Uma triste e alarmante estatística coloca o Rio de Janeiro em estado de alerta máximo. Até esta sexta-feira, dia 2 de março, o estado registrava 51 mortes por febre amarela, de um total de 112 casos confirmados em humanos apenas nos primeiros dois meses do ano. É mais de cinco vezes o número de óbitos e quatro vezes o número total de vítimas registrado em todo o ano de 2017, quando nove pessoas morreram, das 27 que contraíram a forma silvestre da doença.
A alta letalidade da febre amarela no Estado do Rio (quase 50% em média) preocupa a população, já que em poucos dias os casos evoluem para óbito, antes mesmo de as famílias obterem o diagnóstico fechado da doença – as confirmações são realizadas pelo Laboratório Noel Nutels e informadas oficialmente pela Secretaria de Estado de Saúde (SES).
De acordo com o último boletim epidemiológico da Subsecretaria de Vigilância em Saúde da SES-RJ, divulgado na noite de sexta-feira (2), mais uma pessoa morreu em Angra dos Reis, a cidade mais atingida pelo surto até o momento, com 25 casos e 12 mortes. Em Nova Friburgo, houve mais uma morte, elevando para dez o número de casos, com quatro óbitos. Paty do Alferes teve uma morte, somando dois casos. Duas Barras também registrou mais um caso, totalizando 10, com dois óbitos. Miguel Pereira registrou o segundo caso, com uma morte. Agora são 21 as cidades atingidas pelo surto, a maioria nas regiões Sul Fluminense, Costa Verde e Serrana, onde há grande concentração de mata (veja abaixo).
Seropédica também entrou para o grupo das cidades atingidas por epizootias (epidemias entre macacos), elevando para 11 o número total. As outras são Niterói, Angra dos Reis (Ilha Grande), Barra Mansa, Valença, Miguel Pereira, Volta Redonda, Duas Barras, Paraty, Araruama e Engenheiro Paulo de Frontin. A SES ressalta que os macacos não são responsáveis pela transmissão da doença. Apesar disso, o Rio de Janeiro já registra este ano a morte de 170 primatas na capital e 325 em todo o estado, sendo 53,5% vítimas de agressão humana, como espancamento e envenenamento.
Uma campanha foi lançada para conscientizar a população carioca sobre o perigo que a cidade corre se a matança dos macacos continuar.
Angra dos Reis, na Costa Verde, continua liderando o triste “ranking” dos municípios mais atingidos no Rio: são 21 casos, com 11 mortes. Em seguida, aparecem Valença (18 casos, sendo 6 óbitos), Teresópolis (13 casos, sendo 6 óbitos), Nova Friburgo (8 casos, sendo 3 óbitos), Sumidouro (7 casos, sendo 2 óbitos), Cantagalo (5 casos, sendo 3 óbitos), Rio das Flores (3 casos, sendo 2 óbitos) e Engenheiro Paulo de Frontin (2 casos, sendo 2 óbitos), Duas Barras (8 casos, sendo uma morte). Ao lado de Paty do Alferes, Mangaratiba, Vassouras, Carmo e Maricá registram, cada uma, 2 casos, sendo 1 óbito. Miguel Pereira, Paraíba do Sul, Cachoeiras de Macacu e agora Rio Claro têm, cada uma, um caso com morte. Petrópolis tem um caso.
1º Angra dos Reis – 25 casos, sendo 12 óbitos
2º Valença – 18 casos, sendo 6 óbitos
3º Teresópolis – 13 casos, sendo 6 óbitos
4º Nova Friburgo – 10 casos, sendo 4 óbitos
5º Duas Barras – 10 casos , sendo 2 óbitos
6º Sumidouro – 7 casos, sendo 2 óbitos
7º Cantagalo – 5 casos , sendo 3 óbitos
8º Rio das Flores – 3 casos, sendo 2 óbitos
9º Engenheiro Paulo de Frontin – 2 casos, sendo 2 óbitos
9º Trajano de Moraes – 2 casos, sendo 2 óbitos
10º Mangaratiba – 2 casos, sendo 1 óbito
10º Carmo – 2 casos, sendo 1 óbito
10º Maricá – 2 casos, sendo 1 óbito
10º Vassouras – 2 casos, sendo 1 óbito
10º Miguel Pereira – 2 casos, sendo 1 óbito
10º Paty do Alferes – 2 casos, sendo 1 óbito
11º Paraíba do Sul – 1 caso, sendo 1 óbito
11º Piraí – 1 caso, sendo 1 óbito
11º Cachoeiras de Macacu – 1 caso, sendo 1 óbito
11º Rio Claro – 1 caso, sendo 1 óbito
12º Petrópolis – 1 caso
* Casos confirmados de 1 de janeiro a 2 de março de 2018 – Fonte SES/RJ
Número de localidades com casos confirmados de febre amarela em macacos:
– 1 epizootia – Niterói
– 1 epizootia – Angra dos Reis (Ilha Grande)
– 1 epizootia – Barra Mansa
– 1 epizootia – Valença
– 1 epizootia – Miguel Pereira
– 1 epizootia – Volta Redonda
– 1 epizootia – Duas Barras
– 1 epizootia – Paraty
– 1 epizootia – Engenheiro Paulo de Frontin
– 1 epizootia – Araruama
– 1 epizootia – Seropédica
Casos no Rio e Brasil, segundo o Ministério da Saúde
No período de 1º julho de 2017 a 28 de fevereiro deste ano no Estado do Rio, segundo o Ministério da Saúde, foram 96 casos confirmados, com 38 mortes. O estado que registra a maior incidência da febre amarela é Minas Gerais: 314 casos e 103 mortes confirmadas. Já São Paulo registra 307 casos e 95 mortes. O Distrito Federal teve um caso com morte. Em todo o Brasil, foram confirmados 723 casos, sendo 237 óbitos, de um total de 2.867 casos suspeitos, sendo que 1.359 foram descartados e 785 permanecem em investigação. No mesmo período anterior (de julho de 2016 até 28 fevereiro de 2017), em todo o país, foram 576 casos e 184 óbitos confirmados.
De acordo com o Ministério, os informes de febre amarela seguem, desde o ano passado, a sazonalidade da doença, que acontece, em sua maioria, no verão. Dessa forma, o período para a análise considera de 1º de julho a 30 de junho de cada ano. Com o crescimento dos casos em Minas, São Paulo e Rio, o Ministério já estuda estender a vacinação para todo o país.
O Ministério da Saúde reforça a importância da vacinação da população dos estados do Rio de Janeiro, Bahia e São Paulo durante a campanha contra febre amarela. Dados preliminares dos três estados apontam que, até 27 de fevereiro, 5,5 milhões de pessoas foram vacinadas. O número corresponde a 23,2% do público-alvo previsto na campanha. A recomendação é que os estados continuem vacinando até atingir alta cobertura.
Para auxiliar os estados e municípios na realização da campanha, o Ministério da Saúde repassou aos estados no ano de 2018 até o momento, 20,2 milhões de doses da vacina. Para os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia foram enviados 15,7 milhões de doses para implementação da Campanha de Vacinação Contra a Febre Amarela. Foram 10,7 milhões para São Paulo, 4,7 milhões para o Rio de Janeiro e 300 mil para a Bahia.