pois há risco de o crânio rachar com pancadas violentas.
Efeito ‘chicote’ ou ‘chacoalhada’
Situações em que o cérebro “chacoalha” dentro do crânio, como ao sacudir a cabeça do bebê ou pisar no freio do carro com força, podem causar dois tipos de lesões muito graves: as lesões axonais difusas e o hematoma subdural agudo.
As lesões axonais difusas são lesões microscópicas em uma parte dos neurônios que danifica as células nervosas ao longo do cérebro. A tomografia pode não identificar a lesão, e os neurônios podem morrer, causando inchaço no cérebro e aumentando a pressão intracraniana.
O hematoma subdural agudo, entre a camada média e a camada externa do tecido que reveste o cérebro, está relacionado com a desaceleração ou com o impacto do próprio cérebro dentro da caixa craniana pela desaceleração.
Cortes na cabeça
A cabeça é uma região bastante vascularizada. Por isso que os cortes nesta região podem ocasionar muito sangramento, o que não representa necessariamente um risco grave, a menos que seja muito abundante.
Para estancar a hemorragia resultante do corte, é importante lavar as mãos com água e sabão e, posteriormente, com um pano limpo e umedecido em água filtrada, limpar o sangue escorrido em busca de identificar o local do corte.
Após isso, o corte deve ser comprimido com um pano seco ou gaze por um período de cinco a dez minutos, com o objetivo de estancar a hemorragia. A depender da profundidade do corte pode ser necessária a aplicação de pontos.
Cuidados necessários ao bater a cabeça
É preciso abrir os olhos e responder a perguntas básicas para garantir que a cognição e a memória não foram afetadas como questões como o nome da pessoa e a data atual, que não são difíceis de responder, podem ser feitas para garantir mais tranquilidade ou sinalizar uma urgência;
Não é recomendado deixar que uma pessoa durma após bater a cabeça, mesmo que tenha sonolência. Pelo menos, não até que receba atendimento médico e tenha certeza de que está realmente bem;
Evitar movimentos bruscos e rápidos logo após a batida já que isso pode favorecer o aparecimento de lesões graves, que prejudicam os neurônios e geram hematomas internos;
Não se automedicar principalmente com sedativos e medicações para alívio da dor.
Principais sinais de alerta
Dor de cabeça intensa
Fraqueza ou tontura
Sangramento principalmente pelo nariz, boca, ouvido ou olhos
Confusão mental
Desmaio
Convulsões
Um alerta a mais com bebês e idosos
Em casos de bebês, devem-se observar sintomas como irritabilidade além do normal ou falta de apetite. Para idosos e pessoas que têm doenças neurológicas, como Parkinson e a Hidrocefalia de Pressão Normal, o risco pode ser maior, pois seu reflexo de proteger a cabeça em uma queda, por exemplo, não é tão rápido.
Quando a pancada se estende para a região do pescoço e a pessoa apresentar dor, é importante que ela seja mantida imóvel até a chegada do atendimento. No hospital, o ideal é realizar exames de tomografia e radiografia para identificar possíveis problemas.
Com informações da Agência Brasil e Assessorias