Existem homens que cometem violência contra a mulher, mas existem também aqueles que repudiam essa atitude. E o engajamento deles na luta contra agressões às mulheres é fundamental. Por isso, desde o ano de 2007 o dia 6 de dezembro é lembrado como o Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres, que marca no Brasil o início da campanha do Laço Branco.

A data faz referência à tragédia da Escola Politécnica de Montreal, no Canadá, em 1989, quando um único homem assassinou 14 mulheres. O massacre gerou manifestações em que homens usavam o laço branco como símbolo do combate à violência contra as mulheres.

A campanha integra o calendário dos 21 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher e tem o objetivo de sensibilizar, envolver e mobilizar os homens a partir de diversas ações realizadas por diferentes setores da sociedade que se encontram engajados na luta pela promoção da equidade de gênero e superação das desigualdades entre homens e mulheres.

Segundo a 10ª Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher, do Instituto DataSenado em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência, cerca de 30% das mulheres brasileiras já foram vítimas de violência doméstica ou familiar provocada por um homem.

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RJ ganha ‘serviço de educação e responsabilização do homem’

O combate à violência contra as mulheres não é coisa somente para as mulheres, mas precisa envolver a participação dos homens, inclusive agressores que cumprem penas. Esta foi a principal mensagem na tarde desta quinta-feira (7/12), no lançamento do Serviço de Educação e Responsabilização do Homem – SerH, que prevê a realização de ações educativas e preventivas para sensibilização dos homens e do público em geral em todos os municípios do estado do Rio de Janeiro.

O público-alvo são homens de todas as faixas etárias (agressores ou não), mas o programa, criado pela Secretaria de Estado da Mulher (SEM-RJ), no âmbito da Superintendência de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher, inclui grupos de sensibilização e rodas de conversa com homens que cumprem pena em regime fechado, aberto, semiaberto ou domiciliar, com o objetivo de promover uma mudança de cultura.

  • Estão previstas ações de conscientização em empresas ou instituições com predominância masculina, por meio da campanha “Ouviu um NÃO? Respeite a decisão. Por um homem consciente”, além da capacitação de agentes que atuam nos equipamentos de atendimento à mulher e de gestores municipais para implementarem o serviço, formando multiplicadores.

Paulo Sarcon, coordenador do SerH, apresentou o manual de implementação do SerH nos municípios. O documento foi distribuído a gestoras municipais que estavam no evento. Ele falou das experiências nas rodas de conversa com apenados. “Nas rodas de conversas com esses homens, realizamos dinâmicas e tentamos sensibilizá-los, para que entendam o que é a violência contra a mulher”.

A superintendente de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, da SEM-RJ, delegada Tatiana Queiroz, anunciou que a Secretaria vai expandir o serviço para todos os 92 municípios fluminenses em 2024.

“O SerH vai ser uma coordenadoria de nossa superintendência e queremos expandir isso não só para os 17 municípios que já temos conosco, mas para os 92. Já estamos em articulação com o Ministério Público, com a Polícia Civil e outros órgãos para que o trabalho aconteça”, disse.

‘Não dá para falar de violência contra a mulher sem falar com o homem’

Durante o lançamento do programa, foi assinado um acordo de cooperação entre a SEM-RJ e o Instituto Promundo, organização que trabalha para promover a igualdade de gênero e prevenir violência envolvendo homens e meninos em parceria com mulheres e meninas.

“As pessoas entenderam que não dá para falar de violência contra a mulher sem falar com o homem. E isso é urgente. Não dá para trabalhar com o empoderamento das mulheres sem trazer os homens para o debate”, resumiu Luciano Ramos, do Instituto Promundo.

Para a secretária de Estado da Mulher, Heloisa Aguiar, este é um novo capítulo no enfrentamento à violência contra a mulher no estado do Rio. “Não é possível construir uma sociedade mais segura e igualitária para as mulheres sem termos os homens caminhando conosco, ombro a ombro”,  disse.

A cerimônia no Museu Casa de Benjamin Constant, em Santa Teresa, teve a participação de representantes de dez municípios fluminenses, além de órgãos como Ministério Público, Polícia Civil, Polícia Militar (Patrulha Maria da Penha), Procuradoria Geral do Estado, Ceperj, Consulado Geral dos Países Baixos.

Conheça um pouco sobre a história da Campanha do Laço Branco

Historicamente, a Campanha do Laço Branco teve início a partir de um episódio de violência contra mulheres realizado no dia 6 de dezembro de 1989, quando um grupo de homens canadenses decidiu se organizar para combater a violência contra a mulher. Eles elegeram o laço branco como símbolo e adotaram como lema: jamais cometer um ato violento contra as mulheres e não fechar os olhos frente a essa violência.

Lançaram, assim, a primeira Campanha do Laço Branco (White Ribbon Campaign): homens pelo fim da violência contra a mulher. No primeiro ano da campanha foram distribuídos cerca de 100 mil laços entre os homens canadenses, principalmente entre os dias 25 de novembro e 6 de dezembro, semana que concentrou um conjunto de ações e de manifestações públicas em favor dos direitos das mulheres e pelo fim da violência.

Trabalhando junto a diversos órgãos das Nações Unidas, particularmente o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem) e em parceria com organizações de mulheres, a Campanha do Laço Branco hoje está presente em todos os continentes e em mais de 55 países.

É apontada pela ONU como a maior iniciativa mundial voltada para o envolvimento dos homens com a temática da violência contra a mulher. O dia 25 de novembro foi proclamado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Dia Internacional de Erradicação da Violência contra a Mulher. No Brasil, a data é marcada pela Lei nº 11.489, de 20 de junho de 2007, que institui o Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres.

Fonte: Secretaria de Estado da Mulher e Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos

 

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