Presente como o “I” da sigla LGBTQIAPN+, a pessoa intersexo enfrenta ainda mais preconceitos por não se enquadrar nos estereótipos de masculino ou feminino. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), há uma estimativa de que a porcentagem de pessoas intersexo em todo o mundo esteja entre 0,05% e 1,7%, o que corresponde a números que podem variar de 4 milhões a 136 milhões de pessoas.
A organização Intersex Human Rights Australia define a pessoa intersexo como alguém com características sexuais congênitas, que não se enquadram nas normas médicas e sociais para corpos binários. Ou seja, aquelas que têm características físicas consideradas masculinas e outras femininas ao mesmo tempo.
A falta de informação da população sobre a pessoa intersexo, especialmente no Brasil, é um dos maiores desafios. Para ajudar a conscientizar sobre o tema, desde 1996, o dia 26 de outubro tornou-se o marco da visibilidade intersexo no mundo. O Dia da Consciência Intersexo busca esclarecer mais sobre essa população e os riscos e desafios que enfrentam na sociedade.
A situação dessa comunidade LGBTIAPN+ como um todo nas organizações ainda sofre com o preconceito e a desinformação. De acordo com levantamento realizado pelo LinkedIn em 2022, 47% das pessoas LGBTQIAPN+ entrevistadas afirmaram que suas empresas não possuem práticas de promoção da igualdade ou sequer sabem da existência dessas ações no ambiente corporativo. O mesmo índice registrou 46% na pesquisa realizada pela mídia social em 2019, mostrando que não houve evolução alguma nessa questão.
Ainda segundo a pesquisa, 50% não diriam que são gays, lésbicas, intersexuais ou transexuais aos colegas de trabalho, seja porque não querem falar sobre a vida pessoal (54%) ou não veem necessidade (57%), seja por receio de influência negativa no crescimento profissional (23%) ou represália (20%). O fato é que 43% dos entrevistados já sofreram discriminação dentro do ambiente corporativo.
‘Empresas deveriam criar banheiros que não distinguem sexo’, diz consultora
“Não basta as empresas oferecerem vagas afirmativas para pessoas da comunidade LGBTQIAPN+, é preciso dar suporte por meio de capacitações e assistências. O caso da pessoa intersexo, em particular, exige apoio estrutural na empresa, como a criação de banheiros que não distinguem sexo, por exemplo”, explica Kaká Rodrigues, co-founder da Div.A Diversidade Agora! e especialista em diversidade e inclusão.
Segundo Kaká, há atitudes e ações que todas as pessoas colaboradoras podem adotar no dia a dia para incluir a pessoa intersexo. “É sempre importante que as lideranças tenham um comportamento proativo para se conscientizar sobre a diversidade presente dentro de sua equipe, mas há comportamentos que podem ser reproduzidos por todos e que ajudam a criar um ambiente de trabalho melhor, como escutar as experiências das pessoas, reconhecer e acolher as suas necessidades”, exemplifica.
“Há poucas políticas públicas que amparem gays, lésbicas e transexuais, e não há nenhuma que contemple pessoas intersexo, o que agrava a situação dessa comunidade em específico, uma vez que ainda há muita desinformação ao redor dela”, comenta Kaká.
No entanto, a especialista também ressalta que a busca por informação sobre a pessoa intersexo tem aumentado. “É possível ver uma movimentação de algumas empresas para buscar consultorias e associações que as auxiliem a compreender o conceito da pessoa intersexo. Esse é o primeiro passo para promover a inclusão dentro do ambiente de trabalho”, explica.
Mas a especialista enfatiza a importância da empresa buscar auxílio para promover a inclusão. “As organizações podem e devem buscar a ajuda de consultorias especializadas para auxiliar na implementação de uma cultura inclusiva, assim podem proporcionar conscientização às pessoas colaboradoras de maneira mais assertiva e transformar o ambiente de trabalho em um local seguro para todas as pessoas”, conclui.
Com informações da Div.A Diversidade Agora!