Rio pode ter 140 mil infectados pelo novo coronavírus

Secretário estadual de Saúde alerta para déficit de 28 mil leitos e profissionais e admite ‘lockdown’ para barrar contágio. Medidas restritivas vão até dia 11 de maio no estado

O secretário de Estado de Saúde, Edmar Santos, na inauguração de novos leitos na rede estadual (Foto: Maurício Bazílio/SES)
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O Estado do Rio de Janeiro caminha cada vez mais rápido para um colapso total na saúde nos próximos 15 dias, a exemplo do que países ricos já enfrentaram, como Itália, Espanha e Estados Unidos. O alerta foi feito pelo secretário de estadual de Saúde Edmar dos Santos, ao prever que hoje existam em todo o Estado do Rio pelo menos 140 mil infectados pelo novo coronavírus –  de 15 a 20 vezes mais o número de confirmações, que chegou a 8.869 casos e quase 800 mortos nesta quarta-feira (29/4). A questão, segundo ele, é de matemática simples: uma conta que não fecha.

Santos calcula que, a partir da estimativa de casos reais, seriam necessários 28 mil vagas para internações de enfermaria, sendo mais 7 mil em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Segundo ele, mesmo com a abertura de oito hospitais de campanha no Estado a partir da semana que vem, o que deve elevar a capacidade para 3,4 mil leitos, haverá mais pacientes do que vagas nos hospitais entre meados de maio e o começo de junho. Hoje há cerca de 1 mil pessoas aguardando vagas em enfermaria e dessas, cerca de 300 precisam de UTI.

Mas não é só a falta de leitos que assusta. Não será possível atender a todo esse contingente de pacientes, devido à falta de equipamentos necessários – respiradores, principalmente – e também de profissionais de saúde para atuar na linha de frente no combate à Covid-19. “Você não consegue formar médico, enfermeira nem fisioterapeuta da noite para o dia. Falta porque infelizmente muitos adoecem nesse processo”, explicou em entrevista ao programa Bom Dia Rio, da TV Globo.

A gente vai ter um período em que vamos andar com essa lotação (3,4 mil leitos) próxima de 100%, mas conseguindo adequar por conta dos novos leitos. Mas em algum momento chegaremos ao teto de leitos. E a partir daí, a gente terá sim um desequilíbrio entre demanda e oferta.Vamos tentar um esforço para mais (leitos), mas provavelmente fracassaremos porque não vão ter recursos humanos para fechar essa conta”, disse o secretário.

Ao destacar a necessidade de frear o aumento no número de casos de coronavírus, ele voltou a defender um isolamento social mais duro e chegou a cogitar a adoção de um lockdown (bloqueio total) como tática para conter o avanço da pandemia no estado. Para Santos, a união entre os governos federal, estaduais e municipais é, neste momento, a única saída para o reforço do isolamento.

Se não frearmos a curva, enfrentaremos um caos em maio, um segundo caos em junho, até que, por não ter mais como contaminar novas pessoas com gravidade, a epidemia comece a ceder por conta própria. Então é preciso que se faça um movimento adicional neste momento grande. Mas tem que ser integrado. É preciso sentar todo mundo junto na mesma cadeira e resolver uma estratégia integrada. Ou a gente vai agir como nação neste momento ou a gente não vai conseguir.

É humanamente impossível para qualquer sistema de saúde no mundo (lidar com tantos casos de coronavírus). A Itália não conseguiu, a Espanha não conseguiu, os Estados Unidos não conseguiram. Depois que a epidemia chega a esse vulto, (é impossível que) você consiga fazer uma adequação de leitos e necessidade”, disse o secretário.

Nomeados 104 profissionais de saúde aprovados em concurso público – O Governo do Estado publicou nesta quinta-feira (30/04) no Diário Oficial a nomeação de 104 profissionais de saúde aprovados em concurso público para o Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) e a Policlínica Piquet Carneiro (PPC). A PPC é o maior posto de assistência médica da América Latina, contando com 23 especialidades médicas, apoio diagnóstico/terapêutico e atendimento médio de 30 mil pacientes por mês. As duas unidades são ligadas à Uerj,  vinculada à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI).

Medidas de isolamento

O estado e o município do Rio de Janeiro prorrogaram as medidas de isolamento social impostas por causa da pandemia do novo coronavírus. Os dois decretos foram publicados nesta quinta-feira (30) nos diários oficiais do município e do estado. O governador Wilson Witzel prorrogou, até o próximo dia 11 de maio, as medidas de prevenção e enfrentamento à propagação do novo coronavírus no estado. Já o prefeito Marcelo Crivella prorrogou as medidas até o dia 15 de maio.

Em todo o Estado do Rio, ficam mantidas medidas como o fechamento de escolas públicas e privadas, creches e instituições de ensino superior e, ainda, a suspensão da realização de eventos esportivos, culturais, shows, feiras científicas, entre outros, em local aberto ou fechado. Também segue suspenso o funcionamento de cinemas, teatros e afins. Academias, centros de lazer e esportivos e shoppings também devem permanecer fechados. A recomendação para que a população fluminense não frequente praias, lagoas, rios e piscinas públicas e clubes segue válida para todo o estado.

Somente serviços essenciais – supermercados, açougues, padarias, lanchonetes, hortifrutis, farmácias e lojas de conveniência – devem permanecer funcionando, porém devem seguir com todas as medidas de segurança para evitar aglomerações, além do cumprimento do distanciamento entre as pessoas.

Em caso de descumprimento das medidas previstas, as autoridades competentes deverão apurar as eventuais práticas de infrações administrativas e crimes previstos. Os demais tipos de comércio terão que realizar atendimento em domicílio.

Rio vai testar imunidade ao novo coronavírus

A Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES) iniciou nesta quinta-feira (30) uma pesquisa sobre imunidade da população para o novo coronavírus, que causa a covid-19. Serão testados pacientes assintomáticos da doença que forem atendidos na rede estadual de saúde da Região Metropolitana.

Os testes rápidos serão feitos com amostra de sangue, para verificar a presença de anticorpos desenvolvidos em resposta à infecção. O teste permite identificar tanto os anticorpos da fase aguda da doença, o IgM, como o de memória, o IgG, presente em pessoas que tiveram uma infecção prévia pelo vírus.

Serão testadas um total de 1.800 pessoas. De acordo com a SES, a presença do IgG indica que o paciente já teve Covid-19 e possivelmente está protegido. Quem testar positivo para IgM não é considerado imunizado e deve estar com o vírus ainda ativo no organismo.

A coleta de amostras será feita até o dia 15 de maio, mediante autorização dos pacientes. Eles receberão o resultado dos exames ainda durante o atendimento nas unidades de saúde. Segundo a SES, estima-se que a maior parte das pessoas contaminadas pelo coronavírus em todo o mundo não apresenta sintomas.

O secretário de Estado de Saúde, Edmar Santos, afirma que a pesquisa é importante para nortear as políticas públicas de combate do coronavírus, já que as pessoas que são contaminadas pelo vírus não desenvolvem os sintomas da covid-19 são “uma realidade difícil de dimensionar”. Porém, a informação é fundamental para identificar o perfil epidemiológico da doença no estado.

“Os indicadores também vão reforçar nossa recomendação de isolamento social. Pessoas saudáveis em áreas epidêmicas podem estar infectadas e contaminando outras, mesmo sem saberem. Num segundo momento, vamos correlacionar a prevalência do vírus no estado com fatores demográficos e socioeconômicos para direcionar estratégias personalizadas para cada região”, disse o secretário.

Caixa poderá atender presencialmente na cidade do Rio

No Diário Oficial do Município, foi publicado um decreto modificando o Decreto 47.282, de 21 de março, que “determina a adoção de medidas adicionais, pelo município, para o enfrentamento da pandemia do novo coronavírus”. Foi incluída uma ressalva para que a Caixa Econômica Federal possa fazer atendimento presencial em unidades indicadas até o dia 15 de maio. O prazo anterior era 20 de abril.

A medida vale para o atendimento de pessoas do grupo de risco para a Covid-19, que são as com 60 ou mais anos, gestantes, com mobilidade reduzida ou que tenham doenças crônicas como asma, hipertensão arterial e diabetes. O atendimento a elas deve ocorrer entre 8h e 10h. Os decretos da prefeitura não trazem prazo para o fim da adoção das medidas gerais de combate à pandemia.

 

Com Assessorias

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