Epicentro da doença na América Latina, o Brasil se tornou o segundo país com mais infecções em todo o globo, atrás apenas dos Estados Unidos (1,8 milhão de casos). O país registrou nesta terça-feira (2 de junho) um novo recorde diário de mortes em decorrência do coronavírus, com a contabilização de mais 1.262 óbitos, o que eleva o total no país para 31.199, informou o Ministério da Saúde. Já são mais de 555.383 casos confirmados do novo coronavírus no Brasil. Desse total,  223.638 pacientes foram recuperados.

O governo federal anunciou, nesta terça-feira (2), a participação do Brasil no projeto Acelerador de Vacina (ACT Accelerator), iniciativa internacional para produção de vacina, medicamentos e diagnósticos contra o novo coronavírus. O projeto conta com a adesão de mais de 44 países, empresas e entidades internacionais, incluindo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

“Decidimos que o Brasil vai entrar no chamado acelerador de vacinas, que é um projeto aí de vários países e empresas privadas que estão buscando investir e trabalhar em conjunto para o desenvolvimento de uma vacina para o Covid-19”, informou o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, após participar de uma reunião, no Palácio do Planalto, para encaminhar a adesão do Brasil.

Ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Marcos Pontes destacou a competência internacionalmente reconhecida do Brasil no desenvolvimento e produção de vacinas e a qualificação dos pesquisadores brasileiros. Segundo ele, a expectativa é de que o país, participando dessa iniciativa, possa ter acesso mais rápido à futura vacina contra o vírus. “O Brasil é um país que tem uma competência no desenvolvimento de vacinas, a capacidade de nosso pesquisadores e cientistas é reconhecida internacionalmente, assim como a capacidade produção de vacinas”, explicou.

O governo infirmou que a Bio-Manguinhos, unidade produtora de imunobiológicos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), é uma das instituições com capacidade de produzir a vacina no futuro. Além de participar do acelerador de vacina, o ministro Ernesto Araújo informou que o país também estabelecerá cooperação bilateral com outros países que desenvolvem estudo na área.

Sistemas de saúde estão sobrecarrregados na América Latina

A pandemia de coronavírus ameaça sobrecarregar os sistemas de saúde na América Latina, enquanto diversos países europeus iniciam nesta terça-feira (02/06) o retorno a uma relativa normalidade. Dos 10 países com maior número de infecções diárias de Covid-19, quatro são latino-americanos: Brasil, Peru, Chile e México, segundo afirmou o diretor de Emergências sanitárias da Organização Mundial de Saúde (OMS), Michael Ryan.

“Eu certamente caracterizaria que a América Central e do Sul, em particular, se tornaram as zonas intensas de transmissão para esse vírus. Não acredito que tenhamos chegado ao ponto alto dos contágios [na América Latina] e, no momento, não se pode prever quando será alcançado”, afirmou.

O México, país de 120 milhões de habitantes, já tem mais de 93 mil casos confirmados e ultrapassou nesta terça-feira o total de 10 mil mortes. Mesmo assim, o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, anunciou nesta segunda-feira a retomada gradual das atividades da indústria automobilística e dos setores da mineração e construção civil.

“Precisamos apoiar especialmente as Américas Central e do Sul”, ressaltou Ryan, alertando para a instabilidade em vários países nessas regiões, com um grande aumento dos casos e uma forte pressão sobre os sistemas de saúde.

O Peru, com 33 milhões de habitantes, é um dos que está sob forte risco. Segundo o Ministério da Saúde local, o país já superou 170 mil casos da doença e contabiliza mais de 4,6 mil mortes.

O Equador, com 3,6 mil mortes e mais de 39 mil casos, decidiu reiniciar os voos comerciais domésticos e reduziu o toque de recolher de 15 para 11 horas. Por sua vez, o governo de Honduras dividiu o país em três zonas, de acordo com os índices de incidência do vírus, para possibilitar o que chamou de reabertura inteligente e gradual.

No Chile, com 1,1 mil mortos e 100 mil infecções, as restrições impostas para diminuir a propagação da doença resultaram em uma retração econômica de 14,1% em abril, em comparação ao mesmo mês do ano anterior. Este é número o mais baixo desde o início dos registros, segundo informou o Banco Central do país.

Europa reabre, apesar do medo da “segunda onda”

O panorama na América Latina contrasta com o que se vê na Europa, onde foram registradas 180 mil mortes e mais de 2,1 milhões de casos. Após quase três meses de medidas de confinamento impostas na maior parte do continente, os países começam a adotar medidas de relaxamento e de reabertura econômica em muitos setores.

A Espanha, país que teve mais de 27 mil mortos e quase 240 mil casos, não registrou nenhuma nova morte nas últimas 24 horas. O país, porém, impôs algumas das medidas de confinamento mais rígidas em todo o mundo, deixando a grande maioria da população em confinamento.

Mesmo que as viagens entre os países europeus ainda não sejam permitidas – o que deve ocorrer a partir de 15 de junho – os locais turísticos mais importantes da Europa começam a reabrir. Nesta terça-feira, foi a vez do Museu Guggenheim em Bilbao e do mercado Grande Bazar em Istambul, com mais de 3 mil barracas e 30 mil comerciantes.

O Coliseu de Roma foi iluminado com as cores da bandeira italiana para marcar a reabertura ao público. O imponente anfiteatro romano recebeu em torno de 300 visitantes que fizeram reservas online, uma cifra bem inferior aos 20 mil que o local costumava receber todos os dias.

Mesmo assim, o governo italiano espera que a reabertura dos monumentos históricos possa ajudar a dar novo impulso ao setor do turismo, extremamente abalado pela epidemia de Covid-19 que matou mais de 33 mil pessoas.

A França, onde a pandemia deixou quase 30 mil mortos, deu início à segunda fase do plano de reabertura, com a permissão para viagens domésticas de até 100 quilômetros de distância e a retomada das atividades em restaurantes e cafés, ainda que com limitações.

Além disso, após a reabertura de parques e jardins em toda a França neste sábado, as praias, museus, monumentos, zoológicos e teatros podem voltar a funcionar nesta semana.

No Reino Unido, as escolas reabrem para alunos de 4 a 6 anos e de 10 a 11 anos, apesar das críticas de professores, sindicatos e governos locais, que julgam a medida como apressada. O país, que já soma mais de 38 mil mortos pela doença, registrou 111 novos óbitos nesta segunda-feira, sendo esta a menor contagem diária desde o início das medidas de confinamento.

Apesar dos temores quanto a uma segunda onda da doença, a normalização também avança na Finlândia (reabertura de restaurantes, bibliotecas e outros lugares públicos), Grécia (jardins de infância e escolas primárias), Romênia (cafés, restaurantes e praças), com medidas semelhantes adotadas na Albânia, Noruega e Portugal.

Com Agências

Shares:

Posts Relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *