Dia desses as crianças do condomínio se juntaram para fazer a ‘Olimplay’, uma série de brincadeiras inspiradas nos Jogos Olímpicos. Fiquei com o coração na mão. Tempos atrás, brincando de pique esconde no play com os amiguinhos, minha pequena Maria Clara, de olhos fechados, bateu com a boca na pilastra e acabou quebrando uma parte do dente da frente. Logo o da frente. Ela chorou, ficou arrasada. Mas fazer o quê? Já tentamos reconstituir, mas caiu novamente. O jeito agora é esperar a composição dos dentinhos permanentes para buscar uma solução definitiva.

Assim como eu, muitas mães já passaram pelo drama de ver seus pequenos sofrer com lesões em brincadeiras ou atividades esportivas. E os dentes estão na linha de frente quando o assunto é peraltice. Com o espírito olímpico na cidade, que inspira a prática esportiva entre crianças,  adolescentes e também adultos é preciso estar ainda mais atento para prevenir riscos de danos à boca em caso de acidentes.

“Os dentes merecem proteção especial. É preciso proteger os dentes também quando as crianças e jovens andam de skate, patinetes, patins, bicicletas. A orientação também vale para os adultos, atletas ou não”, afirma a odontopediatra Vera Soviero, professora e coordenadora do curso de Odontologia da FMP/Fase, em Petrópolis (RJ).

Não há dúvida de que a prática de atividades físicas é fundamental para ter uma vida saudável. No entanto, estudos mostram que os atletas são 60 vezes mais propensos a traumas na cavidade oral, se não estiverem usando uma proteção. Estima-se que no Brasil, anualmente 1,5 milhão de lesões ocorrem durante a prática de atividades esportivas.

Por isso, o uso de protetores bucais deve ser sempre considerado. Na Rio 2016, já foram feitos até agora 354 protetores, um recorde em comparação à Olimpíada de Londres. O uso dos protetores bucais são mais comuns enter os atletas de judô, boxe, taewkondo, basquete e handebol.

“Na Olimpíada, é curioso que, em uma mesma equipe, uns usam protetor e outros não, assumindo os riscos”, destaca Vera. Segundo ela, as brincadeiras e atividades esportivas nas escolas são as horas mais críticas para os choques. Para Vera, o uso de protetor bucal poderia ajudar na defesa da boca.

“Outro dia, uma conhecida contou que a professora da filha acabou tirando um dente da criança, que ficou mole após uma queda no recreio. O complicado é que não era um dente de leite, como pensavam, mas sim um permanente. Falta preparo e orientação para que lidem com o problema nas escolas”, lembrou.

Dentistas alertam para a necessidade de usar protetores bucais
Dentistas alertam para a necessidade de usar protetores bucais (Foto: Divulgação)

Os diferentes tipos de protetores bucais

Existem alguns tipos de protetores bucais. Os protetores de acrílico são menos flexíveis que as moldeiras utilizadas no clareamento dental. Eles podem ser comprados em lojas de material esportivo ou confeccionados pelos dentistas, sob medida para cada pessoa.

Mario Groisman, mestre em Ciências Dentais pela Universidade de Lund, Suécia, e autor do livro ‘Reconstrução e Estética com Implantes’, afirma que o mais indicado é o customizado porque é feito pelo dentista especialmente para o paciente.

“Este modelo é o que garante o maior número de contatos entre o protetor bucal e os dentes do arco antagonista. Quanto maior o número de contatos, menor será o impacto entre maxila e mandíbula”, explica.

Segundo ele, o objetivo do protetor bucal é evitar lesões da estrutura maxilo facial, entre elas, danos aos tecidos moles, fratura de coroa, fratura de raiz, deslocamento de dentes e fratura de bases ósseas.

Além do customizado, há o protetor de estoque, que é comprado pronto para usar. “Porém, na maioria das vezes, não encaixa muito bem, pode ser volumoso e tornar a respiração difícil”, explica.

Também tem o modelo ferva e molde, encontrado em lojas de artigos esportivos, que se adapta ao formato da arcada do paciente, após ser amolecido em água fervida, mas como não é personalizado, propicia uma salivação excessiva. “A desvantagem desse modelo é não possuir espessura de material suficiente para garantir uma efetiva proteção contra golpes mais potentes”, explica o especialista.

Ele finaliza com uma recomendação: “Pratique esportes, sem esquecer de proteger o seu sorriso. Consulte seu dentista regularmente, e avalie com ele a sua necessidade de se exercitar com proteção”.

 

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