Em sua recente participação no programa “Vai Fernandinha”, a atriz Claudia Raia revelou em entrevista à Fernanda Souza que ainda na juventude foi diagnosticada com melanoma, um tipo de câncer de pele. A descoberta aconteceu ao acaso, quando o apresentador Jô Soares, então namorado de Claudia, percebeu uma pinta suspeita na perna dela e a convenceu a buscar aconselhamento especializado. Após a retirada da pinta e confirmação do diagnóstico de tumor maligno, ela foi ainda submetida a uma segunda cirurgia para ressecção completa da área, por conta do comprometimento do tecido que ficava em volta do melanoma.

Os cânceres de pele são os mais incidentes no Brasil, representando cerca de 30% de todos os casos da doença – um número que chega a 180 mil novos casos por ano, segundo dados do Inca (Instituto Nacional de Câncer). O melanoma corresponde a 4% deste total, mas, apesar de ser um dos tipos de tumores que afetam o órgão com menor prevalência entre a população, é considerado grave e com grande potencial metastático. Entretanto, a chance de cura é de mais de 90% se houver diagnóstico precoce, como foi o caso da atriz.

claudia-raia-revela-cancer-de-pele2
Claudia teve o problema quando ainda namorava Jô Soares. Foi ele quem desconfiou e alertou a atriz sobre pinta suspeita (Foto: Arquivo TV Globo)

Esse tipo de tumor surge por conta do crescimento anormal dos chamados melanócitos, células que produzem a melanina, dando cor e pigmentação à pele. Pessoas de pele clara, cabelos claros e sardas são mais propensas a desenvolver o câncer de pele. A idade é um fator que também deve ser considerado, pois quanto mais tempo de exposição da pele ao sol, mais envelhecida ela fica. Evitar a exposição excessiva e constante aos raios solares sem a proteção adequada é a melhor medida – e isso vale desde a infância. Vale lembrar que, mesmo áreas não expostas diretamente ao sol e menos visíveis – como o couro cabeludo – podem apresentar manchas suspeitas.

Avaliação de dermatologista

De acordo com Bernardo Garicochea, oncologista e especialista em genética da unidade do Grupo Oncoclínicas em São Paulo – Centro Paulista de Oncologia (CPO) -, é importante a avaliação frequente de um dermatologista para acompanhamento das lesões cutâneas. “As alterações a serem avaliadas como suspeitas são o que qualificamos como ‘ABCD’- Assimetria, Bordas irregulares, Cor e Diâmetro. A análise da mudança nas características destas lesões é de extrema importância para um diagnóstico precoce”.

Além dos cuidados gerais indicados a toda a população quando o assunto é câncer de pele, o que inclui o uso do protetor solar e atenção ao período de exposição solar prolongada, pessoas com propensão a desenvolver o melanoma devem estar constantemente mais atentas, pois ele pode surgir em áreas difíceis de serem visualizadas.

“Uma lesão aparentemente inocente pode ser suspeita aos olhos do médico. Métodos diagnósticos auxiliares, como biópsia e dermatoscopia*, podem ser indicados. Além disso, pacientes que já tiveram um tumor de pele diagnosticado estão sob maior risco de apresentar uma recidiva, e devem ser submetidos a exames dermatológicos periódicos”, diz o médico.

A dermatoscopia é um método que utiliza o dermatoscópio, espécie de microscópio que aumenta a imagem da pele em 10 a 70 vezes e permite a visualização das estruturas cutâneas sem nenhum corte ou desconforto. As imagens colhidas ficam em computador e são regularmente comparadas a cada visita médica.

Novos tratamentos dobram chances de cura

O melanoma é o tipo de câncer que apresenta o maior número de mutações genéticas no DNA do tumor. Essas mutações podem confundir o sistema imunológico do paciente e dificultar a ação de terapias tradicionais. Por isso, a imunoterapia é uma das grandes aliadas no tratamento da doença.

“A Imunoterapia é o tratamento que promove a estimulação do sistema imunológico por meio do uso de substâncias modificadoras da resposta biológica. Em resumo, trata-se de um grupo de drogas que, ao invés de mirar o câncer, ajuda as nossas defesas a detectá-lo e agredi-lo”, explica o Dr. Bernardo.

Teste genético pode detectar o problema

De acordo com ele, 3% dos melanomas são hereditários. Nesses casos, há um teste genético capaz de identificar se há predisposição genética ao melanoma. O teste coleta uma amostra de saliva ou sangue para detectar a presença de genes ligados à doença.

Já para quem não conta com um histórico ou indicação que justifique a realização do exame específico de analise do DNA, o Dr. Bernardo recomenda que, em especial para áreas em que há mais dificuldade de visualização, seja solicitado a um familiar ou conhecido um apoio para a avaliação dos sinais existentes no corpo.

Pontos de atenção

Muitas das pintas suspeitas surgem nas costas e pescoço, lugares de difícil visualização. “Por isso é muito importante também estar atento a manchas que surjam sob as unhas, na palma das mãos e planta dos pés”, afirma o especialista do Grupo Oncoclínicas. Ele indica alguns pontos de atenção que podem indicar propensão à doença:

  • Pessoas que possuem uma grande quantidade de pintas escuras espalhadas pelo corpo;
  • Incidência de melanoma em algum parente muito jovem (menos de 35 anos);
  • Mais de dois casos de melanoma na família (em qualquer idade)

Fonte: CPO, com Redação

Shares:

Related Posts

2 Comments
  • Avatar Carina Flosi
    Carina Flosi
    20 de dezembro de 2021 at 20:19

    Uma das matérias mais completas sobre o assunto! Parabéns pela apuração.

    Reply

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *