No Brasil, atualmente, existem cerca de 41 milhões de pessoas acima de 18 anos com obesidade, correspondendo a 26% da população. Um estudo publicado pela World Obesity Federation (WOF) em 2023 traz o dado de que em 2035 a previsão é de que os brasileiros com obesidade sejam 41% da população. Além dos números que preocupam, ainda existe o preconceito que vem atrelado à obesidade.
A gordofobia corresponde a casos de pessoas excluídas, inferiorizadas, humilhadas ou que sofrem com atitudes que reforçam estereótipos. E essas questões influenciam não só no tratamento, como também na possibilidade de levar a quadros de depressão e transtornos alimentares. No próximo dia 10 de setembro temos o Dia Nacional de Combate à Gordofobia, uma oportunidade para discutir e combater a discriminação contra pessoas com obesidade.
No âmbito profissional ainda existe um forte preconceito, por exemplo, no momento da contratação nas empresas. Recrutadores utilizam justificativas sem sentido para recusar o candidato com obesidade e ainda existem concursos públicos que exigem o padrão IMC (Índice de Massa Corpórea) nos anúncios ou implicitamente.
Segundo a ferramenta Data Lawyer, em 2022 a Justiça contabilizava 419 processos envolvendo gordofobia, dos quais, 328 foram ajuizados durante a pandemia (2020 e 2021). Recentemente, um trabalhador foi indenizado em R$ 30 mil após ter sido vítima de discriminação por gordofobia, conforme decidiu a 5ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2). Há também o caso da influenciadora Thais Carla que está processando o apresentador Danilo Gentili pela segunda vez por causa de ataques gordofóbicos.
As atitudes gordofóbicas não levam as pessoas a buscarem tratamento para a obesidade. Pelo contrário, afastam as pessoas dos serviços de saúde, já que despertam o medo de serem julgadas até pelos próprios profissionais de saúde”, afirma a psicóloga Andrea Levy, cofundadora do Instituto Obesidade Brasil, a primeira organização sem fins lucrativos do mundo direcionada a pessoas com obesidade.
Ela ainda diz que pessoas com obesidade grave não encontram serviços de saúde adequados para atendê-los nem sob o ponto de vista de estrutura, como cadeiras e macas, nem muitas vezes sob o ponto de vista de profissionais preparados para receber essas pessoas. Muitas vezes os médicos deduzem que o problema de saúde está diretamente relacionado com a obesidade, sem que seja feita uma investigação mais detalhada da verdadeira causa.
Pessoas com obesidade também se sentem oprimidas no acesso a transporte e espaços públicos e rotuladas como quem não tem força de vontade, mas há poucas opções de academias ou centros esportivos adequados para pessoas com excesso de peso.
A gordofobia ainda pode fazer com que muitos tenham vergonha de procurar um esporte ou uma academia por medo de serem ridicularizados e de ouvirem piadinhas. E isso pode fazer com que eles se afastem do convívio social e até mesmo de atividades como ir à praia ou à piscina”, explica a psicóloga.
Essas situações dificultam o tratamento da obesidade e reforçam a importância de um acompanhamento psicológico para que os resultados sejam obtidos da melhor maneira. Há também a questão de outros problemas de saúde como ansiedade, transtornos alimentares, depressão, entre outros que podem refletir no consumo excessivo de alimentos não saudáveis, o que acaba agravando a obesidade e a saúde geral.
Sobre o Instituto Obesidade Brasil
Instituto Obesidade Brasil é a primeira organização sem fins lucrativos do mundo direcionada a pessoas com obesidade e surge com o objetivo de conscientizar e trazer informações claras e objetivas, sempre com mentoria científica, com linguagem acessível sobre obesidade, prevenção, diagnóstico, tratamento, novas tecnologias e direcionamento aos centros públicos e gratuitos de atendimento, ajudando da melhor forma possível.
Ele foi fundado em fevereiro de 2020 para conscientizar pessoas de que a obesidade é uma doença multifatorial e crônica e conta com um Conselho Científico composto por especialistas colaboradores de todo o território brasileiro, de perfil multidisciplinar, que adota o conceito de saúde universal e trabalha para que todos tenham acesso à ajuda médica especializada.