Com as chuvas fortes e constantes do mês de janeiro e as altas temperaturas, cresce a preocupação dos municípios com o aumento da proliferação do mosquito Aedes aegypti. Afinal, o verão é a época favorável para a propagação de doenças como a febre pelo vírus zika, a febre chikungunya e a dengue, todas transmitidas pelo mosquito. É que o calor e as chuvas formam um ambiente favorável para que o inseto se desenvolva.
Com os temporais típicos de verão há um aumento de criadouros e os ovos aparecem rapidamente devido às altas temperaturas”, explica João Prats, infectologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
O coordenador do Centro de Controle de Zoonoses de Macaé, Flávio Paschoal, lembra que o ciclo de reprodução do Aedes aegypti pode variar de 5 a 10 dias, passando pela fase larvária até chegar à forma adulta. A fêmea do mosquito deposita seus ovos na parede interna dos reservatórios e estes podem sobreviver por aproximadamente um ano. Ele explica que logo que o ovo entra em contato com a água, ele eclode e inicia o ciclo.
Por isso, a melhor forma de combater o vírus é eliminando os criadouros onde possam ser encontrados focos do mosquito. E para isso é necessário evitar o acúmulo de água parada em quintais, pneus velhos, garrafas e manter sempre fechadas as caixas d’água. É também fundamental vistoriar dentro de casa e nos quintais é fundamental para eliminar possíveis focos.
O medo do mosquito cresce no verão especialmente por parte das grávidas. Além de eliminar os focos, as gestantes devem passar repelentes e usar camisinha, mesmo que o parceiro não apresente sintomas da doença.
Segundo o infectologista, não há um tratamento específico para pacientes diagnosticados com dengue, doença cujos sintomas são semelhantes aos de uma gripe. “O recomendado é que, ao identificar os sinais como manchas vermelhas pelo corpo, dor de cabeça, dores musculares intensas e falta de apetite, a pessoa procure imediatamente a ajuda de um profissional”, afirma João Prats.

Risco é ainda maior para as grávidas

Renato Sá, chefe do setor de obstetrícia e medicina fetal e coordenador do Centro de Cirurgia Fetal e Neonatal (CCFN) da Perinatal, explica que no caso da zika, além do risco de microcefalia, o maior receio dos especialistas é a Síndrome da Zika Congênita, ou seja, a infecção na gestante causa outras alterações cerebrais posteriores. “Mesmo meses após o nascimento, podem se manifestar diversas lesões neurológicas, como calcificações no cérebro, convulsões e até problemas em outros órgãos”, explica o médico.

A maior característica da doença é a vermelhidão no corpo. No entanto, o mais perigoso é o fato de que 80% dos casos são assintomáticos. A mãe pode não saber que está infectada ou o marido não apresentar sintomas e a infectar por transmissão sexual. “Ainda não temos conhecimento das sequelas para a mãe. Sabemos ainda pouco a respeito de problemas no longo prazo. As viroses tendem a ser auto-imitadas, geralmente não deixam sequelas depois de terminada a fase aguda da doença, há menos que haja alguma complicação”, pontua Dr. Sá.

Mesmo a já conhecida dengue também pode ser perigosa para gestantes. O que a difere das outras doenças transmitidas pelo mosquito é a dor no corpo e a diminuição na contagem de plaquetas, podendo causar hemorragia. “Algumas mães tiveram lesões na placenta por conta das reações inflamatórias fortes causadas pelo vírus. Isso causou problemas no feto, como edemas e sequelas no crescimento do bebê”, conta o médico. Segundo ele, mesmo quem já teve a enfermidade, pode voltar a sofrer, pois existem vários sorotipos diferentes de dengue e a doença pode voltar a se manifestar.

Similar à dengue, a febre amarela apresenta o mesmo quadro viral. De acordo com o médico, a doença não causa grande risco se for rapidamente controlada: “É uma patologia que preocupa menos, pois precisa da proximidade com o agente contaminante, no caso, o macaco, uma vez que o surto é da febre amarela silvestre.

O controle também é melhor e mais fácil por existir uma vacina específica para ela, apesar de optarmos por vacinar apenas pacientes em áreas endêmicas, pois há riscos relacionados à vacinação. No entanto, ainda não se sabe muito sobre suas consequências durante a gravidez, importante ressaltar que algumas pessoas apresentam a forma grave com complicação e lesão de vários órgãos. Este quadro na grávida pode ser muito grave”.

O ano também será de maior preocupação com a chikungunya. “Uma das preocupações é a insuficiência respiratória em mulheres grávidas, uma complicação desta virose. O que difere a chikungunya dos outros vírus é a dor nas articulações, que pode perdurar até seis meses após o surto”, explica Dr. Sá.

Cuidados após as chuvas

A prevenção ainda é a melhor maneira de combater o vírus. Cerca de 80% dos focos do Aedes estão dentro das residências. Por isso, este é o momento de todos reforçarem o cuidado com água acumulada e destinarem um tempo para limpeza dos quintais no combate aos possíveis criadouros

Para controlar a proliferação do mosquito, a orientação é manter os quintais sempre limpos, recolher, eliminar ou guardar longe da chuva todo objeto que possa acumular água, como pneus velhos, latas, recipientes plásticos, tampas de garrafas, copos descartáveis, entre outros. O lixo doméstico deve ser acondicionado em sacos plásticos e descartado adequadamente, em depósitos fechados.

Depois da chuva, é recomendado fazer a vistoria no quintal e na casa para eliminar a água acumulada sobre lajes, calhas, tanques, pratinhos de vasos de planta. Baldes, potes, bacias, e outros recipientes que guardam a água de beber e para outros usos domésticos, assim como a caixa d’água, devem ser mantidos limpos e fechados para evitar o risco de proliferação do mosquito.

“É importante cuidar da limpeza da casa, principalmente do quintal, tomar cuidado para não deixar destampados recipientes que possam acumular água parada e adotar o uso de repelentes ao longo do dia”, esclarece o médico.
Em Macaé, a Secretaria de Saúde vem intensificando as ações de prevenção e combate com visitas nos bairros e distritos. “Encontramos em muitos bairros, pessoas armazenando água em tonéis, mas para evitar a proliferação do mosquito é preciso que o depósito esteja fechado adequadamente, evitando que os recipientes se tornem criadouros do Aedes”, frisou Flávio Paschoal.
Diariamente eles percorrem a cidade fazendo visitas para eliminar focos do mosquito e conscientizar a população. Mas, a vigilância de cada morador em seu próprio quintal deve ser constante. Além das visitas domiciliares, os agentes atuam em pontos estratégicos como borracharia, ferro velho, cemitérios e empresas. Eles fazem inspeção, aplicação de inseticida de ação residual através de bombas aspersoras e orientação nos bairros.

Com Assessorias

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