Viver o presente – “um dia de cada vez” – é uma forma de moldar o futuro, olhar adiante e estipular o amanhã. A chegada do feriado de Finados, em 2 de novembro, desperta em muitas pessoas alguns pensamentos que, muitas vezes, até mesmo por uma questão cultural em nosso país, procuram manter bem distante: a finitude da vida. Mas, pensando bem, guardadas as crenças de cada um, será que a morte é mesmo o fim?

Para muitas pessoas, pode ser uma oportunidade de transformar aquela vida que se foi em uma árvore, curando a dor e a saudade e ressignificando o luto. Serviços de amparo funeral, como o criado pelo BioParque Brasil, em Belo Horizonte (MG), vêm se destacando por oferecer a possibilidade de dar um destino ecológico às cinzas resultantes da cremação de um ente querido, incorporando-as ao ciclo de vida de uma árvore.

Muitas iniciativas positivas têm sido criadas em todo o mundo para eternizar a memória daqueles que partiram, levando em conta os cuidados com o meio ambiente e a busca por uma lembrança exclusiva e especial. Sensível a este desejo, a empresa The Diamond, com sede no Paraná, desenvolveu uma linha de biodiamantes, que são joias produzidas a partir de cinzas de cremação, mechas de cabelo humano ou pelos de animais. 

Saiba mais sobre essas iniciativas, selecionadas pelo Portal Vida e Ação para este Dia de Finados:

Ipê amarelo representa o renascimento

BioParque: um novo conceito de eternizar memórias (Reprodução/Internet)

No Bioparque Brasil, as famílias podem escolher uma das espécies nativas disponibilizadas pela empresa: Ipê-amarelo, Pau-Brasil, Jacarandá, Acácia, Quaresmeira, Sibipiruna, Jequitibá -, para homenagear o ente querido que já se foi. Para a família da jovem Gabriela Rodrigues, que morreu em 2020, plantar um ipê com as cinzas dela é renascer de sua história de vida.

A conexão com a natureza trouxe leveza e acolhimento para todos familiares e, assim, identificamos o plantio do ipê amarelo, símbolo de força e vitalidade, como forma de ressignificar o luto. A Gabriela vive!”, afirma sua mãe, Flávia Rodrigues.

De acordo com Flávia, o luto foi um imenso obstáculo a ser superado, mas a decisão de contribuir para o projeto do Bioparque trouxe um novo sentido para a história de Gabriela. “Cada visita ao parque é muito agradável e nos abastecemos de energia. O local favoreceu um momento de paz e festa para brindarmos a chegada de um anjo”, conta a mãe de Gabriela.

Ela ressalta que a opção pelo Bioparque foi muito satisfatória. “A Gabriela vive entre nós, ela se manifesta na natureza por meio do ipê amarelo, plantado com suas cinzas e que cresce dia após dia e dará muitas flores. Quando vamos ao parque, além de ficar perto da nossa árvore, ficamos pertinho do céu, bem do lado da Gabriela, onde ela vive para sempre”, pontua Flávia.

Como funciona o processo?

‘Cemitério sustentável’ em BH: um novo conceito para ressignificar a morte (Foto: Divulgação)

As mudas selecionadas pelas famílias ficam em uma incubadora na sede do empreendimento, recebendo todos os cuidados necessários durante, aproximadamente, 24 meses. Depois desse período, as árvores são plantadas no Bioparque, em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, que conta com uma área de 1,5 milhão de m², às margens do Rio das Velhas e a 10 minutos do BH Shopping.

De acordo com Selma Capanema, do BioParque Brasil, a proposta vai muito além de criar uma alternativa ecológica para o mercado póstumo. “Buscamos sensibilizar a população com iniciativas socioambientais de valorização e preservação da natureza, e contribuir para a melhoria ambiental das grandes metrópoles”, diz a executiva.

A proposta da empresa de “oferecer soluções mais significativas e valorosas em um difícil momento de perda” se tornou uma alternativa rentável: o BioParque Brasil se fundiu ao Grupo Primaveras, formando um dos maiores grupos do setor funerário do País, sendo ainda o primeiro negócio 100% ESG no segmento funerário.

Uma mudança na percepção do luto

Para o BioParque Brasil, além de transformar as cinzas do ente querido em parte de um substrato preparado para o plantio de árvores, a iniciativa permite que milhares de famílias mudem a percepção sobre o luto, contribuindo para a construção de um parque que, no lugar de túmulos, esteja repleto de árvores que colaboram para a sustentabilidade da flora e da fauna locais.

Santo Agostinho, em suas reflexões sobre a morte, afirma que o momento não é o fim da vida e não transmite sentimentos de incerteza, desespero ou terror. Ele vê a morte como uma condição natural, como uma passagem ou uma transformação do estado da vida a um estado diferente, mas natural, que mantém sua continuidade com a existência terrena. “Aqueles que nos deixaram têm os olhos repletos de glória fixos nos nossos, que ficam repletos de lágrimas”.

Para a mãe de Gabriela, a experiência também harmonizou a fé da família em Deus. “Enxergamos a mão de Deus em tudo que nos cerca. Vemos Deus presente ali, na natureza. O propósito do grupo é algo abençoado”, diz Flávia.

Nova linha de diamantes feitos de cinzas de cremação

Mylena Cooper, CEO da The Diamond, explica que os biodiamantes s diamantes são produzidos sem nenhum outro elemento adicionado, como uma pedra natural. Eles são quimica, fisica e opticamente idênticos aos diamantes extraídos na natureza.

Os biodimantes são produzidos por meio de uma combinação entre pressão, temperatura e carbono em um laboratório. E como funciona? O carbono é submetido à alta pressão e a uma temperatura de até 1.500 ºC, transformando-se inicialmente em grafite e, depois, em cristais de diamantes.

Toda a análise e as etapas do processo são registradas. Os biodiamantes são feitos em ambientes controlados usando tecnologias avançadas que replicam as condições geológicas que formam diamantes naturais”, explica a empresária.

Segundo a empresa, os biodiamantes estão se tornando uma alternativa cada vez mais popular – as peças custam a partir de R$3,9 mil.. Para o futuro, a empresa aposta que a procura por diamantes laboratoriais seguirá crescendo. “ Nós esperamos um crescimento de pelo menos 50% em vendas nos próximos anos”, diz.

Entenda por que a cremação é ambientalmente sustentável

Cinerário Fênix, localizado no Memorial Parque Paulista em Embu das Artes (Foto: Divulgação)

A cremação é uma prática cada vez mais comum e aceita em todo o mundo, mas assim como outros temas relacionados, existem diversas dúvidas sobre o processo. “Além de ser considerado um método seguro e digno, também é uma opção ambientalmente sustentável e frequentemente mais econômica do que o sepultamento tradicional”, diz a gerente geral do Grupo MemorialCarmen Martins de Almeida.

Segundo ela, a técnica utilizada na cremação é a transformação do corpo em cinzas através da exposição a temperaturas extremamente altas. Geralmente acima de 1000°C, o procedimento é realizado em fornos especializados. No entanto, ainda existem muitos mitos ligados a este antigo rito mortuário.

Compreender o processo de cremação e esclarecer os mitos associados é crucial para tomar decisões informadas e respeitosas. “Isso garante que as escolhas feitas honrem adequadamente os desejos do falecido e atendam às necessidades da família de forma sensível e precisa”, conclui Carmen.

Para ajudar nesta explicação, a especialista reuniu cinco histórias comuns de se ouvir sobre cremação e, para desmistificar algumas das ideias equivocadas, apresenta uma visão detalhada e transparente sobre a cremação, explicando o por que são verdadeiras ou falsas.

1 – cremação é ambientalmente sustentável

Verdade: É considerado um processo ecológico, pois evita-se a contaminação do solo e lençol freático com resíduos nocivos ao meio ambiente. De acordo com a especialista, ainda é possível alocar as cinzas em uma urna ecológica e plantar para gerar uma árvore. Outras opções também são transformar em jóias, adereços, obras de arte, esculturas, armazenar em um cinerário ou espargir em um lugar simbólico.

2 – Não há restrições para uma pessoa ser cremada

Mito: Diferente do que muitos pensam, não é todo mundo que pode ser cremado logo após a morte. Antes de seguir para o processo, é necessário realizar uma série de protocolos. Dispositivos médicos implantados, como marcapassos e próteses, devem ser removidos para evitar riscos. Nos casos de mortes não naturais, por exemplo, pode ser exigida uma investigação policial, impedindo provisoriamente a liberação da cremação.

3 – O desejo de ser cremado deve ser comunicado às pessoas próximas

Verdade: Embora seja altamente recomendável que a vontade de ser cremado esteja expressa, seja por meio de um testamento ou de uma carta de intenção registrada em cartório, a cremação não depende exclusivamente disso. “É crucial que a vontade da pessoa seja comunicada aos familiares para evitar conflitos e assegurar que seus desejos sejam respeitados”, aconselha Carmen.

4 – É cremado mais de um corpo por vez

Mito: Um dos principais e mais conhecidos mitos envolvendo cremação é que mais de um corpo é queimado por vez. “Os crematórios realizam o procedimento individualmente de forma profundamente segura, tranquila e digna neste momento difícil para os entes queridos”, indica Carmen.

5 – O processo é rápido e sem formalidades

Mito: O processo de cremação envolve diversas etapas burocráticas. A especialista ressalta que, inicialmente, é necessário contratar uma empresa funerária para ajudar na obtenção de documentos, como a declaração de óbito assinada por dois médicos. A funerária também auxilia no registro do óbito e na escolha do crematório, garantindo que todos os requisitos legais e administrativos sejam cumpridos.

Com Assessorias

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