O Brasil já registra quase 2 milhões de casos prováveis da doença e 630 mortes do início do ano até esta quarta-feira (20/3). Dentre os pacientes com mais de 60 anos, 61% apresentam hipertensão arterial e 31% têm diabetes. Também foram identificadas doença renal crônica em 9,1% dos pacientes nesta faixa etária e 3.4% possuem doenças autoimunes.

As comorbidades mais frequentes em relação à idade dos pacientes com dengue foram apresentadas nesta quarta-feira (20) pelo Ministério da Saúde. Dados da pasta mostram que os idosos respondem pela maioria das mortes por dengue no país este ano. Na faixa etária dos 60 aos 69 anos, foram contabilizados 91 óbitos; entre 70 e 79 anos, 128 óbitos; e entre pessoas com 80 anos ou mais, 134 óbitos.

De acordo com os dados detalhados pela secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, a hipertensão também está presente em 18% dos pacientes na faixa de 15 a 60 anos, enquanto 13% têm diabetes, 7,6% têm doenças hematológicas e 6,8%, doenças autoimunes. Já entre as crianças abaixo dos 14 anos, 18% têm doenças hematológicas. Doença renal crônica, doenças autoimunes e ácido péptica estão presentes, cada uma, em 3,6% dos casos de dengue nestes menores. 

A hipertensão arterial está entre os fatores de risco para a dengue. Também correm mais risco de agravamento da dengue os pacientes portadores de doenças crônicas como diabetes, doenças renais, cardiovasculares, pulmonares (como DPOC e asma), hematológicas, hepáticas e autoimunes. Crianças menores de 2 anos, adultos com mais de 65, gestantes e obesos também são grupos de maior risco.

2024 tem casos mais graves do que em 2023

De acordo com o balanço apresentado, o Brasil já registrou, desde 1º de janeiro, 1.937.651 casos de dengue, sendo 16.494 casos de dengue grave ou com sinais de alerta. Há ainda 1.009 mortes em investigação. O coeficiente de incidência da doença no país, neste momento, é de 954,2 casos para cada grupo de 100 mil habitantes. A doença já é considerada uma epidemia, pois ultrapassou mais de 300 casos para cada 100 mil habitantes.

Ethel Maciel, destacou que os três primeiros meses de 2024 registram mais casos graves de dengue do que o mesmo período de 2023.  “Estamos tendo muito mais casos graves que no ano anterior”, disse, ao lembrar que, até então, na série histórica, 2023 havia sido o ano com maior número de casos graves da doença. “Temos muito mais pessoas chegando [com quadro] grave aos serviços de saúde. Esse é um importante ponto de alerta para nós”, avaliou Ethel.

O tempo médio entre o início dos sintomas e a notificação de caso de dengue é de quatro dias. Já o tempo médio entre o início dos sintomas até o óbito é de seis dias, enquanto o tempo médio entre o início dos sintomas e os sinais de gravidade é de cinco dias. “Isso é muito importante para que a gente possa orientar os serviços de saúde”, destacou a secretária.

“Nessa epidemia, o quarto dia tem sido um alerta de que as pessoas podem agravar. Então, um monitoramento que faça com que essa pessoa volte no quarto dia da doença pode salvar muitas vidas”, alerta Ethel, que é enfermeira epidemiologista.

Juntas, dengue e gripe podem pressionar sistema de saúde, diz ministra

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, fez um alerta nesta quarta-feira (20) para um aumento antecipado de casos de vírus respiratórios no país. “Parece que todos os problemas de saúde foram antecipados este ano”, brincou, ao se referir à explosão de casos de dengue fora do período mais comum. “Isso não é por acaso, tem a ver com fatores climáticos e ligados aos próprios vírus”, explicou.

A ministra lembrou que, em razão do cenário epidemiológico, a pasta antecipou a campanha nacional de vacinação contra a gripe, prevista para começar no próximo dia 25. Ela lembrou que, em algumas localidades, como no Distrito Federal, a imunização já começou e pediu que as pessoas que compõem o público-alvo definido procurem os postos de saúde para receber a dose.

“A dengue é o mais grave problema de saúde pública que temos hoje, mas não é o único. E nós não queremos descuidar das outras doenças. Vejo como uma situação de alerta porque, em alguns municípios e estados, se houver essa concomitância [de casos de dengue e de gripe], o que podemos ter, naturalmente, é uma pressão maior sobre os sistemas de saúde e isso pode nos levar a tomar mais medidas”, completou.

Taxas de letalidade são menores que 2023

Onze unidades da federação e 350 municípios brasileiros – 178 em Minas Gerais – já decretaram emergência em saúde pública por causa da dengue. As unidades da federação são Acre, Amapá, Distrito Federal, Goiás, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.

Apesar dos altos índices, a letalidade de óbito sobre o total de casos prováveis está em 0,03% entre a semana 1 a 10 deste ano ante os 0,07% do mesmo período de 2023. Quanto à letalidade de óbito sobre o total de casos graves, o percentual está em 3,4%. No ano passado, estava em 5,1% na mesma época.

“Os indicadores, portanto, indicam redução nas taxas de letalidade pela doença nas dez primeiras semanas epidemiológicas de 2024 quando comparado ao mesmo período de 2023. A taxa de letalidade é um indicador importante utilizado pela pasta para monitorar o número de óbitos em um período sobre o número de pessoas doentes pelo agravo”, informou o Ministério da Saúde.

A pasta explicou que, diferentemente da taxa de mortalidade – que é obtida dividindo-se o número de óbitos pela população em risco em um período de tempo -, a taxa de letalidade é um indicador que apresenta a mortalidade entre quem realmente adoeceu dentro da população em risco.

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Mais R$ 300 milhões para medicamentos contra a dengue

O Ministério da Saúde também vai destinar mais de R$ 300 milhões a estados e municípios para financiar a compra de soro e medicamentos que tratam sintomas da dengue no Sistema Único de Saúde (SUS).

“Soro e outros medicamentos que são utilizados para salvar vidas, abordagem clínica, evitar os casos graves em tratá-los da maneira adequada. Estamos destinando, em portaria publicada hoje, R$ 300 milhões para estados e municípios fazerem especificamente a aquisição desses medicamentos”, informou a ministra.

Os recursos são fruto de portaria destinada para medidas de prevenção, controle e contenção de riscos, danos e agravos à saúde pública em situações que podem ser epidemiológicas, de desastres, ou de desassistência à população.

A pasta já liberou R$ 79 milhões em apoio financeiro aos estados e municípios que decretaram emergência em saúde pública por causa da dengue ou outras crises sanitárias. Dados da pasta apontam que, atualmente, 23 unidades federativas registram incidência da doença, cada uma com variações importante

Para receber o recurso, o estado ou município deve enviar ao governo federal um ofício com a declaração de emergência em saúde. Os repasses serão mensais durante a vigência do decreto de emergência.

Cursos gratuitos sobre dengue para profissionais de saúde

O Ministério da Saúde está com inscrições abertas para dois cursos gratuitos sobre dengue para profissionais de saúde que atuam no combate à dengue e demais interessados. Até o momento, mais de 5,8 mil pessoas já participaram e concluíram as formações por modalidade EAD.

As matrículas seguem abertas e podem ser realizadas até 28 de junho, na plataforma da UNA-SUS. O curso também está disponível em espanhol: Vigilancia y control de vectores de importancia en salud pública, com matrículas abertas até 31 de dezembro.

Os cursos são promovidos por meio da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES), da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) e da Universidade Aberta do Sistema Único de Saúde (Una-SUS).

Dengue: Casos Clínicos para Atualização do Manejo

O curso foi atualizado para contemplar o novo protocolo de manejo da doença, publicado pelo Ministério da Saúde em fevereiro de 2024. A qualificação perpassa por diferentes formas de apresentação de um paciente com dengue, contemplando distintos níveis de gravidade e perfis – adulto, criança, gestante. Com carga horária de 10 horas, o conteúdo é baseado na análise de oito casos clínicos. As inscrições vão até 28 de junho de 2024 e podem ser feitas na plataforma da Una-SUS. 

Vigilância e Controle de Vetores de Importância em Saúde Pública

A oferta educacional é voltada para profissionais das áreas de biologia, engenharia, medicina veterinária e zootecnia e demais interessados no tema. Com carga horária de 45 horas, a formação é dividida em cinco unidades: noções de vigilância entomológica e métodos de controle vetorial; biologia de insetos vetores;  classificação e formulação dos diversos grupos de inseticidas e resistência de insetos vetores aos produtos utilizados;  tecnologias de aplicação de inseticidas; e trabalhando com inseticidas: procedimentos de segurança, manejo e logística.

Com informações do Ministério da Saúde

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